O atento leitor cuiabano já deve ter “pulado da cadeira”, pois Cuiabá está fazendo 305 anos, não 350 (como está no título do artigo) neste 8 de abril de 2024. Mas dizem os especialistas que uma das melhores maneiras de se prever o futuro é ajudando a construí-lo. Então, que tal aproveitarmos este aniversário para pensarmos como queremos nossa querida Cuiabá daqui a 45 anos?

Me transporto então para o longínquo ano de 2069, quando terei quase 95 anos de idade, começo a passear pela bela cidade que foi construída com a colaboração de cada um que ama esta terra e com muita cobrança sobre nossos agentes públicos. O exercício não é fácil, pois envolve uma mistura de futurologia com desejos, de achismos com realidades possíveis. Mas vamos passear…

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A primeira coisa que me chama a atenção é como Cuiabá conseguiu se modernizar sem desprezar o seu passado histórico. Regiões históricas da cidade como o Bairro do Porto, o Centro e tantas outras passaram por um processo de reurbanização espetacular: prédios antigos foram restaurados como originais, e os novos seguem o mesmo padrão arquitetônico dos anos 1800 e 1900 em suas fachadas para que os olhos dos passantes sejam encantados pela bela arquitetura da cidade.

Os novos conjuntos habitacionais, mesmos os mais populares, não ficam em nada devendo aos antigos condomínios horizontais fechados que dominavam a cena nos anos 2020: são seguros, dotados de belíssimos equipamentos públicos como escolas, unidades de saúde, praças e centros de lazer e esporte. As ruas iluminadas, arborizadas e com os climatizadores urbanos, que funcionam com água reciclada e energia fotovoltaica, tornaram o clima mais ameno em nossa Capital.

Cuiabá desponta como uma das melhores cidades do mundo em qualidade de vida. Aliás, neste quesito Cuiabá foi eleita uma das três cidades mais saudáveis para se viver num ranking nacional, porque o programa de vida saudável do município (que foi inclusive premiado pela ONU por duas vezes) elevou a qualidade de vida e praticamente erradicou todas as doenças crônicas tratáveis da cidade. Cuiabá é exemplo para o mundo!

É bem verdade que a tecnologia ajudou muito neste processo: a utilização de inteligência artificial mapeou precisamente as ações que precisavam ser tomadas em saúde pública na nossa cidade, mudou o enfoque sobre saúde e, ao invés de tratarmos graves efeitos colaterais de doenças urbanas, passamos a agir nas suas causas. Menos doentes, menos hospitais lotados, menor custo para o sistema de saúde pública em nossa capital. O plano de saúde privado só tem para quem quer utilizar em outras cidades, porque em Cuiabá, assim como na França, o sistema de saúde funciona com excelência, com telemedicina e rastreamento ativo dos pacientes habitantes. É tanta eficiência que o remédio quase chega antes para solucionar todo e qualquer problema.

A tecnologia também auxilia na educação, em que cada aluno é acompanhado e tem suas aptidões e desejos mapeados desde os primeiros anos de sua tenra infância. As notas baixas não resultam mais em reprovação, mas sim em aulas virtuais especializadas que os levam ao patamar de conhecimento necessário. Se formam no Ensino Médio já com bolsa de estudos para cursos superiores e aprendem para a vida!

Na mobilidade urbana, os corredores urbanos que priorizam o transporte coletivo finalmente fizeram com que nos livrássemos da necessidade de ter um carro ou moto para viver com qualidade aqui. É possível atravessar a cidade em 20 minutos, com conforto e segurança em qualquer dos meios de transporte públicos implantados. Ah, e a decisão de proibir a entrada de veículos movidos a combustíveis fósseis em 2035 no perímetro urbano fez com que a qualidade do ar por aqui tenha se tornado uma das melhores do planeta.

Enfim, tantas melhorias que é difícil acreditar naquela cidade esburacada e desorganizada de 2024 que já tivemos. O amor dos cuiabanos e a inteligência coletiva produziram uma das mais belas, e na minha modesta opinião, a melhor cidade para se viver neste país em 2069.

O artigo está ótimo, mas preciso parar por aqui. Vou à oficina consertar meu carro que caiu num buraco “invisível” durante um alagamento provocado por uma chuva. Daqui até lá, serão pelo menos 40 minutos de trânsito infernal no calor de 40 graus.

*GUSTAVO PINTO COELHO DE OLIVEIRA   é empresário em Cuiabá-MT. Também foi secretário de Estado, presidente da Federação das Indústrias (Fiemt) e do Movimento Mato Grosso Competitivo.

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