Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos e da Espanha identificou o fóssil de uma nova espécie voadora que habitou a região sul dos Montes Apalaches, nos Estados Unidos, há aproximadamente 4,7 milhões de anos. E, ao contrário do que muitos podem imaginar, não se trata de uma ave, mas sim de um esquilo gigante. A descoberta está em estudo publicado no dia 21 de fevereiro no Journal of Mammalian Evolution.
O esquilo, que recebeu o nome de Miopetaurista webbi, foi descoberto no Gray Fossil Site, um importante sítio paleontológico localizado no estado do Tennessee, nos Estados Unidos. A identificação do fóssil como pertencente ao gênero Miopetaurista surpreendeu os cientistas, uma vez que esse gênero era exclusivo da Eurásia, abrangendo uma área que ia de Portugal até a China — nunca tendo sido registrado na América do Norte.
Exemplares de esquilos planadores já haviam sido identificados no continente asiático. Os parentes mais próximos do M. webbi vieram da Indonésia e Japão.
Lacuna fóssil
Descobertas em sítios na América do Norte revelaram fósseis de esquilos voadores datados do Eoceno Superior (56 a 33,9 milhões de anos atrás). Posteriormente, esses animais desapareceram do registro fóssil local durante o Mioceno Superior (aproximadamente 9 milhões de anos atrás), ressurgindo nas eras do Plioceno e Pleistoceno (5,3 e 2,6 milhões de anos atrás).
“Houve alguns relatos incertos [de esquilos planadores] da Flórida, mas o espécime do Gray Fossil Site forneceu novas informações e ajudou a confirmar que, de alguma forma, esses esquilos voadores gigantes cruzaram a Ponte Terrestre de Bering ao lado de outros mamíferos há cerca de 5 milhões de anos”, conta Isaac Casanovas-Vilar, do Institut Català de Paleontologia em Barcelona, na Espanha, em comunicado.
A Ponte Terrestre de Bering foi um possível um caminho pelo qual humanos e diversos animais chegaram à América do Norte vindo da Ásia, atravessando uma faixa de terra que se estendia da Sibéria até o Alasca.
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Ao alcançarem os Montes Apalaches, essas espécies se depararam com um ambiente muito mais quente e com florestas tropicais. Essas condições climáticas favoreceram sua dispersão pelas densas e úmidas florestas, graças à sua grande agilidade.
Com a chegada de uma Era Glacial, esse cenário mudou. “À medida que o clima esfriava ao longo do tempo, as Eras Glaciais do Pleistoceno levaram ao isolamento desses esquilos voadores gigantes em refúgios mais quentes como a Flórida, e, por fim, contribuíram para sua extinção”, diz Montserrat Grau-Camats, do Institut Català de Paleontologia em Barcelona.
Embora fossem consideravelmente maiores do que um esquilo comum, os Miopetaurista webbi eram bastante leves, pesando apenas 1,3 kg. “É incrível imaginar esses esquilos voadores gigantes planando sobre rinocerontes e mastodontes que viviam nas florestas do Tennessee há 5 milhões de anos”, observa Joshua Samuels, do Departamento de Geociências da East Tennessee State University, nos Estados Unidos.
(Por Redação Galileu)