O Brasil é o nono país mais desigual do mundo. 1% da população mais rica detém quase 1/3 da renda total do país. É pais que produz riqueza, mas ela não é para todos.
Somos oprimidos e opressores o tempo todo. Carregamos dentro da gente um “tiranozinho”. Achamos que tudo muda pelo poder e pela força.
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Não é pela força nem pelo poder que vamos “mudar o mundo”! Sim, leitora amiga, eu quero “mudar o mundo”! Cresci tendo uma vontade grande pelas causas perdidas… Cavaleiro da triste figura quis ser…
Entrei no cargo de promotor de Justiça para “mudar o mundo”. Não sabia que não era preciso estar promotor para mudar o mundo. Fiz-me artista marcial para lutar e ganhar a luta. Não sabia que o combate era dentro de mim e para sempre e que não há vitória.
Mire e veja, a força e o poder mantêm o mundo como está, e justamente essa “história” de ganhar e vencer contribui para que o mundo permaneça e permaneça sem muitas mudanças. Quantas famílias com sede, quantas panelas vazias? Quantas pessoas com fome? Quantas pessoas sem nome, quantas pessoas sem voz? Quantas pessoas sem sorte. Quantas pessoas sofrendo, quantas pessoas?
É o que me parece, mas a estrada é viagem de ventania.
Eu quero misericórdia, o espírito dessa palavra, coração para os míseros.
Aprendi com o Padre Júlio Lancellotti que minha luta é a de quem vai perder. Nunca será a luta de quem vai ganhar. Mas não luto para ganhar, e sim para ser fiel.
O que eu digo vai na contramão do que todos pensamos querer … a história é orientada pelo poder. E este só continua, não faz mudança; às vezes pinta a fachada, mas é a mesma casa. Ora, quem tem poder não quer abrir mão dele. “Mudar o mundo”! O problema está nas estruturas de poder, nos que sempre vencem, nos que escolhem e fazem as Leis.
As vendas da Porsche em níveis recordes, uma lista de espera para comprar um helicóptero de 20 meses em São Paulo; e a fila do osso dobrando as esquinas de Cuiabá. O valor de R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral, o Orçamento para 2022 não prevê cifra especifica para o combate à pobreza e à fome.
Quem anda na rua percebe que os moradores de lá aumentaram. A diferença/contradição entre os bairros, entre os lugares da cidade, a diferença/contradição de qualidade e espera nos atendimentos de saúde, postos de saúde, clínicas particulares. A fome e a pobreza. Qual “Poder” mudou isso?
Percebi que a luta contra o ódio não pode ser porque odiamos quem odeia. Por isso pensadores como Lacan, Fromm e Paulo Freire falavam, de formas diferentes, no enfrentamento amoroso, o que é difícil para nós. Por isso eu peço, amigo leitor: Misericórdia! Misericórdia!
*EMANUEL FILARTIGA ESCALANTE RIBEIRO é Promotor de Justiça em Mato Grosso.
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