A agricultura colocou Mato Grosso no patamar dos estados desenvolvidos. A produção de grãos não apenas coloriu nossos cerrados com o verde da soja, o branco do algodão e o amarelo do milho, ela literalmente mudou o perfil do Estado que hoje faz a diferença na balança comercial brasileira com uma agricultura forte, moderna e que já é referência para o mundo. A jornalista Mirian Leitão foi taxativa, “quem salva a lavoura é a lavoura”, numa referência ao peso da agricultura na balança comercial brasileira.

A capacidade de transformar o cerrado árido em terras produtivas, exuberantes e economicamente viáveis é, de fato, o resultado do trabalho, da persistência e da valorização da tecnologia onde empiricamente seria impossível alcançar o nível atual de produtividade e de sucesso. “Tudo isso somado ao idealismo do ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli – “Sou um sonhador permanente”. Essa autodefinição traduziu o sonho de ocupar os cerrados como mecanismo para desenvolver o Centro Oeste e transformá-lo em realidade.
Apaixonado pela agricultura, Paulinelli, quando Ministro , convenceu o presidente Ernesto Geisel da necessidade da ocupação dos cerrados brasileiros e conseguiu que esse projeto fosse inserido no PND – Plano Nacional de Desenvolvimento I e II – para que os bancos oficiais pudessem financiar a produção. Assim que o presidente deu o sinal verde, Paulinelli sobrevoou os cerrados do Centro Oeste, mais precisamente Mato Grosso. Quando voltou a Brasília estava convencido de que ocupar os cerrados era o caminho do desenvolvimento, substituiria a produção de café que por décadas foi a mola propulsora da economia brasileira, mas já estava em declínio.

Visionário, otimista, competente e convicto de que o Brasil seria, de fato, o celeiro do mundo, ele arregaçou as mangas e trabalhou todo o operacional – Mato Grosso tinha uma abundância de terras, mas faltava mão de obra, experiência, Know how e Paulinelli encontrou a solução. Através de propagandas oficiais e incentivos generosos o Governo militar motivou brasileiros de todos os rincões para apostar em Mato Grosso e promoveu a corrida para o oeste.

Agricultores do sul do país acreditaram na possibilidade de prosperar e, com tecnologia, trabalho e perseverança investiram na produção de soja e milho que transformou o cerrado árido em terras produtivas, oxigenou a economia e colocou Mato Grosso entre os estados mais atrativos do país, alcançando atualmente a posição de maior produtor de grãos, produzindo mais soja que a Argentina.

Segundo Paulinelli, o sucesso do campo tem reflexo direto com o enriquecimento das cidades, não é possível dissociar o campo do urbano. Na sua visão, “um exemplo inquestionável é o município de Primavera do Leste que vai chegar logo na 3ª safra do milho, porque comprovadamente é um das melhores regiões para a segunda safra, é o berço do milho, que mesmo sem irrigação, é o melhor do mundo e reflete com força na cidade, além de que o etanol do milho é mais limpo e, se produzido na região, ficará independente de São Paulo”.

Em sua última entrevista em Mato Grosso, Paulinelli reiterou sua fé na produção de grãos, na força do cerrado, na pesquisa e, se dizia encantado com a soja, como mecanismo de transformação social e econômica do Estado e, com seu otimismo ímpar disse “a soja é nosso diamante verde que está sendo lapidado e ainda nos vai oferecer muitas surpresas”.