Na manhã desta segunda-feira, o Atlético-MG reapresentou o técnico Cuca, que assume o comando do time pela quarta vez. O treinador voltou a trabalhar na Cidade do Galo, na quinta-feira passada, com a reapresentação do elenco.

Cuca começou a apresentação falando sobre o Caso de Berna, na Suíça, que teve início em 1987, quando o Grêmio fazia excursão pela Europa. Cuca e outros três atletas foram detidos com a alegação de terem tido relações sexuais com a garota sem consentimento. Em 1989, ele foi condenado pelos crimes de coação e ato sexual com menor.

Em janeiro de 2024, o Tribunal Regional de Berna-Mittelland, na Suíça, tornou pública a decisão em que anulou o caso contra Cuca. A decisão do Tribunal – que não entrou no mérito da questão, portanto não inocentou Cuca – concordou com o argumento apresentado pela defesa do treinador. Os advogados defenderam a anulação da decisão, alegando que o julgamento de 1989 se deu à revelia, sem que o réu estivesse presente e sem que seus representantes pudessem defendê-lo.

Sem falar abertamente sobre o que ocorreu em 1987, Cuca preferiu explanar apenas a respeito das atitudes que tem tomado depois da anulação do processo.

– Demorei muito tempo para falar daquele tema, e hoje eu abro falando dele. Eu demorei a ver meus defeitos. Eu tentava falar do Cuca, e a sociedade queria saber da causa, do que eu como homem podia fazer.

– Tenho trabalhado incessantemente para ser uma pessoa melhor, entender o tema, não só pelo Cuca, pelas minhas filhas, minha mãe, mas pelo respeito que as mulheres merecem. Estou aliado a isso. Tenho participado de palestras, onde conseguimos reunir meninas e meninos e discutir o tema de peito aberto.

– Acho que esse tema é muito importante e busco um mundo melhor. A gente vive muito em um mundo machista. O futebol é muito machista (…) Vamos fazer coisas importantes também, pelo respeito as mulheres. Isso tá dentro de mim. Não sou de fazer propaganda do que eu fiz, faço de forma discreta e vou continuar fazendo, bandeira que eu empunhei e que vou continuar fazendo

Cuca, técnico do Atlético-MG, durante treinamento na Cidade do Galo — Foto: Pedro Souza

Cuca, técnico do Atlético-MG, durante treinamento na Cidade do Galo — Foto: Pedro Souza

Falando sobre o elenco do Atlético e reforços para a temporada, o treinador se disse impressionado com as cifras do mercado para a contratação de jogadores. Cuca chegou a lembrar o que fez há mais de 20 anos, quando foi trabalhar no São Paulo.

– Em 2004, eu fui contratado pelo São Paulo, e eu consegui levar uma base toda do Goiás para o São Paulo. O Fabão não era o Fabão, o Grafitte não era o Grafitte. Mas você não encontra mais esse tipo de jogadores, e se encontrar, os preços são absurdos.

– Fiquei perplexo de participar das coisas com o Victor (Bagy, diretor de futebol do Galo). Temos que ser criativos para buscar, dentro da responsabilidade, jogadores. Buscamos dois atacantes e outras posições. Acabaram saindo oito jogadores. Temos que recompor, para ficar com uma base forte também.

O Atlético estreia na temporada em amistoso contra o Cruzeiro, no próximo sábado, às 17h (de Brasília), pela FC Series, o Torneio da Flórida. O jogo terá transmissão da Globo (para MG), sportv e Premiere.

No domingo, dia 19, o Galo entra em campo pela primeira rodada do Campeonato Mineiro. Usando um time alternativo, o Atlético vai enfrentar o Aymorés, em Ubá, às 11h (de Brasília), novamente com transmissão da Globo (para MG) e Premiere. (GE)