A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, a realização de audiência pública para tratar da anulação do leilão do arroz, anunciada pelo governo federal nesta terça-feira (11), sob suspeitas de fraudes. A informação foi repassada pela líder da bancada mato-grossense no Congresso Nacional, Coronel Fernanda (PL), que participou da deliberação.
“O que está claro é que precisamos apurar o que aconteceu. A bancada quer a apuração para que todos os fatos sejam esclarecidos”, reforçou a parlamentar ao HNT.
A polêmica do leilão do arroz repercutiu diretamente em Mato Grosso devido ao protagonismo do ex-secretário de Política Agrícola, Neri Geller, no ‘olho do furacão’. Isso porque o filho de Geller, Marcelo Piccini Geller, seria sócio de Robson Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, que intermediou o arremate de 90 mil toneladas do grão pelas empresas Zafira Trading, locadora de máquinas ASR e a fabricante de sorvetes Icefrut.
O desconforto culminou no desligamento de Geller da Secretaria de Política Agrícola na tarde de terça. Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), informou que a exoneração se deu ‘a pedido’.
Em e-mail encaminhado ao ministro e vazado à imprensa, Neri Geller negou que tenha pedido demissão. Portaria de exoneração de Geller foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, ainda na terça e publicada em Diário Oficial nesta quarta-feira.
Além da polêmica envolvendo Neri e seu ex-assessor, outros indícios de fraudes foram identificados no leilão, como o arremate da maior parte de lotes por uma empresa de queijos do Amapá que mudou o capital de R$ 80 mil para R$ 5 milhões às vésperas do leilão.
Nos bastidores, especula-se que todo o desgaste envolvendo o Ministério da Agricultura tenha servido de combustível para que setores políticos voltem a pressionar o presidente Lula (PT) pela demoção de Fávaro do Mapa. Última polêmica que colocou o ministro na ‘mira’ da oposição foi o suposto benefício concedido ao ‘barão’ da soja, Eraí Maggi, com a liberação de recursos para construção de estradas perto das propriedades rurais dele.
Mesmo sob pressão, Fávaro – que não era o preferido dos produtores desde a composição do staff de Lula em 2022 – manjeou a situação e conseguiu se manter no cargo. Para o Governo Federal, a saída de Neri e o novo ‘golpe’ na gestão de Fávaro colocam entraves no diálogo com o nicho que mais demonstra resistência à administração petista, o agronegócio.
(HNT)