O presidente Mário Bittencourt anunciou, nesta quarta-feira, que o técnico Fernando Diniz renovou com o Fluminense até o fim de 2025. O treinador iniciou sua segunda passagem pelo Tricolor no fim de abril de 2022.
— Na data de hoje, a gente teve o prazer de assinar a renovação do contrato dele (Diniz) até o fim de 2025. É um projeto nosso de estabilidade, de longevidade do trabalho. Para deixar muito claro a todos vocês: durante todos esses dois anos que ele está aqui, nós sempre estivemos muito satisfeitos e felizes. Não só com o trabalho, mas com a relação que a gente tem, que transcende essa questão. A gente já vinha conversando há bastante tempo, projetando isso. Tenho a felicidade de poder dizer que a gente tá renovando até o fim de 2025 com nosso treinador campeão da Libertadores, bicampeão estadual — disse Mário, em entrevista coletiva.
Somadas as duas passagens, Fernando Diniz tem 182 jogos no comando do Fluminense, com 90 vitórias, 40 empates e 52 derrotas. O treinador conquistou os títulos da Conmebol Libertadores de 2023, a Recopa Sul-Americana de 2024 e do Carioca de 2022 e 2023.
— A renovação para mim é motivo de muita alegria, me sinto verdadeiramente honrado por estar no Fluminense desde quando joguei. Foi uma casa que sempre me acolheu bem, em 2019 também me acolheu bem. De 2022 para cá, usando uma palavra que o Mário usou agora, foi uma coisa mais harmônica, mais estável, estruturada. A gente conseguiu coisas importantes com o trabalho de muitas mãos, e um dos personagens mais importantes é o próprio presidente, que toma riscos, trabalha muito e entrega o melhor pro clube. Por duas coisas: apaixonado pelo clube e muito competente. E audacioso para fazer também — acrescentou Diniz.
Outros tópicos da entrevista de Diniz e Mário:
- Momento do Fluminense:
FD: — Essa interlocução com a torcida é uma coisa que quem trabalha com futebol tem que procurar, pro ambiente ficar melhor, passar informações melhores e não deformar a opinião da torcida. Às vezes se cria uma coisa negativa que é difícil não adentrar o CT. Se você olhar racionalmente, esse é um ano que a gente tem trabalhado muito por conta da conquista da Libertadores e do vice do Mundial. Isso tem um impacto sobre o time. Não só sobre a questão de voltar depois, mas todo mundo. A própria torcida quer relaxar um pouco e aproveitar, e no futebol não dá pra aproveitar muito. Tem que aproveitar trabalhando e melhorando. De um mês para cá, o Fluminense tá em outra espiral, de subida. Internamente percebi isso nos treinamentos, os resultados também tem acontecido.
— Se pegar os últimos quatro jogos, vencemos três e perdemos pro São Paulo… Nos últimos cinco, se fosse uma coisa normal a gente teria vencido o Atlético-MG, e o jogo do São Paulo não era um jogo para perder. De cinco jogos, a gente teria vencido quatro. EMpatamos um, ganhamos três e perdemos um for ade casa. as coisas começam a fluir. intermanete é um trabalho que a gente faz com muita entrega. Não tô dizendo que a equipe começou a temporada bem, pelo contrário. Muita instabilidade, fizemos alguns jogos muito abaixo da crítica e a gente tem que ser criticado por isso. O que não pode é que o Fluminense sirva de exemplo para avaliar todo mundo. Sei que não deve mudar muito a avaliação de vocês, mas quando eu tenho a oportunidade de falar, eu falo.
