VINICIUS ALVES DE ANDRADE

O carnaval brasileiro constitui-se numa das maiores festas populares do mundo, levando milhões de pessoas para as ruas e avenidas para brincarem e se divertirem. A cada ano, cerca de 1,25 milhões de pessoas morrem no mundo em acidente de trânsito, embora, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego – Abramet, tenha havido sensível redução atualmente em razão da Lei Nº 11.705/2008, alterada pela Lei Nº 12.76/2012, a ‘Lei Seca’, alterando o CBT – Código Brasileiro de Trânsito, além da fiscalização.

Em acidentes no período de Carnaval, que tiveram como motivação o consumo de álcool, nos últimos dez anos, de acordo com a Abramet, aconteceram 1.506 episódios envolvendo motoristas sob o efeito de álcool, com 3.292 vítimas. Desse total, 1.445 sofreram lesões corporais, em diferentes níveis e 92 morreram.

A propósito, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), enfatiza que esses números expõem a gravidade da combinação de direção e álcool e chamam a atenção de toda a sociedade.

Não há dúvida de que o carnaval, por outro lado, promove importante movimentação de recursos financeiros e de atividades correlatas, envolvendo trabalho e empregos, diretos e indiretos, em face do afluxo de foliões e turistas nacionais e estrangeiros, que movimentam enormes somas de dinheiro.

“associado aos festejos, o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por direção perigosa ao volante, muitas vezes envolvendo as famílias, com sequelas irreversíveis e morte, além de desentendimentos e violência física”

Vinicius de Andrade

Entretanto, associado aos festejos, o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por direção perigosa ao volante, muitas vezes envolvendo as famílias, com sequelas irreversíveis e morte, além de desentendimentos e violência física.

Basta, como médico, verificar a situação das emergências dos hospitais lotados de casos de complicações por excesso de bebidas e suas consequências através dos Boletins de Ocorrência – BO’s, acarretando custos expressivos para a sociedade, com atendimentos clínicos, cirúrgicos e de CTI’s, além dos registros das mortes nos IML’s.

Agrava esse preocupante cenário a crescente participação do segmento mais jovem e das mulheres, além dos adultos em geral, alvos do infelizmente competente marketing que induz à banalização do consumo de cerveja, como se pode verificar nas multidões dos blocos de rua durante os dias de carnaval.

Facilitam-se condições para aumentar a disponibilidade e o acesso através da distribuição dentro dos próprios blocos de rua, com autorização oficial de entes públicos, além dos locais ou pontos comuns de venda espalhados pelas cidades.

Enquanto médico, juntamente com os demais profissionais de saúde, não podemos deixar de fazer a nossa parte, pois certamente o aumento dos problemas relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas, deverá ser verificado mais uma vez este ano.

Uma sociedade sadia não pode conviver com o absurdo do número de acidentes de trânsito e de vítimas fatais, especialmente no carnaval, e nem ficar imóvel sendo que o país registra o maior número de mortos e feridos nas estradas, a maior parte envolvendo álcool (mais de 50 mil mortes por ano e cerca de quase 500 mil feridos).

É urgente, por fim, que, ao lado de rígida fiscalização no cumprimento da Lei Seca, amplas e efetivas campanhas de prevenção e de conscientização, especialmente no carnaval, devem ser incrementadas como iniciativas não só das autoridades competentes, mas, também, como ações dos diversos atores da sociedade civil organizada.

Vinicius Alves de Andrade é Médico Ortopedista – Cirurgião de Coluna. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT-MT) e Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).

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