A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Mato Grosso, nesta segunda-feira (15.04), abordou a campanha “Brasil Sem Misoginia”. Ela informou que foi realizado um estudo para identificar as origens da violência contra a mulher, o qual destacou a necessidade de enfrentar a misoginia, vista como uma das causas dessa violência.
“A misoginia fere e mata através da própria violência, da depressão e do autoflagelo das mulheres. É fundamental que a misoginia seja combatida de maneira estruturante em nossa sociedade, não podendo ser vista apenas como tema de campanhas, dada a gravidade de seu impacto na vida das mulheres”, declarou a ministra.
Cida Gonçalves esclareceu o conceito de misoginia, descrevendo como uma prática de inferiorização e desdém por mulheres, além de uma forma de ódio ou aversão. Segundo ela, essa definição ressalta as graves consequências, evidenciadas pelos altos índices de feminicídio e registros de violência doméstica.
Entre as consequências mencionadas pela ministra, estão a exclusão das mulheres de espaços públicos, redes sociais, posições de poder e decisão, reforçando estereótipos de gênero que perpetuam sua subalternidade e inferioridade. “Estamos falando de piadas e brincadeiras que, na verdade, são formas de preconceito”, enfatizou.
A ministra ressaltou a necessidade de combater continuamente estereótipos de gênero, relacionados a padrões de beleza e papéis sociais, que mantêm as mulheres em uma condição de inferioridade.
“Estereótipos dizem que mulher gorda é feia, mulher bonita é loira e magra. Mulheres pretas, gordas, pardas e indígenas são todas consideradas fora dos padrões, que justificam violência com desculpas banais como comida mal feita. É crucial combater esses estereótipos, que são parte significativa do ódio contra mulheres”, declarou a ministra.
A ministra das Mulheres apontou ainda situações nas quais as mulheres são submetidas, que vai desde uma entrevista de emprego, que causa impacto na inserção no mercado de trabalho e até na ascensão profissional, considerando que muitas mulheres não aceitam promoção porque tem horário para buscar os filhos na creche.
“A pergunta do setor de recursos humanos: você é casada? Se a mulher responde não, segue outras perguntas: você pretende se casar? Pretende ter filhos, porque se pretende se casar e ter filhos vai para o fim da fila. Se é casa e tem filhos, perguntam quem fica com os filhos, se deixa na creche, já foi para o fim da fila, se diz que é a mãe pode ter chance”, destacou a ministra.
Ela destacou a necessidade de dividir as tarefas sobre buscar os filhos na escola ou ficar com elas em casa, a criação de condições para mulheres assumir cargos de chefia e também observou, que os cuidados com os idosos ainda segue como “fardo” das mulheres. “Isso vai impactar negativamente e provamos isso na Lei de Igualdade salarial.”
Cida Gonçalves também abordou como a misoginia afeta a igualdade salarial, citando um relatório da Lei de Igualdade Salarial. “Na entrada do mercado de trabalho, mulheres ganham 19,4% a menos que homens pelo mesmo trabalho; em cargos de gerência, a diferença é de 25%. Se considerarmos mulheres negras, a discrepância salarial supera 50%”, explicou, referindo-se a dados de 50 mil empresas.
(VGN)