— Ano passado, quando a gente jogou contra o Sporting Cristal, a gente não tava encantando nada. Aquele foi um dos momentos mais difíceis da nossa temporada. E aí saiu um monte de coisa, problema interno no grupo, um monte de coisa que não tem nada a ver. Aí vai para a torcida, foram fazer protesto no CT, e a gente soube se fechar internamente, melhorar e avançar no ano passado, como a gente tá fazendo esse ano. Essas colocações que tô fazendo agora, já fiz na semana passada e vão no coração da torcida. A gente sem a torcida fica muito frágil. A torcida é o coração do negócio, nosso principal craque. Quanto mais eles vêm e nos incentivam, a gente fica mais forte. Tudo que a gente faz é para entregar alegria pro torcedor. Quando a gente tem oportunidade de falar dessa forma, é bom para esclarecer e criar contrapontos, para que a torcida acredite mesmo no time. Uma coisa que me motiva todo dia é vir trabalhar, ganhar, ainda mais quando ganha jogando bem.
— Hoje jogou (de forma) razoável e ganhou, mas ganhou. Quando a torcida sente orgulho do time, pra mim isso é um prazer que não tem preço. Minha renovação me deixa muito alegre. Sou muito feliz trabalhando aqui no Fluminense, muito feliz mesmo. Minha família, que fica em São Paulo, também compartilha dessa felicidade e a gente consegue suportar a distância de uma maneira boa, porque o Fluminense é a nossa casa. Pra mim é muito bom poder estar aqui, e quero de fato fazer melhor do que fiz até agora, junto com todo mundo, para a gente conseguir coisas novas para o Fluminense. É a intenção de todos nós.
- Balanço da formação do grupo e como será a postura do Fluminense na janela:
MB: — Primeiramente, em meio de temporada não se faz avaliação se deu certo ou se deu errado a temporada, porque ela não acabou. No meio da temporada a gente faz uma avaliação se a gente tá precisando de uma peça extra, por causa de lesão ou por causa de uma perda por venda de atleta. A princípio, nesse momento, com a chegada do Thiago Silva, se o grupo se mantiver do jeito que está, a gente tá muito satisfeito com o que tem. A gente não faria nenhuma contratação extra, a não ser por uma grande oportunidade. A gente aqui olha como um todo, como grupo. Às vezes tem jogadores que podem não aparecer, e não é uma critica, pois vocês não estão no dia a dia conosco. Mas às vezes tem jogadores que não estão performando no externo, mas internamente estão indo bem nos treinos.
— Ontem, eu via uma parte do treino e pensava isso, quão bonito é ver jogadores que estão ali sem a titularidade e se dedicando no treino como se titulares fossem. Isso faz com que aumente a competitividade no titular. Não é fácil você ter um grupo de 30 jogadores de alto nível e o treinador ter que escalar 11, então a gente tá muito tranquilo em relação a isso. Nesse momento, a gente não fala em nenhum nome específico e vamos avaliar com o crivo do Fernando, com a avaliação dele. Nós estamos muito tranquilos.
- Começo de ano difícil:
FD: — Para que aquilo se repita, isso é natural e está acontecendo aqui no Fluminense, obviamente. A gente percebe até quando vai jogar fora, principalmente jogos de Libertadores, que existe um outro tipo de acolhimento, um outro tipo de reconhecimento, um outro tipo de preparo das equipes que jogam contra a gente. Isso é uma coisa boa, porque para não ter isso era não ter ganho. Quando ganha, isso que acontece, isso obriga ainda mais o time a melhorar. E a gente sabe que a gente precisa melhorar. E a gente está trabalhando nesse sentido, a gente está todo mundo consciente que a gente tem que melhorar e o trabalho está sendo nessa direção.
- Evolução do time:
FD: — Eu acho que o Fluminense está melhorando, está numa crescente, oscilando, se falar especificamente do jogo de hoje, a gente ganhou, a gente poderia ter ganhado um placar maior, mas poderíamos ter jogado melhor. A gente tinha um placar de 2 a 0, o jogo foi um pouco mais moroso do que eu achei que devia ser. Tivemos muito erro técnico também, que prejudicou um pouco o andamento do time. Mas de maneira geral, acho que a gente vem evoluindo, principalmente nesse último mês, e os resultados têm acompanhado essa evolução.
