De moeda a escultura de macaco: obra em igreja revela 1000 itens arqueológicos

Os artefatos estavam a 40 centímetros do solo, e foram descobertos após a remoção do piso de madeira original da igreja em uma área de 145 metros quadrados. A Igreja de Santa Maria, inicialmente construída no estilo gótico, se destaca por seu amplo salão com tetos altos e abobadados, além de seus grandes vitrais. Ao longo dos anos, a construção passou por diversas reformas e restaurações para manter sua estrutura até a atualidade, preservando aspectos originais de sua arquitetura ao mesmo tempo que integrava novos elementos.

Com o apoio de voluntários, foram recuperadas 679 moedas e fragmentos de moedas corroídos pela ação do tempo. Além disso, surgiram objetos como contas de colares, alfinetes, ossos de animais, cerâmica, ferragens metálicas, fechos de livros, fragmentos de vidro, pregos, plantas e utensílios pessoais do cotidiano, como uma pinça. No entanto, o achado que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi uma pequena figura de macaco, de cerca de 8 centímetros de altura, feita de bronze e chumbo.

A escultura foi restaurada e estudada pela equipe, que se perguntava sobre seu significado e interpretação. Não ficou claro se ele possuia chifres ou carregava um instrumento de sopro, como uma corneta. “Representações de macacos não são incomuns em igrejas. Eles se divertem com jogos de tabuleiro, tocam música, imitam os humanos ou estão presos em ramos e laços”, escreveram os pesquisadores, em comunicado. “Eram considerados seres demoníacos e, ao longo do final da Idade Média, passaram a ser vistos como um reflexo e caricatura do ser humano pecador e vicioso.”

Apesar da falta de clareza sobre o significado da figura, os pesquisadores celebraram as descobertas com uma exposição intitulada “Perdido e Encontrado”, em 2023, onde uma seleção dos itens encontrados foi exibida ao público em cinco vitrines. Para os arqueólogos, essa descoberta destaca ainda mais a relevância das pesquisas arqueológicas e das restaurações de monumentos históricos na região.

“Os trabalhos na Igreja de Santa Maria em Gardelegen ressaltam novamente a grande importância do envolvimento voluntário na preservação do patrimônio arqueológico”, complementaram os pesquisadores. “Saxônia-Anhalt possui uma rede densa de colaboradores voluntários, que, em coordenação com o Escritório Estadual para Gestão do Patrimônio e Arqueologia de Saxônia-Anhalt, realizam tarefas específicas de preservação do patrimônio arqueológico.”