O promotor Jaime Romaquelli, do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), pediu a revogação da prisão domiciliar do empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, réu por dois homicídios qualificados, sendo um deles o feminicídio de Thays Amorim, sua ex-namorada. Pedido assinado nesta quarta-feira (21) revela que não foram aportados aos autos documentos que comprovem a ‘extrema debilidade’ de Carlos Alberto. A suposta condição precária de saúde do réu serviu como justificativa para interromper a prisão preventiva em novembro de 2023.

Para o promotor, o retorno de ‘Carlinhos’, como o empresário é conhecido, à prisão não trará nenhum prejuízo à saúde dele. Conforme Romaquelli, todos os tratamentos mencionados pela defesa de Carlos Alberto podem ser previamente agendados e acompanhados por policiais penais. Com relação ao diabetes, o promotor sustentou que há possibilidade da doença ser monitorada dentro do presídio. “Se há necessidade de manutenção do remédio em geladeira, que se coloque um frigobar na cela do acusado”, disparou o representante do MP na peça.

No documento, Romaquelli ainda questionou a credibilidade da Justiça sugerindo que o elevado status político-social de ‘Carlinhos’, filho do cacíque do MDB, Carlos Gomes Bezerra, tem dado musculatura a ‘contorcionismos na interpretação da lei’, permitindo que ele fique solto, enquanto outros criminosos nas mesmas condições permanecem presos.

“A credibilidade da justiça estará em crise quando dezenas de réus nas mesmas condições de CARLOS ALBERTO encontram-se presos e ele, por ostentar elevado nível político-social, beneficia-se de contorcionismos na interpretação da lei, permanecendo em liberdade após a prática de delitos bárbaros como os cometidos”, diz trecho.

De acordo com o promotor, a defesa de Carlos Alberto tinha até 20 de fevereiro para juntar aos autos relatório médico que explicasse a situação de saúde dele antes da prisão domiciliar e depois de passar por tratamento. Contudo, o que foi apresentado foram documentos relativos a consultas e exames rotineiros, sem condão de comprovar a debilidade que justificou a domiciliar.

A defesa de ‘Carlinhos’, por outro lado, pediu não só a dilação de prazo da prisão domiciliar, como também a retirada do monitoramento eletrônico para que o empresário possa realizar exames específicos cujos equipamentos não comportam a tornozeleira.

“A permanência na prisão não trará nenhum prejuízo ao tratamento do réu CARLOS ALBERTO, pois, conforme exposto no laudo juntado pela defesa, há necessidade apenas da realização de mais exames e consultas, além da cirurgia de cataratas, o que pode ser feito com o agendamento por parentes e acompanhamento por agentes do sistema prisional. O diabetes mesmo, ao qual o laudo suspeito não dedicou nem uma linha, pode ser monitorado com o uso de medicamentos dentro do presídio”, contrapôs Romaquelli.

(HNT)