- Retorno de John Kennedy:
MB: — Já é a segunda ou terceira vez em que a gente o abraça, e é muito importante que as pessoas entendam que esse abraço é após a repreensão que a gente deu. Creio que foi entendida, em grande parte, pelas pessoas. O Fluminense tem uma divisão de base muito qualificada, há anos, é um formador de pessoas, de jogadores e principalmente de pessoas. Quando a gente dá uma nova oportunidade a um jogador depois de uma indisciplina, a gente tá trabalhando muito mais para salvá-lo do que se preocupando especificamente com as questões da instituição. O Fluminense vai fazer outros John Kennedys ao longo da sua história, como já fez para trás, como fará pra frente. Como fez o Marcelo, outros tantos jogadores que jogam pelo futebol mundial.
— O mais importante é que o JK possa ser não só um grande jogador, mas também no futuro um exemplo pros filhos dele, outros atletas jovens. A gente fica muiot feliz que ele tenha retornado, que tenha entendido que era importante o momento que ele passou. A gente espera que ele se mantenha dessa forma. Dizemos muito para ele internamente: temos nossa parcela de contribuição, mas quem tem que querer se ajudar, se salvar, é ele. Em relação à vida como um todo. Qualquer pessoa que tenha um problema de ordem pessoal, comportamental, precisa buscar ajuda, ams tem que querer. É muito mais o querer do John do que nós sermos considerados por ele ter voltado. A gente fez o que tinha que fazer, com toda a convicção do mundo.
FD: — Então, o John Kennedy pra nós e pra mim, em especial, é um motivo de alegria o retorno dele. É mais uma oportunidade que a vida dá pra ele e dá pra gente também, que é nessa relação que ele está se construindo. E é muito difícil também ser o John Kennedy, porque atrás do John Kennedy tem uma história difícil e diferente, que talvez vocês não tenham acesso. Porque pra isso precisa conhecer o John Kennedy e conversar com ele. Acho que eu conheci o John Kennedy mais de 50 vezes. E a gente sempre quer, de fato, estender a mão e tentar ajudar. E é uma relação que tem também muitas mãos ajudando. E o que a gente tenta fazer e o trabalho, de fato, meu pilar central, é na condição humana dos jogadores.
— É uma pessoa que joga futebol, é uma máquina que joga, e eles trazem dos seus lares, a maioria deles tem uma fragilidade emocional muito grande, às vezes uma aparente fortaleza, mas quando você se depara com o jogador tete a tete, e vai buscar um pouco mais a sua intimidade, você vê que ali tem um vazio que precisa ser sempre enchido, eu sempre falo isso, o futebol brasileiro é muito carente em relação a essa tensão que a gente tem que ter, o problema é muito mais psicossocial do que tático, técnico e físico, e a gente tem um olhar muito distorcido para isso.
— Existem outros tantos John Kennedys por aí que vão se perdendo. No Fluminense já houve alguns aqui que se perderam, e a gente quer oferecer a condição para o John Kennedy de fato se reencontrar consigo mesmo e ter uma vida. Não é uma vida como jogador, é uma vida como pessoa, o meu interesse maior. No jogador, que ele performe, mas que ele tenha uma vida. Depois dos 35 anos, o que que vai ser? O que eu desejo pro jogador é que ele tenha um filho como eu, um filho que se forme em medicina no futuro.
- Volta de John Kennedy passa pelos atletas?
FD— Passa. O ambiente que foi criado dessa vez, com o erro que teve, e no ano passado também, passou quando precisou passar. É uma coisa compartilhada com os atletas, para ter uma harmonia. Não adianta trazer e ter uma rejeição gigante daquilo que aconteceu. Foi uma coisa construída com os jogadores de uma maneira muito bonita a volta do John Kennedy, porque ele é um menino muito querido pelos jogadores. John Kennedy precisa da ajuda de todo mundo e ele precisa ajudar todo mundo, então ele voltou de uma maneira muito forte, da melhor maneira possível.
