O Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) reduziu, nesta terça-feira, a pena do Sport devido ao ataque de uma organizada ao ônibus do Fortaleza, no último dia 22 de fevereiro. A punição de oito jogos de portões fechados, agora, é de quatro partidas com público, mas sem a presença da organizada em questão envolvida no episódio. O clube também foi multado em R$ 80 mil.

No entendimento do Sport, o clube cumpriu a punição diante do Murici-AL (Copa do Brasil), Náutico e Juazeirense (Copa do Nordeste), e restaria agora a punição diante do Ceará, nesta quarta-feira, pelo Nordestão.

O Leão já vendia ingressos com restrição ao setor das torcidas organizadas, pena reforçada pelo Pleno.

ge contatou o STJD para esclarecimento de quantos jogos o Sport ainda precisa cumprir, de fato. Porém, a assessoria de comunicação da entidade afirmou que cabe à Diretoria de Competições da CBF informar o que já foi cumprido. O próprio clube pernambucano ainda aguarda a informação.

– Por maioria, o Pleno deu provimento ao recurso do Sport para fixar a pena a quatro partidas sem a torcida organizada, ou seja, com menos 25% da carga de ingressos – concluiu o presidente do STJD, José Perdiz.

O julgamento ocorreu na sede do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo. O STJD foi provocado pela Federação Cearense de Futebol, que reforçou o desejo de uma punição maior, mas acabou não sendo atendida.

Mudança de entendimento

Felipe Bevilacqua, auditor-relator, modificou a sua visão em relação ao julgamento em primeira instância, quando indicou oito jogos de punição e foi acompanhado de forma unânime pela Segunda Comissão Disciplinar.

Desta vez, acatando argumentos do Sport, que destacou ter sido o ataque ao Fortaleza um “caso de segurança” pública, Bevilacqua defendeu que o clube fosse punido apenas parcialmente, acatando parte do recurso rubro-negro, transformando a perda integral em parcial.

Bevilacqua sugeriu manter o veto à entrada de torcidas organizadas no estádio – mantendo o setor Sul Inferior da Arena de Pernambuco fechado por de quatro a seis partidas – mais multa de R$ 100 mil.

Ao final, o Pleno decidiu pelo fechamento de 25% do estádio em quatro partidas totais, incluindo, obrigatoriamente, o setor da torcida organizada, que estará proibida de acessar o estádio.

Ônibus do Fortaleza deixou rastros do atentado sofrido no Recife — Foto: Reprodução

Ônibus do Fortaleza deixou rastros do atentado sofrido no Recife — Foto: Reprodução

Defesa e acusações

Representante da Federação Cearense de Futebol, que provocou o STJD no pedido de punição ao Sport, Eugênio Vasquez, diretor jurídico da instituição, pediu que o Sport fosse punido com 10 jogos de portões fechados e multa R$ 100 mil.

O pedido foi baseado no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que versa sobre “deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir: desordens em sua praça de desporto”.

Na defesa rubro-negra, o vice-presidente jurídico do clube, Rodrigo Guedes, destacou que o Sport contratou, para o jogo contra o Fortaleza, 340 seguranças, conforme solicitado pela Secretaria de Segurança Social de Pernambuco (SDS-PE).

O representante do Sport ainda destacou que o ataque ocorreu a oito quilômetros da praça esportiva – além do perímetro de cinco quilômetros que determina o raio de responsabilização do clube.

Além disso, Guedes ressaltou que o clube iniciou um movimento nacional contra a violência no futebol, com visitas, entre outras, ao Ministério do Esporte e ao Superior Tribunal de Justiça.

Por fim, observou que seis pessoas foram identificadas e presas pela Polícia Civil de Pernambucano. Atualmente, o número de presos de maneira provisória subiu para seis.

Em defesa da punição do Sport, Ronaldo Piacente, procurador-geral do STJD, pediu que fosse mantida a punição da primeira instância. Com a palavra, ele destacou que a torcida do Sport tem um histórico de violência, e é “considerada uma das torcidas mais violentas do Brasil”.

– Mesmo com a polícia atuando, percebe-se que não há uma efetividade. Isso acontece até mesmo entre mulheres, que brigam entre elas. Fecha estádio e eles brigam na rua com portões fechados. A segurança pública faz o que pode, mas não está conseguindo garantir de segurança ao evento – disse. (GE)