Vencedor do Prêmio Puskás da Fifa, o volante Guilherme Madruga foi apresentado pelo Cuiabá nesta quarta-feira em entrevista coletiva no CT do Dourado. O autor do gol mais bonito de 2023 apresentou suas credenciais ao torcedor auriverde e afirmou que o lance valoriza sua evolução como jogador.
– Acredito que esse gol mostra um pouquinho da minha evolução também. Eu jogava apenas de zagueiro, de volante, e no Botafogo-SP eu me apresentei jogando de ponta, de segundo atacante, as três posições do meio-campo. E acredito que o torcedor pode esperar muita entrega, raça e essa qualidade que estou melhorando de chegar mais perto do gol. Tenho muito a somar e vou evoluir mais com os treinamentos do António (Oliveira) e com a comissão técnica.
Acompanhado do troféu e de seus pais, Madruga relembrou a infância difícil em Mato Grosso do Sul e citou a missão de realizar sonho frustrado de Seu Genildo, que tentou ser jogador de futebol.
– Era um sonho do meu pai (ser jogador), mas dentro das dificuldades ele teve que trabalhar, nossa família nunca foi muito boa nas condições financeiras. Foi um sonho que só ficou na cabeça e que ele transmitiu pra mim e pro meu irmão. Meu irmão também tentou e eu estou prosseguindo nesse caminho. O começo sempre é difícil, ainda mais no interior do Mato Grosso do Sul, onde fui criado, são poucas oportunidades e a gente lutou bastante pra isso.
– Como eu citei no discurso, meu pai, que não é professor de Educação Física, passava os treinos pra mim, a gente ficava até 19h treinando na areia. As pessoas chamando de louco e ele acreditando no meu potencial. Valeu a pena todo o esforço, toda a saudade que minha mãe passou. Até chegar aqui no Cuiabá demorou bastante e eu estou me sentindo muito bem. Meus pais estão aqui hoje e é uma honra estar com eles nesse momento. É muito legal ver eles emocionados, contentes e orgulhosos com a minha carreira melhorando.
O volante de 23 anos destacou-se no Botafogo-SP durante a Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado e chamou a atenção da diretoria auriverde. Assinou com o clube mato-grossense até fim de 2028 e vai disputar sua primeira Série A do Brasileiro na carreira.
– O contato chegou, meus empresários falaram comigo e vi que era uma oportunidade muito boa vir para cá. Tem essa estrutura toda, o Cuiabá está pegando vários jogadores jovens e eu gosto disso, eu gosto de desafio. Aqui me apresentaram muita oportunidade, muito desafio, que eu ia ter que concentrar mais, estar mais focado para que eu rendesse. É minha primeira Série A, a primeira Sul-Americana e isso vai exigir muito de mim. Estou determinado, quero mostrar meu futebol, assim como eu cheguei no Botafogo, desconfiado, e mostrei para todo mundo o meu valor, espero mostrar aqui da melhor forma. É um sonho que eu estou vivendo e sou muito grato ao Cuiabá de me proporcionar isso.
Com Madruga, o Brasil voltou a ter um vencedor do Prêmio Puskás após nove anos. Antes dele, Neymar, em 2011, e Wendell Lira, em 2015, haviam sido os brasileiros a conquistar a honraria. O meio-campista agora mira voos mais altos e quer chegar à Europa e à Seleção Brasileira.
– Meus principais objetivos são chegar na Seleção Brasileira e disputar a Premier League, que pra mim é o campeonato mais difícil do mundo.
– Gosto dessa dificuldade, desses desafios. Sei que é de pouquinho em pouquinho, é degrau por degrau, mas eu me cobro bastante e esse é o meu topo. É o meu maior sonho profissional.
Guilherme Madruga é um dos 10 reforços contratados pelo Cuiabá para esta temporada. Ele aguarda regularização no BID da CBF para ficar disponível para a estreia no Campeonato Mato-grossense, sábado, contra o Primavera, às 15h30, na Arena Pantanal.
Veja outros tópicos da entrevista
“Acerto” com o Palmeiras
– Na época da base do Desportivo Brasil aceitei proposta do Palmeiras e de outros clubes, só que o Desportivo Brasil deu prioridade para a China. Cheguei a fazer os contratos e tudo mais, só que veio a pandemia e acabou não dando certo. Eu falava para o presidente do Desportivo Brasil que eu precisava apenas de oportunidade, eu confio muito em mim e no meu trabalho, porque abdico de muita coisa. Até que chegou a oportunidade no Botafogo, onde fui muito feliz, agradeço muito a todos os treinadores, toda as comissões que passaram lá. Por confiar em mim e dar meu espaço. Trabalhei muito para isso e hoje estar num clube desse é um sonho. Espero mostrar aqui meu valor também e eu sei que isso vai custar caro, mas eu estou preparado para isso.
Semelhança com Paquetá
– Nessas duas semanas de treino que tive, fiquei admirado com o futebol do Filipe (Augusto), do Denilson, com os outros volantes. Admiro muito esses jogadores. Eu estou aqui para o que precisar, se for titular ou não, eu respeito a opinião do António, mas vou estar sempre pronto pra ajudar o Cuiabá. Todo mundo está brincando sobre o Lucas Paquetá. Lá em Londres, o Belleti brincou, muita gente falando sobre isso. Gosto muito do Paquetá, admiro muito o futebol dele e eu levo isso na brincadeira, não tenho nada contra.
“Profecia” de técnico português
– Eu não conhecia ninguém do elenco, mas já ouvi falar muito bem do Deyverson, do Matheus Alexandre, do pessoal. Eu trabalhei com um treinador português logo quando eu subi no Desportivo Brasil, o Simão Freitas. Foi disparado o treinador que mais me ajudou e me fez evoluir. Depois do prêmio, ele mandou mensagem e eu falei: “eu lembro quando tu disse que ia chegar no Série A, que ia chegar na elite”. Ele falou que ainda tem muito mais a evoluir, eu tenho muito onde chegar. Tenho admiração enorme pelo Simão e acredito que a escola portuguesa de treinadores é muito boa. Espero evoluir com o António.
Relação com o gol
– Não tenho muita característica assim de fazer muitos gols na temporada, mas eu venho evoluindo isso, eu me cobro bastante pra chegar mais na área. No Botafogo joguei um pouco mais para frente. Comecei um pouco mais para trás, de zagueiro, primeiro volante e agora estou evoluindo em outras posições mais para frente. Acredito que esse ano vou fazer mais gols, dar mais assistência.
Inspirações
– A minha admiração maior, quando eu jogava de primeiro volante, era o Sérgio Busquets. Pra mim ele revolucionou a posição, acabou com isso que o primeiro volante é aquele “pitbull”. Tem que marcar, mas tem que jogar também, ajudar na saída de bola, sair da pressão. Hoje eu acho o meu jogo mais parecido, é um pouco mais pra frente, não é ali de primeiro volante, mas também faço. Eu gosto muito na atualidade do Bellingham, que ajuda muito marcando, atacando e fazendo muitos gols. Entrega muito em campo, de raça, de determinação, e no meu jogo nunca vai faltar isso. Me cobro muito para melhorar meus números, tenho que fazer mais gols. Espero melhorar na parte ofensiva mesmo para entregar um pouco de cada coisa. (GE)