O vereador Rafael Ranalli (PL) admitiu ter extrapolado em suas declarações sobre vereadores eleitos com suposto apoio do Comando Vermelho em Cuiabá, nas eleições municipais de 2024. Ele afirmou ter prestado depoimento à Polícia Civil e à Polícia Federal (PF), fornecendo nomes de “X” e “Y”, mas não revelou as identidades, como havia prometido durante sua campanha.

“A gente se sentiu revoltado durante as eleições de ver que as facções estão tentando influir na política, sim. Reclamação de vários candidatos eleitos e não eleitos que foram prejudicados em seus bairros, em suas bases. E eu não sei, pelo fato de eu ser policial federal e transparecer essa segurança no depoimento, vários eleitores chegavam em mim. ‘Nesse bairro aqui não pode entrar outro candidato, é obrigado colar o adesivo’. E isso me causou uma revolta. Talvez eu tenha me extrapolado na fala, logo ali na saída, mas foi uma
indignação, total indignação”, disse em entrevista à Rádio Cultura, nesta segunda.

“Eu chegava no bairro e o popular [morador] ou o denunciante chegava pra mim, ‘ô Ranalli aqui é fulano de tal não pode ser outro nome que não é esse’. Qual é o interesse desse denunciante? Esse é meu medo. Esse denunciante ser de outro candidato, você também não pode ser influenciado. Então a gente levou algumas situações, nome X, nome Y”, revelou.

Ranalli afirmou que recebeu muitas denúncias via rede social. De acordo com o vereador, épossível a polícia chegar até esses denunciantes proprietários desses perfis para perguntálos se desejam fazer a denúncia de forma anônima.

“A polícia tem essa figura da denúncia. E aí sim, e atrás do conjunto probatório. Eu espero que tenha frutos. Infelizmente a gente sabe como funciona a investigação, não é de hoje para amanhã. Mas eu fico feliz que uma deu resultado, que foi a do Paulo Henrique na legislatura passada. Que nessa também a gente obtenha êxito”.

Mesmo com as denúncias feitas e informações entregues à polícia, ainda é necessário que as autoridades responsáveis reúnam provas e evidências para avançar com as investigações, explicou Ranalli.

Ele afirmou que colegas vereadores relataram terem perdido votos em Cuiabá, pois havia ordem explícita do CV para votar em determinado candidato. ‘Vários colegas vereadores de região de uma região de Cuiabá falaram: ‘Ranalli, ali o cara que concorreu comigo não ganhou. Mas ele me roubou muito voto e quase perdi. Você entendeu?’

‘Mal interpretado’

Na última terça-feira (7), Ranalli afirmou ter sido mal interpretado ao dizer que faria uma denúncia à Polícia Federal sobre supostos vereadores eleitos com apoio do Comando Vermelho em Cuiabá. No dia 15 de outubro, em entrevista à TV Vila Real, Ranalli disse que nos bastidores da campanha que os vereadores eleitos sabiam quem foi eleito com apoio do Comando e quem foi eleito pelo “sistema tradicional”.

“Cerca de 4 ou 5 foram eleitos com participação direta do Comando, seja pelo financiamento da campanha ou seja pela represália à população no bairro, ‘tem que colocar o adesivo, se tirar vai apanhar, se não votar vai apanhar, se não for em reunião vai apanhar'”, disse Jornal do Meio Dia naquela ocasião.

Depois dessa afirmação, no dia 8 de novembro, Ranalli prometeu fazer uma denúncia formal à PF, de forma sigilosa no primeiro dia de seu mandato, a respeito dos supostos parlamentares envolvidos com a organização criminosa.

“A denúncia eu vou fazer no dia que eu tomar posse. Eu quero fazer essa denúncia como vereador. Tem até alguns vereadores aí que é igual vermífugo, quando você ameaça tomar, o verme já começa a se mexer. No primeiro dia [de mandato] eu vou fazer um ofício sigiloso, uma coisa formal. E quem vai investigar e levantar prova é a polícia”, disse à época.

(Olhar Direto)