Neste dia 21 de abril Brasília completou 62 anos. Minha história pessoal caminhou paralela. Em 31 de janeiro de 1961 cheguei a Brasília, com 16 anos, vindo de Minas pra estudar o curso científico (ensino médio). Gostaria de falar dessa Brasília.
No primeiro momento. Depois, no segundo momento, da importância de Brasília para o Centro-Oeste e para Mato Grosso em especial.
Leia Também:
– A voz rouca das ruas
– Eleitor pessimista quer ética
– A cara do futuro – conceito – 1
-VLT: não há o que discutir
-O saldo das queimadas
-Dante, Mauro, desafios
-Procura-se líderes
-Amadurecimento…
-Questões da ferrovia
–
O Plano Piloto onde funciona a sede do poder, era um imenso canteiro de obras em pleno andamento. A área do poder principal já estava concluída: os palácios do Planalto, da Justiça e o Congresso Nacional. Metade dos prédios dos ministérios. Algumas superquadras de apartamentos funcionais e o mais era o cerrado de terra avermelhada.
Fui estudar no colégio Elefante Branco. Uma proposta de educação completamente nova naquela Brasil atrasado dos anos 1950/1960. Uma visão nova de educação. Depois na recém-criada Universidade de Brasília, a UnB. Mesmo no poeirão que pairava sobre a cidade, era visível a sua extraordinária modernidade. Profunda ruptura da arquitetura brasileira.
Tudo era grandioso. Mas tudo era precário também. Um sonho em andamento. Hoje, 62 anos depois, o sonho está concluído como cidade. E como motor da influência pra desenvolver o Centro-Oeste.
Em 1960 o Centro-Oeste era sertão profundo! Cuiabá, por exemplo, tinha 57 mil habitantes. Os estudantes que antes estudavam no Rio de Janeiro e de lá traziam a antiga influência da corte, passar a estudar em Brasília e se contaminar pelo espírito da modernidade que Brasília trazia embutida.
Brasília, no sonho do presidente Juscelino Kubitscheck, deveria ser o pólo para a construção de uma nova civilização brasileira no interior do Brasil. Entendia que o litoral o Brasil era contaminado pelo colonialismo europeu. O Brasil precisava ser brasileiro!
Hoje passados 62 anos Mato Grosso e os demais estados do Centro-Oeste de fato representam uma civilização nova. População muito misturada com gente de todo o Brasil. Produção econômica importante e crescente. Diversificação.
Relações internacionais muito relevantes. Crescente adoção de tecnologia e associação de pontas econômicas muito fortes, como agricultura, agroindustrialização, pecuária diversificada, mineral, ambiental, sustentabilidade, madeira, turismo. Qualidade de vida indiscutível.
Hoje já maduro, minhas relações com Brasília ligam-se à família lá remanescente. Mas os laços afetivos são muito fortes tanto lá, como cá. Ainda vejo a capital também madura aos 62 anos, como a inspiração do futuro nacional que representou lá atrás.
*ONOFRE RIBEIRO DA SILVA é jornalista, escritor e analista político em Mato Grosso.
E-MAIL: onofreribeiro@onofreribeiro.com.br
SITE: www.onofreribeiro.com.br