Pesquisas recentes mostram que a maioria das empresas brasileiras tem menos de 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro funcional. Com o objetivo de reverter esse quadro e combater o “etarismo” (discriminação pela idade), empresas de recrutamento e seleção de Mato Grosso têm atuado na conscientização sobre o tema que afeta principalmente as mulheres.

A psicóloga Cristina Ohara, consultora associada de RH da Brandão Governança, pós-graduada em Gerontologia pela Faculdade Israelita Albert Einstein com atuação em etarismo, longevidade, relações intergeracionais e psicologia do envelhecimento, destaca que é importante desmistificar estereótipos de que pessoas com mais de 50 anos são menos capazes, dinâmicas, adaptáveis ou menos preocupadas com a tecnologia que os trabalhadores mais jovens.

“Infelizmente, ainda existem crenças negativas em relação às mulheres, que naturalmente acumulam mais funções na família como cuidadoras de idosos e crianças. Somado a isso, há questões referentes à menopausa que levam a conclusões equivocadas de que elas não conseguiriam equilibrar responsabilidades pessoais e profissionais ou que seriam menos comprometidas com a carreira e por isso menos produtivas”, explica a especialista.

A mudança da cultura “etarista” pode ser benéfica para as organizações, já que o perfil do profissional com mais de 50 anos é de maturidade e foco no trabalho, além de agregar mais experiência de vida. “São pessoas que costumam já ter filhos criados, casa e estão trabalhando não só por necessidade, mas por um propósito, um exemplo para os mais jovens”, pontua Cristina, que orienta empresas a desenvolver treinamentos para sensibilização de políticas e práticas inclusivas, bem como programas de melhoria contínua.

A profissional da área de Recursos Humanos, Odenilza Amorim, 53 anos, que possui pós-graduação em Gestão de Pessoas e Liderança de Equipe, conta que sentiu o peso da idade quando se mudou para o interior de Mato Grosso e tentou uma recolocação nas empresas da região.

“Resolvi me mudar para Sinop para ficar mais próxima dos meus pais e apoiar meus sobrinhos e o meu irmão que perdeu a esposa na pandemia (faleceu de Covid). Chegando na cidade, distribuí muitos currículos, algumas empresas até me chamavam para entrevista, mas quando eu falava a minha idade, não era selecionada. Eu me sentia mal por perceber que preenchia as qualificações, tinha experiência, mas a minha idade era o fator principal para a desclassificação”, relata a profissional.

Mesmo com as negativas, Odenilza continuou se candidatando para a vagas compatíveis com seu perfil, mas conta que é desafiador concorrer com candidatos que possuem a metade da sua experiência. “Estava com 50 anos competindo por uma vaga com pessoas de 25, 30 ou 35 anos, mas eu precisava trabalhar, como preciso hoje, por isso persisti até conseguir um novo emprego, só que havia um detalhe, o salário era bem abaixo do valor de mercado”.

Recentemente, ela passou por um novo processo de seleção, realizado pela Brandão Governança, para uma vaga de analista, em que fez todas as etapas e foi aprovada. “Estou muito feliz por não ter desistido de acreditar em mim mesma, penso que as empresas precisam apostar nas mulheres, principalmente as “cinquentonas”, como eu, que podem agregar muito em rede e contatos, maturidade, diversidade e claro, experiência”, avalia.

Para a Soraia Queiroz Onofre, 59 anos, graduada em Ciências Contábeis que atua como gerente do Administrativo Financeiro, o envelhecimento é algo desafiador em todos os sentidos e não só no profissional, porém, devido à alta rotatividade dos profissionais CLT, as empresas passaram a enxergar a responsabilidade, o comprometimento e a inteligência emocional como um diferencial nos profissionais dos 50 anos.

“A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Apesar de ainda termos desigualdades salariais, muitas de nós conquistaram espaços importantíssimos no âmbito profissional. Sou otimista, acredito que o respeito, a equiparação de direitos entre homens e mulheres e a compreensão mútua devem ser o fio condutor a guiar a humanidade nas nossas relações”, finaliza Soraia.

Adaptação das empresas

O envelhecimento da população é uma realidade a ser enfrentada no Brasil. Dados do IBGE mostram que de 2012 a 2019, a parcela da população com mais de 50 anos saiu de 23% para 28%. A tendência é a aumentar ainda mais até 2040, quando 6 em cada 10 trabalhadores brasileiros terão mais de 45 anos de idade.

Apesar dessa mudança no perfil populacional, uma pesquisa da empresa Ernst & Young e a agência Maturi, de 2022, realizada em quase 200 empresas brasileiras, mostrou que 78% delas dizem ter barreiras para contratação de trabalhadores nessa faixa de idade. “Essa situação vem gerando um déficit muito grande de empregos para esta parcela de trabalhadores. A proposta do nosso trabalho é combater o etarismo, o que vai beneficiar não só os profissionais e suas famílias, como as empresas”, finaliza a consultora Cristina Ohara.

Outras informações – Saiba mais sobre o trabalho de recrutamento e seleção da Brandão Governança https://brandaogovernanca.com.br/vagas/ (65) 98126-1418.

(Fonte: Rose Domingues/Assessoria de Imprensa Brandão Governança)