Vivemos em um mundo acelerado, repleto de afazeres, lutas, em uma busca alucinante de alcançar o futuro. Já faz algum tempo que parece que começamos a tratar a ansiedade como virtude. Quanto mais ansiedade acumulamos, mais orgulhosamente a ostentamos em rodas de conversa entre amigos, familiares, vizinhança, colegas de trabalho, e assim por diante.

Como se isso já não bastasse, começamos a tratar a paz e o conforto como algo ruim, virou sinônimo de comodismo. Repudiado principalmente pelos acelerados convictos, guiados pelo pensamento impregnado em sua mente: “O que eu poderia estar fazendo de produtivo ao invés de ficar morgado?” Perceba que a pessoa muda a expressão “em paz” por “morgado” intencionalmente para encontrar mecanismos de inquietação em seu subconsciente e assim garantir a continuidade do seu treinamento.

Acredito que a forma mais fácil de ver essa inversão de valores é analisando cada terço do dia. Seria plausível a divisão de oito horas de sono, oito horas de trabalho, oito horas de lazer? Não sei sua resposta, mas vamos passar para uma segunda análise. Se levarmos 1 hora para chegar ao serviço e 1 hora para voltar para casa, já precisamos adequar nossa divisão em 2 horas. Se trabalharmos 10 horas por dia, precisamos permutar mais uma vez 2 horas em nossa rotina diária. E se temos casa para cuidar, acho plausível pensar que precisamos de pelo menos 1 hora para mantê-la satisfatoriamente organizada.

A próxima provocação que faço é: qual terço você sacrifica para adequar essas 5 horas, sono ou lazer? Isso que nem cheguei a falar em pai, mãe, filhos ou mascotes.

Dentro de toda essa realidade, o que acontece se você não está satisfeito em um emprego? Onde arranja tempo para procurar um que se adeque melhor a sua necessidade? E se você ficar doente, qual terço você sacrifica para se cuidar?

Aproveitando o contexto que vivemos, permita-me um conselho: valorize o seu agora, valorize as pessoas que estão ali disponíveis no seu presente, principalmente aquelas que têm afinidade mútua. Aproveite a presença de pessoas que você se identifica muito mas não vê ela com a frequência que gostaria. São momentos assim que merecem toda nossa atenção, conversando, olhando nos olhos, fazendo a pessoa se sentir o acontecimento mais importante da vida dela, pelo menos naquele espaço de tempo em que estão juntos. Nunca se sabe até quando aquele ser celestial vai continuar orbitando em nossa galáxia ou se o universo algum dia vai levá-lo para algum lugar melhor.

Complementando o conselho acima, solte esse celular e vá organizar sua vida. Esteja disponível quando surgir a oportunidade de compartilhar o melhor sorvete do mundo com a pessoa mais importante do mundo, aquela que está ali com você.

Que neste 2024, os acelerados entendam que, às vezes, o trajeto em uma viagem é mais importante do que chegar ao destino, e quando andamos dentro do limite de velocidade, conseguimos contemplar melhor as paisagens que o caminho nos apresenta. Orgulhe-se de encontrar a paz que muitos estão longe de encontrar!

*ALEXSSANDER DE CAMARGO  é Analista da Área Meio do Executivo e Contador; também é Tesoureiro do SINPAIG MT e Cobselheiro do CRC MT
02/01/2024

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