Parte do círculo familiar de Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como WT, o tesoureiro do Comando Vermelho em Mato Grosso, também tem papel ativo na facção criminosa. Esposa, sogra e irmão de WT atuavam na lavagem de dinheiro, ocultação de bens e como ‘laranjas’, conforme demonstrado pela investigação conduzida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, no âmbito da ‘Operação Apito Final’. Ao todo, 25 pessoas estão sendo investigadas pelas autoridades. Elas fazem parte do núcleo de confiança de WT. Dessas, vinte, incluindo WT, o irmão e a esposa, já estão presas.
Segundo a apuração policial, Cristiane Patrícia Rosa Prins, a esposa de Paulo, era a responsável por lavar dinheiro em benefício da organização criminosa, através de manobras para ocultar o patrimônio. Como exemplo está a aquisição do apartamento no Edifício Arthur, em Cuiabá, adquirido com o auxílio de outra investigada, Mayara Bruno Soares, e pago com dinheiro em espécie, entregue por Alex Junior Santos de Alencar, o ‘Soldado’.
Sob a orientação de Mayara, Cristiane transferiu valores da conta bancária de sua madrasta, Maria Aparecida Coluna Almeida, para a conta do Supermercado Alice, usado pela organizção criminosa (Orcrim) na lavagem de dinheiro, para só então transferir os valores à construtora, proprietária do prédio. Mayara também sugere que Cristiane compre outro apartamento no mesmo edifício, o que é acatado por ela.
Além dos bens imóveis, a esposa de WT também comprou um Mitsubishi Eclipse no valor de R$ 169 mil e um Honda Civic, que custa R$ 150 mil, cujos pagamentos foram realizados por terceiros, Joventivo Xavier e o filho dele, Roberto Roger Xavier.
As movimentações financeiras são uma forma de despistar as autoridades, uma vez que a ‘turma de WT’ já estava na mira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Mesmo sem ter nenhum vínculo empregatício ou renda lícita comprovada, ela é proprietária de três veículos e já teve registrados outros dois automóveis com valores que, somados, chegam ao montante de R$ 282 mil.
Ainda de acordo com os autos, Cristiane já é ‘velha conhecida’ das autoridades, por ter sido alvo de outras operações que apuraram lavagem de dinheiro.
IRMÃO DE WT – VULGO “FAGUINHO OU VAGUINHO”
Fagner Farias Paelo, que pretendia se lançar à Câmara Municipal de Cuiabá como vereador, também desempenhava papel importante na facção criminosa. Ele operava a ocultação de patrimônio em benefício do grupo. Tendo declarado o cargo de ‘motorista’ como ocupação lícita, ‘Faguinho’ movimentou mais de R$ 3 milhões.
Na quebra de sigilo bancário, a polícia identificou que o alvo fez movimentações bancárias que totalizaram R$ 3.562.399,86 em crédito e R$ 3.571.104,45 em débitos.
Fagner também figura como proprietário de duas empresas, o Supermercado Alice, que é utilizado para lavar dinheiro do Comando Vermelho, e o Mercado Alice F Paelo Ltda. Além disso, o irmão de WT tem patrimônio estimado em R$ 2 milhões, sendo um imóvel residencial no valor de R$ 200 mil e três caminhões na importância de R$ 530 mil, R$ 535 mil e R$ 130 mil.
A sogra de Paulo Witer, Maria Aparecida Coluna Almeida, serviu de laranja para a constituição do já mencionado Supermercado Alice. Ela se declarou como baixa renda e recebeu auxílio-emergencial concedido pelo governo federal durante o período da pandemia de covid-19 no país.
No entanto, fez transações financeiras que passam da cifra de R$ 200 mil. Maria Aparecida também alienou dois terrenos onde o mercado Alice está situado. O valor declarado da compra dos lotes foi de R$ 60 mil. Contudo, foram transferidos para Faguinho, meses depois, por R$ 563 mil.
(HNT)