GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO

Num reino distante do pensamento, a Filosofia despertou para a consciência. No início, vagueava pelas terras da Mitologia, indagando sobre a origem do mundo e o significado dos mitos que ecoavam através das colinas. Ali, encontrou Tales de Mileto, que, ao contemplar as estrelas, buscou entender o cosmos através da água, origem e essência da vida.

Conforme caminhava, a Filosofia deparou-se com Pitágoras, um misterioso sábio que via o mundo através dos números, enxergando neles uma harmonia oculta. As ideias começaram a se entrelaçar como os fios de sua famosa sequência, e assim nasceu uma nova abordagem ao conhecimento.

Continuando sua jornada, encontrou Sócrates, um mestre da praça pública, que, com suas perguntas incisivas, conduzia os pensadores a confrontar suas próprias crenças. Seu discípulo, Platão, ergueu a Academia, onde as ideias abstratas dançavam como sombras nas paredes da caverna, explorando o mundo das Formas.

A Filosofia, então, cruzou o Jardim de Epicuro, onde as sementes da busca pela felicidade foram plantadas. Epicuro e seus seguidores contemplavam a vida, defendendo o prazer moderado como caminho para a tranquilidade.

No auge da Antiguidade, encontrou-se com o Imperador Marco Aurélio, um filósofo no trono, cujas “Meditações” refletiam sobre a virtude e o dever no turbilhão da vida.

Contudo, aquela que ama a sabedoria não descansava. Durante a Idade Média, nos corredores de mosteiros, debateu com Agostinho de Hipona sobre o pecado e a salvação. Em seguida, no califado de Córdoba, encontrou-se com Averróis, que, por meio da razão, tentou reconciliar o pensamento de Aristóteles (discípulo de Platão) com a teologia islâmica.

Ao emergir da Idade Média, a Filosofia floresceu no Renascimento. O racionalismo de Descartes questionou tudo, até mesmo sua própria existência. Por sua vez, Spinoza, com sua visão panenteísta, propôs que Deus e natureza eram uma só entidade.

A jornada filosófica guiou-se pela Ilustração, onde Locke e Rousseau discutiam sobre os direitos naturais do homem. Voltaire, o mestre da sátira, proclamava a tolerância, enquanto Montesquieu esboçava a separação de poderes.

Logo após a Crítica da Razão Pura de Kant, nasce Schopenhauer e com ele um modo pessimista de filosofar; seguindo o apogeu do pensamento alemão com a publicação Fenomenologia do Espírito, de Hegel.

A Filosofia navegou pelos mares turbulentos da Revolução Industrial, enfrentando as análises críticas de Marx sobre a luta de classes. Nietzsche proclamou a morte de Deus, e não foi compreendido, enquanto Kierkegaard mergulhava nas profundezas da existência individual.

No século XX, os pensadores se multiplicaram como estrelas no firmamento. Wittgenstein analisava a linguagem, enquanto Sartre proclamava a existência precedendo a essência. Popper erguia o estandarte da falsificabilidade, e Arendt alertava sobre a banalidade do mal.

Nos confins do século XX e adentrando o XXI, a Filosofia enfrenta novos desafios diante do avanço da tecnologia, da globalização e das complexidades sociais. Na era digital, filósofos exploram as implicações éticas da inteligência artificial, enquanto ecoam as palavras de Heidegger sobre a essência da tecnologia.

No cenário pós-moderno, a Filosofia torna-se fragmentada, com Derrida desconstruindo certezas e Foucault questionando as estruturas de poder. A pluralidade de vozes ressoa, com feministas como Beauvoir e Luce Irigaray desafiando a hegemonia do discurso masculino.

Em cada pensamento, cada debate, a Filosofia ilumina as sombras da ignorância, oferecendo uma lanterna para explorar os recantos mais profundos da mente humana.

É por aí…

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO tem formação em Filosofia, Sociologia e Direito.

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