A preservação da floresta amazônica só se dará de forma eficaz com a realização do manejo florestal. Esta foi uma das principais conclusões dos palestrantes que participaram da 2ª edição do “Madeira Sustentável – O Futuro do Mercado”, realizado na última sexta-feira (15.03), no Rio de Janeiro. O evento, que reuniu comerciantes de madeira nativa, engenheiros, arquitetos, designers de interiores e outros profissionais, foi realizado pelo Fórum Nacional de Atividade de Base Florestal (FNBF), em parceria com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem).
Na abertura do evento, o presidente do FNBF, Frank Rogieri, explicou como se dá o manejo florestal sustentável e o quanto ele contribui para que a floresta realize o sequestro de carbono de forma eficiente. Rogieri destacou que o manejo retira, por hectare, de três a cinco árvores que já estão em processo de envelhecimento, abrindo espaço para que outras árvores cresçam e sigam no sequestro do gás carbônico emitido na atmosfera. “E, todos podem ter certeza de que, em se tratando de construção civil, não há nenhum material utilizado que seja tão sustentável e renovável quanto a madeira”.
Presidente do Cipem, Ednei Blasius ressaltou o potencial do setor e a qualidade dos produtos ambientais de Mato Grosso. Em sua apresentação, ele detalhou como se dá a descarbonização da construção civil com uso da madeira e tratou do incentivo à conservação ambiental mediante a aquisição de produtos extraídos de áreas de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). “Em Mato Grosso, há um sistema de rastreabilidade que é modelo para muitos produtos e estados, que assegura a origem da madeira nativa. Tudo isso pode ser acessado por um QR Code que está em cada tora produzida”.
Na mesma linha, a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Mauren Lazaretti, explicou que os sistemas utilizados no estado asseguram a existência de uma cadeia de custódia real para a madeira extraída por meio do manejo florestal. Ela, que também é presidente da Associação Brasileira de Meio Ambiente (Abema), encorajou os consumidores a adquirirem a madeira nativa produzida em Mato Grosso. “A produção de madeira é a principal forma para gerar empregos e renda e manter a floresta em pé”.
Secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda salientou o fato de Mato Grosso preservar 62% do seu território e, mesmo assim, ser líder nacional e, em alguns casos, mundial, na produção de gergelim, carne bovina, soja, milho, algodão e etanol de milho. “Somos o estado que mais produz e que mais preserva o meio ambiente. Temos apoiado muito o setor de base florestal, porque sei do seu potencial e da sua importância”.
Um dos vice-presidentes do FNBF, Deryck Pantoja Martins apresentou aos presentes o trabalho realizado no Pará. Ele explicou que, diferentemente de Mato Grosso, em que o manejo se dá em propriedades privadas, no caso do estado vizinho a atuação do setor ocorre majoritariamente por meio de concessões. “São aproximadamente 1,8 milhões de hectares, que nos possibilitam gerar, direta e indiretamente, 80 mil empregos e investir quase R$ 4 milhões em projetos sociais”.
Diretor de Concessões do Serviço Florestal Brasileiro, Renato Rosenberg defendeu o modelo adotado no Pará e em outros estados da Amazônia Legal e projetou a ampliação do número de concessões pelos próximos anos. Ele citou como exemplo o resultado obtido com uma unidade de manejo florestal na floresta nacional de Altamira, no Pará. “O que pudemos notar é que o desmate ilegal se dá justamente fora da área em que há o manejo florestal”.
Responsável por diversos projetos e construções que possuem a madeira como destaque, o arquiteto Roberto Lecomte apresentou diversos trabalhos realizados por ele aos presentes, como um restaurante no Distrito Federal. Além disso, ele revelou aos presentes projetos realizados por outros profissionais que consistem em edifícios construídos com madeira, como em Oslo, na Noruega.