O delegado Bruno França Ferreira, investigado por invadir a casa de uma mulher em um condomínio de luxo de Cuiabá, em dezembro de 2022, está autorizado a usar arma de fogo novamente. Ele passou por avaliação psicológica no dia 1° de março e o laudo feito por uma psicóloga credenciada na Polícia Federal concluiu que o delegado tem condições para manuseio de arma.

A reportagem tenta contato com a defesa do delegado.

Bruno França chegou a ser afastado das atividades no ano passado. Já em janeiro deste ano ele voltou a exercer o cargo – em funções administrativas.

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Nesta semana, uma testemunha da autoridade sindicante, que atualmente está morando em outro país, foi ouvida por videoconferência, sendo a oitiva acompanhada pela defesa do delegado.

A liberação foi realizada nos autos da sindicância, mediante pedido fundamentado da defesa, baseado na própria instrução dos procedimentos disciplinar e policial. A lei não determina que o recolhimento da carteira ou arma seja eterno e não haviam mais motivos que justificassem o afastamento do delegado.

Por cautela, ele foi submetido a exame psicológico que demonstrou estar plenamente em condições de exercer suas funções de delegado e, inclusive, portar arma, já que o objeto é instrumento de trabalho do policial.

Relembre o caso

Imagens de uma câmera de segurança interna flagraram a agressividade de Bruno França, armado, e acompanhado por outros policiais ao entrar na casa. A filha da mulher, de 4 anos, chora durante toda a ação e, por diversas vezes, os policiais dão sinais para que França e também os moradores se acalmem. (Veja o vídeo abaixo)

A alegação dele era que a dona da casa havia descumprido uma medida protetiva contra o enteado dele, de 13 anos.

A medida protetiva foi expedida pela juíza Gleide Bispo Santos, da 1ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, no dia 24 de outubro, após investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Além de manter distância do garoto, a mulher está impedida de frequentar a casa de familiares do adolescente e a escola que ele estiver matriculado, sob pena de sofrer as sanções previstas em lei.

Porém, o advogado dela, Rodrigo Pouso Miranda, afirma que nem ele nem a cliente tinham conhecimento da medida protetiva e desconheciam, até então, o teor dela.

Conforme a investigação, Bruno França, na época, trabalhava em Sorriso, distante 423 quilômetros ao norte de Cuiabá, e estava em estado probatório. Ele foi aprovado no último concurso da Polícia Civil de Mato Grosso e ingressou na instituição em janeiro de 2021.

‘Manda essa menina calar a boca’

A mulher, em entrevista à TV Centro América, à época, disse que viveu cenas de terror ao ter a casa invadida pelo delegado.

“Minha filha tem 4 anos, e ele gritava demais ‘vou estourar a sua cabeça’. Meu marido pedia calma, e minha filha pedia ‘por favor, para tio, não faz isso’. E ele falava ‘manda essa menina calar a boca’ e apontou a arma para ela. Ele foi agressivo”, contou a mulher.

A vítima disse que, no momento da ação policial, fazia a menina dormir e assistia à televisão, enquanto o marido fazia uma sessão de massagem.

A família morava em outro condomínio, onde o filho de 11 anos passou a ser agredido e a sofrer bullying por crianças do bairro – entre elas, conforme Miranda, o enteado do delegado. Por isso, decidiram se mudar.

A mulher, em entrevista à TV Centro América, à época, disse que viveu cenas de terror ao ter a casa invadida pelo delegado.