— Não foi uma coisa impositiva, foi uma coisa construída com muita gente participando, então ele, se não tinha muita gente lá hoje, é porque aconteceu uma coisa boa, mas ele. Ele está assim, tendo uma chance e espero de fato que o John Kennedy dê um avanço muito nessa nova oportunidade. Que ele está totalmente diferente dos treinamentos. Está muito mais profissional, respeitando o horário e treinando muito, se dedicando muito. E os jogadores estão muito felizes com a volta deles, isso eu tenho certeza.
- Sequência de Alexsander após o afastamento:
FD: — Quando acontece um fato como esse em muitos outros lugares, às vezes se fecha muito diferente. Que afastar definitivamente o jogador, ou voltar e não ter acolhimento, o jogador cair em descrédito e não ter ambiente. Então acho que até isso, quando acontece uma coisa como essa, ela não passa impunemente. Quando aconteceu esse evento em si dos quatro meninos. Aquilo, ou melhora ou piora, não fica igual mais. Eu acho que a gente fez com que todo mundo melhorasse. O Kauã Elias também melhorou muito e o Arthur também está muito bem. Aquilo a gente conseguiu de um evento ruim. Isso é uma coisa que eu acho que é uma qualidade que a gente tem juntos aqui no Fluminense.
- Atuação de Jhon Arias:
FD: — Merecida a ovação da torcida (após o pênalti perdido). Porque o Arias, ele foi se construindo, pelo menos desde quando eu estou aqui, esse momento que eu encontrei aqui em 22, ele foi se construindo um dos maiores jogadores do continente, sem sombra de dúvidas. E hoje ele joga aqui muito bem, joga na seleção colombiana muito bem, é um jogador muito confiante. E para mim foi um prêmio na minha vida ter encontrado o Arias. Eu falei isso pra ele hoje. Ele é uma pessoa especial, o Arias, um jogador especial, é uma pessoa bonita. E precisava estar num ambiente como esse do Fluminense para poder desabrochar. Então ele, por meio do futebol, é isso que o futebol promove, então ele seja a coisa mais bonita que tem. Futebol é um meio pras pessoas se desenvolverem, o Arias hoje é um homem diferente, ele não é um jogador diferente.
- Adversários nas oitavas:
FD: — Eu acho que não tem diferença, o que a gente quer é jogar bem. Eu acho que tem algumas peculiaridades na Libertadores, por exemplo, jogar numa altitude muito alta. Aí é uma coisa que a gente sabe que socialmente é uma coisa justa e tem que ser assim mesmo, mas fisiologicamente muda completamente o jogo. Então, assim, jogar em altitude é um elemento que altera muito. Então, isso a Libertadores, em alguns casos, quando tem altitude eu acho que interfere bastante naquilo que você produz. Mas assim, o que é mais difícil para a gente, o que eu prefiro, eu não tenho uma preferência. Pelo contrário, acho que quando fica 16 clubes, acho que mediante sorteio, tanto uma como outra, acho que são muito difíceis.
- Chegada de Thiago Silva:
MB: — Vocês sabem que ele só pode ser inscrito no início de julho, e estar à disposição a partir do dia 10. A gente ainda não sabe se (a estreia) vai ser contra o Palmeiras em razão do adiamento das rodadas. Pela leitura que eu fiz agora da decisão da Diretoria de Competições da CBF de manter a sequência das rodadas (do Brasileiro), (…) não necessariamente vai ser no Fluminense x Palmeiras. A partir de julho, o Thiago vai estar à disposição para jogar. Ele vai chegar antes para treinar, estamos acreditando ali na primeira quinzena de junho, que é quando ele completa o período de férias dele. Vai ter mais ou menos, creio que até a partida em que ele estiver apto para jogar, mais ou menos um mês de treinamento. O planejamento da estreia dele depende do Fernando.
FM: — É uma possibilidade, ele e o Felipe Melo. Não quer dizer que vão jogar os dois, mas é claro que é uma possibilidade. Não tem nenhuma proibição em relação a isso. (GE)