Embora tenha morrido aos 19 anos e reinado apenas por 10, o faraó Tutancâmon é até os dias de hoje um dos governantes mais discutidos da história. Entre os diversos mitos divulgados pelas mídias sociais, está o de que rei menino teria morrido de complicações médicas após fraturar a perna em um acidente durante uma corrida de bigas.

No entanto, uma autópsia virtual, liderada em 2005 pelo especialista em múmias Albert Zink, do Instituto de Estudo de Múmias de Bolzano, na Itália, realizada em conjunto com uma análise genética da família real de Tutancâmon, mostrou uma realidade diferente: o rei menino não poderia ter participado de corridas, pois tinha uma deficiência física e dependia de bengalas para se locomover.

A análise genética familiar encontrou evidências de que os pais do jovem faraó eram irmão e irmã. Segundo Zink, essa endogamia pode ter sido responsável por deficiências físicas desencadeadas por desequilíbrios hormonais, que levaram Tutancâmon a uma morte prematura, no final da adolescência.

Revelações da pesquisa mais recente sobre Tutancâmon

(Fonte: BBC)(Fonte: BBC)

Além dos graves problemas genéticos, o rei Tut real tinha dentes saliente, um pé torto e “quadris de menina”, aponta o estudo, que realizou mais de 2 mil exames computadorizados e ressonância magnética, sendo considerado o mais detalhado já feito até hoje.

Após descobrir a verdade sobre os pais do jovem faraó, Zink acredita que ele pode ter morrido de uma doença hereditária. O professor de cirurgia do Imperial College London, Hutan Ashrafian, explicou ao Daily Mail que diversos membros da família morreram de doenças aparentemente ligadas a desequilíbrios hormonais.

O radiologista egípcio Ashraf Selim declarou à publicação britânica que “a autópsia virtual mostra que os dedos dos pés são divergentes; em termos leigos, é pé torto. Ele estaria mancando muito”. Essas evidências de limitações físicas do rei Tut foram posteriormente confirmadas pela descoberta de 130 bengalas usadas em seu túmulo.

Tutancâmon: a verdade descoberta

(Fonte: BBC)(Fonte: BBC)

Essas revelações fazem parte do documentário Tutancâmon: a verdade descoberta, de 2014, disponível no YouTube. A pesquisa descobriu que o faraó menino nasceu depois que seu pai, Akhenaton, teve um relacionamento com a irmã. O incesto era uma prática comum entre os antigos egípcios, que desconheciam as consequências dessas uniões consanguíneas na saúde dos filhos.

Dizendo terem conseguido “acabar com alguns dos mitos e ideias pré-concebidas que cercaram sua vida e morte”, o apresentador Dallas Campbell revelou alguns detalhes bizarros, como a decisão de embalsamar o corpo do jovem rei com o pênis ereto, e coberto com um líquido preto, talvez para tornar sua pele já escura mais parecida com a de Osíris, um deus da fertilidade.

Isso faz sentido também no contexto histórico, pois o pai de Tutancâmon, Akhenaton, foi possivelmente assassinado por tentar negar o panteão de deuses egípcios e tentar implantar no país a adoração de um deus único: o solar Aton.

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