Janderson dos Santos Lopes, principal alvo da Operação La Catedral, deflagrada na última terça-feira (07.05), ostentava uma vida de luxo nas redes sociais, com veículos de alto valor, imóveis, empresas e cabeças de gado em sua propriedade rural. O que chamou a atenção da Polícia Civil foi que a maioria dos bens foi adquirida quando ele já estava preso, cumprindo pena de 39 anos de prisão em regime fechado, na Cadeia Pública de Primavera do Leste.

O preso é investigado por liderar um esquema criminosos que envolvia lavagem de dinheiro de origem ilícita, como o tráfico de drogas, e pela prática de corrupção, com oferta de vantagens indevidas a servidores públicos, como o diretor da cadeia pública do município, Valdeir Zeliz dos Santos, que também foi alvo da operação.

Segundo as investigações, conduzidas por cerca de um ano pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, após ter sido transferido para o município, Janderson adquiriu um patrimônio considerável, incluindo a abertura de duas empresas, a compra de diversos caminhões, imóveis e veículos caros para si e sua esposa.

Uma das empresas, conforme a Polícia Civil, se trata de uma loja de materiais de construção, enquanto a outra é uma transportadora. Para a operacionalização, ele adquiriu pelo menos 21 caminhões reboque, dois semi reboques, 13 caminhões trator, sete dollys, um caminhão caçamba e quatro caminhões das marcas Iveco, Ford e Volvo.

Janderson também foi identificado com uma VW Amarok, duas Ford Ranger, uma Ford F350, três Toyota Hilux e um Corolla Cross. Ele ainda tinha um Fiat Strada e um GM Onix.

Os veículos, bem como as cabeças de gado que possui na propriedade rural em Poxoréu, eram objetos de ostentação por parte de Janderson.

“Percebe-se pelas redes sociais que foi a partir do momento em que ele chegou em Primavera do Leste que ele passou a ostentar a vida de luxo, principalmente as cabeças de gado, que ele gosta de filmar, os caminhões de sua transportadora e seus diversos veículos. Tudo isso também chama a atenção porque ele e a esposa tiveram os bens apreendidos em outras operações e, ainda assim, o patrimônio aumentou em mais de R$ 20 milhões”, observou o delegado Honório Neto.

Conforme as investigações, o aumento no patrimônio de Janderson foi possível porque ele contava com a anuência do diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste para realizar diversas atividades pessoais durante o dia.

As investigações apontaram que Janderson teria pago propina para ser liberado da cadeia para trabalhar e cursar uma faculdade, mas desrespeitava o acordo judicial ao trabalhar em suas empresas e fazer atividades em sua propriedade rural, localizada no município de Poxoréu (a 43 km de Primavera).

Além de utilizar mão de obra de presos da Cadeia Pública para atividades de seu interesse, Janderson também contava com o apoio da esposa, Thais Emilia Siqueira Silva, que também já havia sido investigada nas operações Três Estados e Red Money e foi novamente alvo da Polícia Civil.

Segundo as investigações, Thais seria a operadora financeira do esquema e auxiliava o marido com a prática de lavagem de dinheiro. Ela era sócia em empresas e transacionava com pessoas relacionadas a Janderson, chegando a movimentar, em um ano, mais de R$ 1 milhão, mesmo sem ter comprovação do lastro financeiro.

“Os relatórios demonstram uma atividade típica de movimentação financeira associada à lavagem de capitais, sendo que ela auxiliava o marido na abertura de empresas de fachada para lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas identificado nas outras operações policiais”, destacaram os investigadores.

A associação criminosa liderada por Janderson também envolvia outros presos, amigos e familiares.

Operação La Catedral

A operação, deflagrada em 7 de maio pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste, apura crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoas presas para atividades ilegais. Foram cumpridas 132 ordens judiciais de prisões preventivas,  bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados.

Segundo as investigações, Janderson, principal alvo da operação, realizava atividades ilegais mesmo estando preso e contava com a anuência do diretor da Cadeia Pública, Valdeir Zeliz dos Santos, que deu apoio à formação de uma associação criminosa mediante recebimento de vantagens indevidas.

O grupo criminoso atuava para promover a lavagem de dinheiro de origem ilegal por meio de transações entre terceiros e empresas, além da compra de bens, como veículos e imóveis.