A cada jogo que passa o Cuiabá apresenta as mesmas dificuldades: vulnerabilidade defensiva e extrema dificuldade para criar oportunidades de gol. Contra o Goiás, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, não foi diferente. Anunciado na noite da última quarta-feira, o técnico Petit deve ter observado que terá trabalho para organizar a equipe.

A derrota para o Esmeraldino foi a quinta nos últimos seis duelos disputados – sequência que ainda tem um empate com o Deportivo Garcilaso, na Copa Sul-Americana. Mas além dos resultados adversos, impressiona negativamente a ineficiência do time nas duas fases do jogo.

Neste recorte, o Dourado sofreu 12 gols e marcou apenas um. A identidade de um time sólido defensivamente, vertical e preciso no ataque não deu as caras em 2024.

Nesta quinta-feira, o comando técnico foi de responsabilidade do auxiliar-fixo Ricardo Colbachini. Inicialmente, o treinador manteve a linha com três zagueiros, dois homens no meio-campo e um trio de ataque.

Parecia que a equipe teria mais amplitude com os dois laterais bem abertos e avançados. Denilson atuou mais à frente, com Fernando Sobral tendo a função de pegar a bola dos zagueiros e ligar o setor ofensivo.

Walter em Goiás x Cuiabá, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil — Foto: AssCom Dourado

Walter em Goiás x Cuiabá, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil — Foto: AssCom Dourado

Porém, novamente se viu um jogo baseado nas bolas longas e que abusa das jogadas individuais pelas beiradas – que raramente surtem efeito.

Sem espaço para explorar, Derik Lacerda foi presa fácil para os marcadores. Do outro lado, Clayson encontrava poucas linhas de passe para trabalhar jogadas. Enquanto isso, Pitta seguia isolado como referência.

No segundo tempo, Colbachini desfez a linha de cinco e armou a equipe com três meio-campistas. A entrada de Lucas Fernandes, na teoria, daria ao time mais poder de criatividade. Na prática, a falta de movimentações para quebrar as linhas rivais atrapalhavam as tentativas frustradas de construir boas oportunidades.

Petit será apresentado pelo clube na manhã deste sábado. O comandante ainda nem começou seu ciclo à frente da equipe auriverde, mas já deve ter um pouco de noção do trabalho que terá para encaixar um time que tem pressa para evoluir. (GE)

Quem é Petit

Armando Gonçalves Teixeira. Ou simplesmente Petit. Ainda desconhecido no futebol brasileiro, o treinador português foi escolhido para comandar o Cuiabá na sequência da temporada e terá sua primeira experiência fora de seu país natal. Neste sentido, o ge conta a história do novo mister do Dourado aos mais ansiosos torcedores auriverdes.

Petit e Cristiano Ronaldo na seleção de Portugal — Foto: Getty Images

Petit e Cristiano Ronaldo na seleção de Portugal — Foto: Getty Images

Hoje com 47 anos, nasceu em Estrasburgo, na França, mas deixou o país ainda jovem e é naturalizado português. Enquanto jogador, o ex-meio-campista foi revelado no Boavista, rodou pelo país e voltou em 2000/01 para sagrar-se campeão da Liga de Portugal. De lá, saiu para fazer história no Benfica, clube em que conquistou a Taça de Portugal 2003/04 e o campeonato nacional em 2004/05 em mais de 200 jogos com a camisa alvirrubra.

O destaque na equipe de Lisboa o levou à seleção portuguesa. Fez parte de uma das gerações mais talentosas, tendo jogado ao lado de craques como Cristiano RonaldoFigo Deco. Disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006, além de ter sido vice da Eurocopa de 2004 sob comando de Luiz Felipe Scolari.

Teve uma única experiência fora de solo lusitano, no Colônia, da Alemanha, entre 2008 e 2012 – por lá, foi companheiro do zagueiro Geromel, hoje no Grêmio. Retornou ao Boavista ainda em 2012 e iniciou a carreira como treinador. Mas com uma peculiaridade: dividiu as funções de técnico e jogador – assim permaneceu por pouco menos de um ano.

Assumiu a equipe de Porto na terceira divisão, diante de um caos interno, como explica o jornalista português Pedro Cadima, do jornal O JOGO.

– Petit agarrou o convite do clube do coração para procurar recuperar aos patamares altos, após casos de corrupção que o levaram a cair duas divisões. Muito identificado e com conhecimento de ter jogado nas divisões inferiores, Petit teve sucesso com acesso à Segunda Divisão. No entanto, numa reviravolta na justiça, o Boavista foi readmitido na Primeira Divisão. Petit fez bom papel com um elenco muito modesto para esse nível.

Cuiabá fechou com o técnico Petit — Foto: Asscom Dourado

Saiu em 2016 e passou por Tondela, Moreirense, Paços de Ferreira, Marítimo e Belenenses. Retornou em 2021 e ficou até fim de 2023. Seus trabalhos notabilizam-se por campanhas de recuperação, com estilo de jogo forjado na competitividade e transição rápida.

– Há um componente de muita entreajuda entre setores. A solidariedade é dominante, a competitividade de qualquer atleta deve ir até ao limite. Especializou-se na verticalidade e em transições muito rápidas. Costuma utilizar a formação 4-2-3-1 como também na composição de três zagueiros, em que sempre mostrou confortou, mas se adapta aos jogadores e à necessidade de treinar essa variabilidade, podendo mudar de um jogo para outro.

Petit assume um Cuiabá em crise: lanterna do Brasileirão e há seis jogos sem vencer na temporada. A apresentação do novo mister do Dourado está marcada para a manhã deste sábado, no CT do Dourado. (GE)