Apesar de o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul concluir que não é possível tecnicamente identificar o que Rafael Ramos disse a Edenilson, o delegado Rafael Sahagoff levará o caso adiante. O titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre encaminhará o processo na próxima semana.
– O prazo é até o início da semana que vem. Encaminharemos o inquérito segunda que vem. O laudo não vincula o resultado. Foi uma perícia. Temos indícios da prática de injúria racial – afirmou Sahagoff ao ge.
Após a finalização, o processo será encaminhado ao Ministério Público, titular da ação. O órgão então definirá se oferecerá denúncia ou pedirá o arquivamento.
O advogado Daniel Bialski, contratado pelo Corinthians para fazer a defesa de Rafael Ramos, afirmou que irá tomar “medidas jurídicas” contra o que chamou de “arbitrariedade” da polícia – a maneira com a qual o lateral foi detido no Beira-Rio também entra nesse posicionamento.
– Acaso o Delegado pretenda, contra a prova pericial taxativa, indiciar o Rafael, iremos tomar as devidas providências jurídicas, seja para evitar isso, seja para apurar o abuso de autoridade praticado. Não se tolerará novamente arbitrariedade – apontou Bialski.
Relembre o caso
Em 14 de maio, durante o empate do Inter em 2 a 2 com o Corinthians, Edenilson acusou o jogador do Timão de chamá-lo de “macaco” durante uma disputa de bola na linha lateral. Após o jogo, Rafael Ramos foi detido em flagrante pela polícia por injúria racial e liberado após pagar fiança de R$ 10 mil.
Um documento de 40 páginas foi enviado na quarta-feira pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul à 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, responsável pelo caso.
A nota divulgada pelo IGP, um vídeo do lance em questão foi analisado pelos peritos, mas não foi possível identificar o que foi dito por Rafael Ramos por que a maior parte dos gestos que compõe a fala dele ocorre na “porção interna da cavidade oral”.
A situação irritou Edenilson. O capitão colorado mudou o nome em sua conta do Instagram para “Macaco”, apagou as publicações no perfil e desabafou nos stories.
– Não iriam nos calar? Já nos calaram. Se ofendidos aceitem, engulam a seco. Finjam que não escutaram, é uma luta desleal, é uma luta inconclusiva – publicou.
Nas últimas semanas, o caso seguiu na esfera esportiva. Edenilson e Rafael Ramos prestaram depoimentos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e mantiveram as versões apresentadas anteriormente.
O auditor-relator do caso, Paulo Feuz, disse que o inquérito deve ser concluído em 35 dias. O STJD também vai solicitar uma perícia do tribunal para a produção de provas e descarta uma acareação (confronto de versões) entre os dois jogadores. (GE)