Criado como l6º Batalhão de Caçadores, em Cuiabá, em 11 de dezembro de 1919, teve como unidade formadora o 38º/13º Regimentos de Infantaria. Inicialmente, funcionou no prédio do Arsenal de Guerra, no Porto, depois na década de 40 do século XX, passou a ocupar o prédio da Avenida Lava Pés, construído pelo interventor de Mato Grosso, Júlio Strübinger Mülher.

 

Em 27 de julho de 1978, por Decreto 1.044, foi denominado de 44º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIM). É um Patrimônio Público que precisa ser usado.

A Constituição Federativa do Brasil diz, entre outros, que a comunidade tem o dever de proteger o patrimônio público. Entendemos que o tombamento do 44° BIM representa a defesa de seu patrimônio material e imaterial expressa nas ações dos diferentes grupos formadores dessa corporação, componente da sociedade brasileira. No entanto, a comunidade também precisar usufruir dele.

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Para as Historiadoras Maria Adenir Peraro e Maria Benício Rodrigues, da UFMT, tanto o 16º BC quanto o 44º BIM, aparecem na nossa história como inatingíveis à população mato-grossense, distante em seu cotidiano, e em sua organização. É um lugar de memória e também de pesquisa.

Ambos, entretanto, fazem parte da história regional. O 16º BC (mesmo com outra denominação) esteve presente nesta região de fronteira, desde os tempos imperiais, principalmente, quando das definições dessas fronteiras na região de Mato Grosso, à exemplo da Guerra do Paraguai ocorrida em 1864-1870. Além disto, participou de dois momentos de grandes conflitos na nossa história, a Revolução Constitucionalista de 1932, e a Revolução Militar de 1964.

 

Ainda exerceu inúmeras atividades relacionadas ao atendimento da população, tal como no período da epidemia da cólera em Mato Grosso de 1867-1868; nas campanhas de vacinação do século XIX; durante as enchentes do rio de Cuiabá, que expulsavam as populações ribeirinhas das suas moradias.

 

Em relação à atividade militar construiu os Fortes de Coimbra e do Príncipe Forte da Beira, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no século XVIII, construiu estradas e fez a defesa da população branca contra os índios, no século XIX.

 

O distanciamento, entretanto, aparece como o traço mais forte para a população, constituindo-se em uma organização fechada nos muros de um prédio, sem participação na construção da história regional, cuja arquitetura provoca admiração à população e desejo de visitação. É preciso pensar uma forma da população conhecer esse bem.

A abertura à população, proporcionando à comunidade o uso da pista de atletismo para caminhadas, inclusive seguras, em tempos de violência já foi um grande avanço. Porque parou?

 

O que aconteceu que fechou as portas para o uso da população tão carente de áreas de lazer, principalmente os idosos.

 

No entanto, é preciso mais, como por exemplo, possibilitar o contato de estudantes e pesquisadores junto às documentações e arquivos existentes para encaminhamento de novas pesquisas e o aparecimento de novas histórias, de acordo com a biblioteca existente em seu interior.

A publicação do tombamento no Diário Oficial de Mato Grosso é uma vitória. Passam a fazer parte do Patrimônio Histórico e Cultural de Mato Grosso o pavilhão do comando, guaritas e o jardim de acesso do 44° BIM. A História, a Cultura e a cidade de Cuiabá agradecem! Mas é necessária a abertura para a população.

*NEILA MARIA DE  SOUZA BARRETO   é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História. É membro da Academia Mato-Grossense de Letras (AML) e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT).
E-MAIL:                  neila.barreto@hotmail.com

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