Júnior Santos fez quatro gols na goleada do Botafogo por 6 a 0 contra o Aurora, nesta quarta-feira, no Nilton Santos, e virou o maior artilheiro do clube na história da Libertadores. O atacante se igualou a Jairzinho, Dirceu e Rodrigo Pimpão, todos com cinco gols.

  Realmente, estou vivendo um sonho de jogar no Botafogo. Trabalhei bastante para alcançar minhas metas. Fico muito feliz de alcançar essa marca juntamente com jogadores muito importantes que vestiram e honraram a camisa do Botafogo. Comecei a jogar profissionalmente com 23 anos, não imaginava isso – disse Júnior Santos.

– É um grande sonho, é uma noite especial. Vai ficar marcado na minha vida. – prosseguiu.

Artilheiros do Botafogo na história da Libertadores — Foto: ge

Artilheiros do Botafogo na história da Libertadores — Foto: ge

De quebra, foi a primeira vez que um jogador do Botafogo fez quatro gols em um jogo de Libertadores. Júnior Santos já havia feito um gol no duelo de ida, na Bolívia, no empate por 1 a 1.

– Já tinha feito hat-trick, mas quatro gols é a primeira vez. Trabalhei e me esforcei bastante. Quando a gente vê os resultados, fica muito feliz, não só eu como toda a equipe. Fizemos um grande jogo, temos que manter a pegada durante a temporada porque temos um grande time – disse Júnior Santos.

Nesta noite, Tiquinho Soares e Savarino marcaram os outros gols do time. Com a vitória, o Botafogo disputa a próxima fase de mata-mata da Pré-Libertadores contra o Bragantino. Quem vencer entra na fase de grupos da Conmebol Libertadores. Quem perder, disputa a Sul-Americana.

Jogar com Tiquinho
O Tiquinho é um cara diferente. Ele consegue girar bem, encontrar os espaços. A gente consegue atacar em profundidade, e ele achar bons passes. Hoje fez uma grande partida, conseguiu marcar gol, e eu fico muito feliz pelo desempenho dele porque é um grande atleta. Vai dar muita confiança para a equipe, e eu fico feliz de jogar com um cara da qualidade do Tiquinho.

Abraço em Tiquinho
Não vou direcionar esse protesto à torcida. A gente não sabe quem pichou, os verdadeiros torcedores estavam nos apoiando e sempre nos apoiaram. Os torcedores deram combustível e quero parabenizá-los pela festa que fizeram. A torcida ama o Tiquinho, sabe o que ele fez e continua fazendo pelo Botafogo. É um jogador muito importante, mais uma vez mostrou sua qualidade. Todos passamos por momentos difíceis na vida, normal, mas a gente sempre consegue dar a volta por cima. Tenho certeza que agora é a virada de chave.

Apelidos no elenco
O Jacaré foi uma brincadeira com o Tiquinho que acabou viralizando, a gente brincando. O Raio eu ganhei quando jogava no Fortaleza, fui artilheiro da equipe na Copa do Nordeste e fui campeão. A torcida botou esse apelido de Raio Negro. Eu prefiro ser chamado de Raio (risos).

Perseverança
Quando cheguei aqui, eu falei que quem esperava algo de mim que iria ver a resposta dentro de campo. Eu não acreditei em mim por muito tempo. Me viram potencial com 23 anos, na várzea, e eu joguei. A chave do sucesso é o trabalho e a confiança em si mesmo. Não ligo para o que falam de mim e que eu não vou conseguir. Não ligo para quem diz que não é possível.

Mano, eu vou errar, tentar fazer novamente. Aos 23 anos, eu fui para São Paulo e ouvi alguém dizer que estava tarde para eu jogar futebol. Mas eu acreditei e consegui. Durante a trajetória vimos muitas pedras pelo caminho, mas temos que ter fé em Deus para vencer as dificuldades.

Agradecimento ao pai
Sobre meu pai, eu me emocionou muito ao falar dele porque ele acreditou mais em mim do que eu mesmo. Desde a minha infância, quando comecei a jogar futebol, meu pai sempre foi um apoiador. Não tínhamos condições, e ele dava de tudo para eu estar jogando. Eu, com 16 anos, não queria mais saber de futebol e achava que eu não ia dar em nada.

Meu pai sempre acreditava em mim, e eu fui uma criança muito rebelde, não ouvi meu pai e quebrei muito a cara na vida. A partir do momento em que eu botei a cabeça no lugar e passei a ouvir meu pai, eu tive a oportunidade de ir para São Paulo. Passei certas dificuldades e quis voltar.

Lembro que ele falou comigo que se eu voltasse ele não ia mais falar comigo. Para nós que somos do interior, ir para São Paulo é o mundo. Meu pai nunca tinha ido a São Paulo, nunca tinha saído da Bahia. Então meu pai foi um guerreiro, ele acreditou em mim. Se estou aqui, tenho certeza que ele tem uma grande contribuição. (GE)