Em maio de 2022, uma equipe de cientistas capturou as primeiras imagens aéreas de orcas caçando e matando tubarões brancos. Esse evento, que ocorreu na costa da África do Sul, marcou um momento significativo na biologia marinha, oferecendo uma nova perspectiva sobre as interações entre dois dos principais predadores do oceano.
As imagens foram obtidas usando uma combinação de tecnologia de helicóptero e drone. Faziam parte de um estudo submetido ao jornal da Sociedade Ecológica da América, “Ecology“, fornecendo um insight detalhado sobre os comportamentos predatórios das orcas contra os tubarões brancos. Este estudo é notável por sua visão sem precedentes dessas interações, que eram conhecidas por ocorrer, mas nunca observadas com tanto detalhe, especialmente de uma perspectiva aérea.
Alison Towner, uma cientista sênior de tubarões na Marine Dynamics Academy em Gansbaai, África do Sul, e autora principal do estudo, enfatizou a novidade dessas observações. Antes disso, os encontros agressivos entre orcas e tubarões brancos eram em grande parte especulativos, com evidências concretas limitadas. Towner destacou que tal comportamento nunca havia sido observado em detalhes antes, e certamente nunca do ar.
O estudo revelou que apenas duas orcas na África do Sul haviam sido anteriormente ligadas à caça de tubarões brancos. Durante o evento observado, uma dessas baleias, juntamente com outras quatro, participou do que foi descrito como um frenesi de matança de uma hora. Notavelmente, o estudo confirmou a presença de uma orca bem conhecida, localmente chamada de Starboard, que foi vista consumindo o que parecia ser um grande pedaço de fígado de tubarão.
Curiosamente, as imagens documentaram interações nas quais os tubarões não fugiram ao encontrar as orcas. Em vez disso, permaneceram próximos e mantiveram as orcas à vista, uma estratégia comumente usada por focas e tartarugas para evitar tubarões. No entanto, os pesquisadores sugeriram que isso pode não ser uma estratégia eficaz contra orcas, dado que elas caçam em grupos.
David Hurwitz, da Simon’s Town Boat Company, que tem experiência em observação de baleias baseada em barcos, comentou sobre a importância dessas observações. Ele lembrou de ter testemunhado Starboard e outra baleia matando um tubarão-cobre no passado, mas observou que as novas imagens ofereceram um nível diferente de insight.
O estudo também incluiu uma análise de dados de levantamentos de drones e barcos de mergulho em gaiola coletados antes e depois dos eventos de predação. Esses dados indicaram uma mudança significativa no comportamento da população local de tubarões após os ataques das orcas. Enquanto vários tubarões foram observados na área no dia das predações, apenas um único tubarão branco foi avistado nos 45 dias seguintes ao evento. Isso sugere uma possível resposta de fuga dos tubarões, indicando um impacto significativo da predação das orcas no comportamento e distribuição dos tubarões na região.
(Adriana Araújo)