A ascensão da inteligência artificial traz consigo uma série de questões éticas que demandam reflexões e debates. Enquanto a IA promete revolucionar diversos setores da sociedade, desde a medicina até a economia, também levanta preocupações sobre o uso responsável e ético dessa tecnologia.
A questão da responsabilidade é central quando se trata de IA. Como observou o filósofo de Oxford, Nick Bostrom (“A máquina superinteligente será a última invenção da humanidade”), a autonomia da IA levanta questões sobre quem é o responsável por suas ações e decisões. Em um mundo onde sistemas autônomos podem tomar decisões críticas sem intervenção humana, é fundamental estabelecer padrões éticos e legais para garantir a responsabilidade e prestação de contas.
Outra preocupação ética é o viés algorítmico, que pode levar à discriminação e injustiça. Como a IA é treinada com dados históricos, ela pode reproduzir e amplificar preconceitos existentes. A filósofa Kate Crawford argumenta que a IA reflete os valores e preconceitos de seus criadores (reprodução de estereótipos), destacando a necessidade de garantir a diversidade e inclusão na concepção e desenvolvimento desses sistemas.
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A coleta massiva de dados dessa magnitude levanta preocupações sobre privacidade e transparência. O filósofo Luciano Floridi (“A inteligência artificial está reconstruindo o mundo”) defende uma abordagem ética baseada na transparência e controle dos dados pessoais, garantindo que os indivíduos tenham conhecimento e controle sobre como suas informações são usadas pela IA.
A IA também apresenta riscos significativos à segurança e ao futuro da humanidade. O filósofo e cientista da computação Stuart Russell, tido como um dos pensadores mais influente no assunto, alerta para o perigo de sistemas de IA mal projetados ou maliciosos, que poderiam representar uma ameaça existencial à humanidade. A ética da segurança desse processo interativo exige uma abordagem precaucionaria, garantindo que os sistemas sejam projetados com segurança, respeitando os valores humanos fundamentais.
Apesar dos desafios, esse mecanismo de “inteligência” também oferece oportunidades para aprimorar a compreensão ética e empática, conforme a filósofa Martha Nussbaum, que argumenta que a interconexão global proporcionada pela IA pode promover a empatia e a compreensão entre diferentes culturas e perspectivas, expandindo o círculo de preocupação moral e promovendo um mundo mais justo e solidário.
A ética direcionada à inteligência artificial é um campo em constante evolução, que exige uma abordagem interdisciplinar e colaborativa. Ao enfrentar os desafios éticos nessa quadra, é essencial buscar soluções que respeitem valores humanos fundamentais, como justiça, liberdade e dignidade. Um exemplo está no pensamento de Wendell Wallach, que propõe uma percepção ética centrada na colaboração entre especialistas técnicos, filósofos, legisladores e a sociedade civil, garantindo que as preocupações com os valores de densidade humana sejam incorporadas ao design e implementação da IA.
O avanço da inteligência artificial, por outro viés não menos preocupante, levanta questões sobre empoderamento e desigualdade. Enquanto alguns argumentam que ela tem o potencial de democratizar o acesso ao conhecimento e à tecnologia, outros alertam para o risco de aprofundar ainda mais as disparidades socioeconômicas. Por isso, o filósofo Thomas Piketty destaca a importância de políticas públicas que garantam a equidade na distribuição dos benefícios da IA e combatam a concentração de poder nas mãos de poucos.
O pensamento crítico e reflexivo é fundamental nessa nova ordem tecnológica. A inocência e o “panfletarismo” devem ser abandonados. Heidegger já enfatizava a importância da autoconsciência e da reflexão crítica na busca da autenticidade ética, incentivando os indivíduos a questionarem seus valores e assumir a responsabilidade por suas ações. Vale afirmar: não adianta responsabilizar as máquinas.
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto) é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá. E é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).
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