Um bom ambiente de negócios é uma das principais variáveis que determinam o crescimento econômico de um país, estado ou região. Quando favorável, determina a alocação de recursos pelo empreendedor privado e agentes do mercado de capitais que financiam a manutenção, criação e expansão dos negócios. Por sua vez, esses fatores influenciam diretamente a criação de empregos, a geração de renda e aumentam o consumo das famílias. A expansão de novas plantas industriais, novos pontos de comércio e produção agropecuária geram lucros que podem ser apropriados (fomentam o consumo) ou retornam sob a forma de novos investimentos. Em outras palavras, o bom ambiente de negócios faz a roda da economia girar, criando o que os economistas chamam de ciclo virtuoso da economia.

 

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Um conjunto de fatores formam o ambiente de negócios. Conjuntura externa, situação política do país e do estado, tendências econômicas e surgimento de novas tecnologias de comunicação e de produção. Legislação tributária e regulatória, hábitos de consumo também contribuem de forma considerável para melhorar o ecosistema de negócios. Em algumas palavras, ambiente político e social calmos, previsibilidade econômica, sustentabilidade ambiental, social e fiscal, taxa de juros neutra que permita ao mercado de crédito ser agente impulsionador de investimentos e não inibidor da produtividade e lucratividade das empresas.

Acompanho e estudo a economia mato-grossense desde 1982, quando me tornei economista de profissão. Dessa leitura cotidiana do ambiente econômico do estado, percebo a evolução constante da economia e dos negócios, especialmente a partir da década de 1990. Esse é o ano que marca o grande salto qualitativo da agropecuária estadual. Foi a partir daí que a agropecuária de Mato Grosso iniciou sua transformação numa plataforma industrial-exportadora, com absorção das inovações tecnológicas desenvolvidas pela estatal Embrapa, um robusto plano de oferta de crédito barato e alterações tributárias que favoreceram a exportação dessa produção em escala mundial.

Considero que o ambiente de negócios em Mato Grosso está bem favorável, descontado o sobressalto de 2020/2021, afetados pela pandemia da Covid-19. A situação política está definida e a alternância de poder garantida pelo processo democrático. As instituições de estado atuam em sua plenitude. Portanto, o arcabouço político-institucional não é uma ameaça para o investidor privado. O equilíbrio fiscal das contas estaduais tornou-se um valor exigido pela sociedade de todos os governantes, desde que a administração Dante de Oliveira conduziu as grandes reformas do aparelho estatal estadual, levando as contas públicas ao equilíbrio fiscal. Mesmo com alguns percalços anuais, o estado não atrapalha o crescimento econômico.

Somada ao exponencial crescimento da produção de bens agropecuários, a industrialização tomou impulso com o processamento de etanol de milho. Nos últimos anos, doze novas plantas industriais foram construídas em diversos municípios do estado. Avançam em direção ao centro produtivo agrícola duas ferrovias, uma saindo de Rondonópolis para Cuiabá e Lucas do Rio Verde e outra que vem de Goiás para Água Boa. A construção desses dois trechos ferroviários injetará aproximadamente R$ 22 bilhões na economia local até 2028. A expansão da malha ferroviária, com investimento privado, facilita a logística para levar a produção industrial e agropecuária aos centros de consumo e impulsiona o setor de serviços, contribuindo para o mercado de trabalho e qualificação da renda.

Cito dois exemplos que confirmam a expectativa de progresso dos negócios no estado. O noticiário econômico nacional divulgou nas últimas semanas que o grupo JBS, maior indústria de carne bovina e suína do mundo, decidiu entrar na produção de outro tipo de proteína animal: a produção de ovos. Vai adquirir a maior indústria de ovos do país, Indústrias Mantiqueira, que tem sua maior planta industrial instalada na cidade de Primavera do Leste.

Naturalmente, deve aumentar a produção de ovos no Brasil e em Mato Grosso. Membros da família Scheffer, com base operacional no município de Sapezal, adquiriram parte expressiva do controle acionário da maior empresa do agronegócio brasileiro, o Grupo SLC, que tem ações na Bolsa de Valores (B3) e grande parte dos seus negócios em Mato Grosso. Uma forma do Grupo Scheffer ampliar a produção e os negócios comprando parte de um grupo já consolidado. No linguajar dos negócios: crescer comprando. A decisão de investimento demonstra força econômica do grupo genuinamente mato-grossense e a visão de que os negócios devem prosperar nas próximas décadas.

Um bom ambiente de negócios é algo parecido com um belo jardim: próspero, atraente e viçoso. Mas precisa ser cuidado, regado e aperfeiçoado cotidianamente.

*VIVALDO LOPES DIAS   é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em  MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP. Autor do livro “Mato Grosso, Território de Oportunidades”.  

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