Os relacionamentos humanos têm explorado novas modalidades que, em outros momentos históricos, pareciam impensáveis. Uma delas é o poliamor, que envolve a prática de manter paralelamente vários relacionamentos românticos e/ou sexuais consentidos.
Agora, pesquisadores estão se debruçando sobre essas mudanças para tentar entender o que tem levado tanta gente a buscar ter vários pares ao mesmo tempo.
As razões que levam as pessoas às relações poliamorosas
O poliamor consensual está cada vez mais frequente em diferentes países. Estatísticas recentes mostram que de 4% a 5% dos americanos são poliamorosos, e 7% dos britânicos já tiveram uma relação desse tipo pelo menos uma vez em sua vida.
De acordo com um novo estudo, os indivíduos poliamorosos fogem do estereótipo de que seriam sujeitos com fobia de compromisso. Na verdade, eles têm um forte desejo de conexão com os outros e valorizam a autonomia. Ou seja, tudo muito diferente do que aqueles que julgam essas pessoas como amorais e promíscuas.
No estudo, os pesquisadores tentaram investigar a razão pela qual as pessoas escolhem essa forma de não monogamia. De acordo com o relatado pelos autores em seu artigo, “do ponto de vista do stress das minorias, os membros de uma população estigmatizada enfrentam frequentemente uma série de experiências negativas, como a discriminação e o assédio, cujos efeitos nocivos contribuem para disparidades na saúde física e mental”, aponta o texto.
A pesquisa foi realizada a partir de uma amostra composta por 63 participantes, todos com mais de 18 anos e moradores dos Estados Unidos, e que estavam ativos no fórum “r/poliamor” no Reddit.
As nuances secretas das relações poliamorosas
Os pesquisadores também coletaram diversas informações sobre os participantes, como dados demográficos sobre idade, sexo, orientação sexual, raça/etnia e renda familiar. Isso possibilitou que eles por fim identificassem quatro temas importantes para essas pessoas: alinhamento de valores, fatores de relacionamento, estímulos externos e sexualidade.
No primeiro ponto, elas descrevem que o poliamor é o que se adapta melhor aos seus valores no que diz respeito aos relacionamentos amorosos. Algumas pessoas apontaram que tinham essa consciência desde a adolescência, enquanto outras descobriram depois de adultas.
Já no quesito fatores de relacionamento, os participantes relataram ter uma aversão às normas sociais da monogamia, e encontraram na não monogamia consensual mais espaço para as suas necessidades.
O terceiro tema, estímulos externos, diz respeito ao que as pessoas disseram sentir por outros indivíduos fora do seu relacionamento primário. Elas passaram a cogitar o poliamor após ver representações positivas na mídia ou mesmo experiências bem sucedidas entre os amigos.
Por fim, o quarto tema, da sexualidade, aponta ao fato de que muitas pessoas se envolveram com o poliamor porque queriam explorar mais a própria sexualidade. Suas motivações sexuais foram um dos elementos cruciais para procurar vários parceiros ao invés de um só.
Segundo os pesquisadores, embora o estudo tenha a sua limitação, ele atingiu resultados que desafiam os estereótipos comuns que muita gente carrega do poliamor tendo como base avaliações morais.
“As presentes descobertas contrariam os estereótipos existentes de pessoas poliamorosas como ‘fobias de compromisso’ ou de relacionamentos poliamorosos como insustentáveis. Em vez disso, os participantes descreveram ter alcançado um crescimento pessoal e de relacionamento significativo por meio da busca pelo poliamor. Compreender as motivações de autonomia e relacionamento dos indivíduos envolvidos no poliamor tem a capacidade de contribuir para intervenções de psicologia positiva para combater os estigmas internalizados dos indivíduos envolvidos no poliamor”, concluíram os autores.