O banco suíço Julius Baer informou à Justiça dos Estados Unidos que “por volta de 2013, empresas controladas por José Marin e Marco Polo Del Nero receberam pelo menos US$ 3,9 milhões [R$ 20 milhões] em pagamentos de suborno por meio de contas mantidas no Banco”. O trecho faz parte de um documento de 41 páginas tornado público na semana passada pelo Departamento de Justiça dos EUA, que detalha um acordo feito pelo banco com as autoridades americanas.
Presidente da CBF entre 2012 e 2015, José Maria Marin foi preso na Suíça em maio de 2015, extraditado para os EUA ao fim daquele ano e condenado dois anos depois. Após cinco anos detido, pôde voltar ao Brasil em maio de 2020, por causa da pandemia de Covid-19. Seus advogados foram procurados, mas não responderam à reportagem. Ele recorre da decisão num Tribunal de Apelação nos EUA.
Marco Polo Del Nero, sucessor de Marin e presidente da CBF entre 2015 e 2018, foi indiciado pela Justiça dos EUA em dezembro de 2015. Como estava no Brasil, país que não extradita seus cidadãos, nunca foi julgado. No entanto, seu envolvimento no caso foi o que levou a Fifa a bani-lo, em abril de 2018, para sempre de todas as atividades relacionadas a futebol. Seus advogados também foram procurados e não responderam até a publicação desta reportagem. Ele nega as acusações e recorre da decisão da Fifa no Tribunal Arbitral do Esporte, na Suíça.
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Trecho de confissão do banco Julius Baer cita Marin e Del Nero — Foto: Reprodução
Uma figura central do acordo entre o banco Julius Baer e a Justiça dos EUA é o argentino Jorge Arzuaga, que se entregou às autoridades americanas em 2017. Ele era conhecido como “o banqueiro de Grondona” – Julio Grondona, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino) entre 1979 e 2014, ano de sua morte.
Pelo acordo, o banco se comprometeu a pagar US$ 79,6 milhões (R$ 414 milhões) entre multa e fiança. O Julius Baer admitiu ter lavado US$ 36,3 milhões para dirigentes envolvidos no “Caso Fifa”.
As propinas eram pagas por agências que atuavam como intermediárias na compra e venda de direitos de transmissão e direitos comerciais de competição. Essas empresas subornavam os dirigentes para conseguir os direitos a preços baixos, sem concorrência. Depois os revendiam a preços altos e dividiam os lucros com os cartolas. (Globo Esporte)