Aos 18 meses de vida, Tiago Alves Carneiro Junior teve uma febre muita alta e perdeu a audição. Até os nove anos de idade frequentou uma escola para surdos emCuritiba, no Paraná. Após isso, se mudou para uma escola normal, onde não tinha nenhum recurso para sua deficiência. Conta ainda que sofreu bulliyng e muitos preconceitos por parte dos alunos.
Já o pedagogo Danilo da Silva é surdo de nascença e, durante sua vida escolar teve a oportunidade de estudar em uma escola para surdos. Infelizmente nem todos os estudantes com necessidades educacionais especiais tem este privilégio. Mesmo assim, Silva conta que que já sofreu muitos preconceitos em várias outras esferas sociais, pois a população em geral não está preparada ou tem informação suficiente para conviver com pessoas com deficiência.
Entre batalhas e conquistas, não deixaram se vencer pela falta de recursos ou preconceito. Hoje, Tiago é formado em Direitopelo Centro Universitário Internacional Unintere colaborador da Ordem dos Advogados do Brasil/Paraná. Também na Uninter, Daniloconcluiuo curso de Pedagogia e atualmente cursa doutorando em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Ambos encontraram na instituição, por meio do SIANEE – Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais, todo o apoio e acessibilidade para uma formação de qualidade.
O número de estudantes matriculados em cursos superiores declarados com algum tipo de deficiência vem crescendo a cada ano e representa um aumento de 153% em uma década. Segundo dados do Censo Superior da Educação, em 2009, 20.019 alunos portadores de deficiência estavam matriculados em cursos de graduação. Já em 2019, ano do último levantamento, esses estudantes correspondiam a 50.683 das matrículas.
No entanto, esses números podem não corresponder a realidade. Segundo a professora Leomar Marchesini, coordenadora do SIANEE, obter dados reais referente ao número de alunos com deficiência nos cursos superiores não é tarefa fácil.
“Acredito que esse número é bem maior devido às leis que foram promulgadas no país, em benefício dos direitos das pessoas com deficiência na educação. Anteriormente, as instituições de ensino podiam negar matrícula à uma pessoa com deficiência, usando subterfúgios. Atualmente, esta prática constitui crime e é passível de prisão”, explica a especialista.
EAD facilita a inclusão e permanência
A Educação a Distância (EAD) é uma das modalidades mais inclusivas para a pessoa com deficiência. Os recursos tecnológicos permitem que o estudante assista as aulas e realizem suas atividades sem sair de casa pela internet. Outro ponto positivo, é que o estudante pode evitar algumas condições urbanas que muitas vezes não são favoráveis às pessoas com deficiência, como, por exemplo, o acesso ao transporte coletivo.
Porém, além da tecnologia o fator humano é essencial. “Ter professores capacitados e motivados para trabalhar com estudantes com diferentes naturezas de deficiência, sejam elas sensoriais, física, intelectual ou mental, é fundamental para o avanço dos alunos”, explica Leomar.
Na Uninter, o SIANEE tem como objetivo englobar todos os recursos para o desenvolvimento do estudante. Seus profissionais são responsáveis por promoverem a acessibilidade digital, comunicacional e de informação, sejam em aulas presenciais, ou na plataforma virtual de aprendizagem. Todo o material didático, atividades pedagógicas e avaliações oferecem acessibilidade a todos os alunos. Além disso, a área organiza ações que visam derrubar preconceitos e estigmas, para que docentes e funcionários estejam motivados no acolhimento dos alunos com deficiência e desenvolvam uma prática inclusiva em suas funções.
“As peculiaridades apresentadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais que ingressam na instituição, são analisadas e é realizado um planejamento individual de atendimento. Contamos com um corpo de tradutores intérpretes de Libras que são os mediadores linguísticos para os discentes surdos nas aulas. Trabalhamos na adaptação e conversão de livros e material didático que possibilita o uso nos computadores com softwares leitores de tela, usados pelos alunos cegos” conta Leomar sobre a rotina da área.
O Sianee foi criado em 2005, quando ingressaram na Uninter dois alunos cegos no curso de Gestão de Negócios e uma aluna surda no curso de Administração. Desde então, a instituição começou a receber muitos estudantes com necessidades educacionais especiais. Em 16 anos de atividade passaram por muitos aprimoramentos no atendimento e hoje, a Uninter conta com mais de 1.400 alunos com deficiência em polos de todo Brasil.