Uma corrida contra o relógio. Assim entendem servidores da Empaer e o Sinterp – o sindicato que os representa. Esse pé atrás nasce da decisão do Conselho Deliberativo da Empaer em vender quatro áreas de pesquisa e transformar uma em conjunto habitacional. Na tentativa de mobilizar a população para sensibilizar o governo de Mauro Mendes a mudar de rumo sobre esta proposta, a Assembleia Legislativa realiza uma audiência pública na segunda-feira (24), às 14 horas. A audiência foi convocada eserá presidida pelo deputado Júlio Campos (União).
Presidente do Sinterp, Gilmar Antônio Brunetto, o Gauchinho, procurou Júlio Campos e relatou a situação em que se encontra a Empaer. O deputado o ouviu, mas já tinha conhecimento e analisava uma linha de atuação parlamentar em defesa da Empaer e consequentemente de seus servidores. Do encontro, nasceu a proposta para a realização da audiência.
Ao longo da semana em curso Gauchinho mobilizou seus colegas de Empaer lotados nos 135 municípios onde a mesma está presente. Também convidou os integrantes da bancada federal, secretários de Estado; o presidente da Empaer, histdoriador Suelme Fernandes; prefeitos, vereadores, secretários municipais de Agricultura, pesquisadores agronômicos, técnicos agrícolas, assentados, quilombolas, agricultores de comunidades tradicionais e professores e alunos universitários.
O que está em jogo é a decisão do Conselho Deliberativo da Empaer em se desfazer de cinco patrimônios daquela empresa controlada pelo governo estadual. O Conselho, com assentos da Famato, Fetagri, Embrapa, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Sinterp e do Palácio Paiaguás, acatando proposta de Suelme Fernandes, decidiu pela venda dos campos experimentais de pesquisas de Cáceres e Rosário Oeste; pela demolição da estrutura com 76 salas em Várzea Grande, para transformar o prédio e seu entorno em conjunto habitacional; e da venda parcial das áreas em Sinop e Tangará da Serra.
Consolidada esta decisão – avalia Gauchinho – a espinha dorsal da Empaer será quebrada. Este desmonte patrimonial seria mais um elo rompido pela política de extinção da Empaer, que há 10 anos não realiza concurso público e que conta com apenas 12 pesquisadorese 220 técnicos para desenvolver pesquisas e prestar assistência a 145 mil famílias da agricultura familiar. “Eles querem acabar com a produção do pequeno agricultor, e prova disso é que Mato Grosso despeja anualmente na Ceasa em São Paulo, e em outros estados, mais de um milhão e meio de reais para a compra de legumes e frutas que poderiam ser produzidos aqui”, observa o sindicalista.
VÁRZEA GRANDE – A área urbana da Empaer em Várzea Grande foi construída em 1983 quando o deputado Júlio Campos era governador. A meta quando de sua criação foi o fortalecimento da agricultura familiar na região metropolitana de Cuiabá. Engenheiro agrônomo,Júlio Campos conhece bem o universo rural e sabe que é preciso conciliar o cultivo mecanizado e de precisão com a agricultura familiar.
A conciliação harmoniza a agricultura familiar e a macroeconomia exportadora. Enquanto o cultivo da soja, milho, arroz, algodão, cana e sorgo, e a pecuária extensiva ocupam grandes áreas das diversas regiões, os municípios da Baixada Cuiabana poderiam cultivar hortifrútis, desenvolver piscicultura, criar pequenos animais e produzir embutidos, doces e condimentos. Os primeiros além de terem recursos próprios são assistidos por entidades classistas como a Famato, AMPA, IMEA, Aprosoja, Fundação MT e a Aprosmat. Os outros dependem da mão estendida pelo governo, sobretudo por meio da Empaer.