Dificilmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai permitir que o senador Carlos Fávaro (PSD) concorra nas eleições para governador de Mato Grosso em 2026. De acordo com o presidente do Partido dos Trabalhadores no estado, Valdir Barranco (PT), ter Fávaro atuando no Senado Federal é essencial para que Lula consiga uma boa articulação com os parlamentares, e o presidente brasileiro sabe disso.
“O Fávaro, eu acho que é um nome que o presidente Lula dificilmente vai deixar que concorra ao governo [de Mato Grosso], porque é importante que ele vá ao Senado para garantir essa vaga no Senado. O Lula precisa de senadores. Ele está fazendo todo um trabalho para estruturar as chapas para o Senado. Provavelmente nós vamos buscar outro nome [para disputar o governo]”, disse Valdir Barranco.
Desde novembro de 2024, o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, já havia descartado a possibilidade de se candidatar ao governo de Mato Grosso em 2026. O objetivo de Fávaro é disputar a reeleição e continuar no Senado Federal, de onde ele está licenciado para ocupar o ministério.
Enquanto isso, o Partido dos Trabalhadores vem buscando construir um arco de alianças para ter um nome forte na disputa pelo Executivo Estadual no próximo ano. Até o momento, o único nome lançado é o do ex-prefeito de Rondonópolis e ex-deputado estadual José Carlos do Pátio (PSB), que já está percorrendo os municípios do interior para buscar musculatura política.
No entanto, nos bastidores, o nome da ex-deputada federal Rosa Neide (PT), que atualmente exerce o cargo de diretora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também é cogitado dentro do PT. Ela já foi citada por alguns correligionários e deve disputar a presidência do partido em Mato Grosso.
O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) também tem o nome cogitado tanto para o Senado quanto para o governo, mas o parlamentar tem negado qualquer articulação nesse sentido.
Evitando erros do passado
Barranco sabe que, nas eleições de 2022, a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB) cometeu um erro muito grave: não conseguiu construir uma chapa forte para deputado federal. Isso ficou evidente quando, na apuração dos votos, foi constatado que Rosa Neide, mesmo sendo a candidata mais votada de Mato Grosso, com mais de 124 mil votos, não conseguiu se eleger devido ao quociente eleitoral.
Acontece que, da chapa para deputado federal, Rosa foi a única que obteve uma boa votação, enquanto os outros candidatos não conseguiram fazer com que a chapa alcançasse os 216.284 votos do quociente daquele ano.
Em 2026, o objetivo do PT é construir uma chapa forte o suficiente para garantir ao menos um representante do grupo na Câmara dos Deputados.
“Vamos organizar, não depende somente de nós. O que aconteceu nas eleições de 2022 não foi em função do PT, mas da nossa federação. Infelizmente, nomes que nós achávamos que teriam uma votação expressiva, como do PV, por exemplo, tiveram um desempenho frustrante. Agora, temos que trabalhar para que isso não aconteça. A gente não sabe se vai ter federação, porque ela acaba em maio do ano que vem. Eu até falei com a Gleisi [Hoffmann] e ela disse: ‘Eu acho mais fácil ampliar com outro partido do que acabar’. Então, depende desse desenho para que possamos ter nomes de outros partidos. Dentro do PT, já estamos construindo candidaturas que possam garantir a eleição de uma cadeira”, disse Barranco.
(Leiagora)