Não precisava ser com tanta emoção, mas, depois de quase 100 minutos (nove de acréscimo no segundo tempo!), o Palmeiras sobreviveu ao seu pior jogo sob comando de Abel Ferreira e está na final da Copa Libertadores depois de 21 anos. A derrota por 2 a 0 para o River Plate, na noite desta terça-feira, no Allianz Parque, só não foi desastrosa porque o Verdão havia vencido o jogo de ida por 3 a 0, na Argentina. Em um duelo à altura da Libertadores, o time de Marcelo Gallardo dominou do início ao fim, fez dois gols no segundo tempo e teve outro anulado pelo VAR no segundo. O Palmeiras resistiu como pôde mesmo depois de ter um a mais em campo – Rojas foi expulso – e, aliviado, comemorou a classificação. Agora é esperar Santos ou Boca para a finalíssima do dia 30 de janeiro.

VAR em ação

O árbitro de vídeo atuou duas vezes no segundo tempo em lances capitais: primeiro, detectou impedimento de Borré no início da jogada que seria a do terceiro gol do River. Depois, retirou um pênalti de Empereur em Matías Suárez que havia sido marcado pelo árbitro uruguaio Esteban Ostojich. Nos dois lances, o árbitro foi à beira do campo, analisou os lances e voltou atrás nas decisões. No fim, nova polêmica: um possível pênalti a favor do River foi analisado, mas nada marcado. Tensão total até o último minuto.

Primeiro tempo

Foram 45 minutos de amplo domínio do River, que não mostrou as falhas que teve no jogo de ida, manteve a posse de bola e fez o Palmeiras se retrair. Ainda que as chances mais claras tenham demorado a sair, o time argentino soube dominar o rival sem sofrer muito. O Verdão apostou nas transições rápidas, mas só teve uma no início – lançamento para Rony que terminou em ótima saída do gol de Armani. Nervoso e com a bola “queimando” nos pés, o Palmeiras viu o River rondar cada vez mais a área e abrir o placar na bola aérea, com Rojas vindo de trás e subindo sozinho. O Verdão ainda respondeu em outra escapada de Rony que terminou em chute para fora de Zé Rafael, mas a pressão do River levou ao segundo gol, de Borré, após a bola cruzar a área e passar por Luan, que havia entrado no lugar do lesionado Gustavo Gómez.

Zé Rafael teve uma das poucas boas chances do Palmeiras

Zé Rafael teve uma das poucas boas chances do Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli)

Segundo tempo

A pressão do River Plate continuou e deu resultado logo aos nove minutos, quando Borré apareceu sozinho na área e completou para as redes um cruzamento vindo da esquerda. O 3 a 0, porém, não se confirmou porque o VAR entrou em ação e detectou impedimento do próprio Borré no início do lance. Sem encontrar respostas, Abel Ferreira lançou Emerson Santos e Raphael Veiga para dar outra dinâmica ao meio de campo, mas não funcionou. Nem a expulsão de Rojas, aos 27, deu sossego ao torcedor palmeirense. O time continuou sofrendo em campo, viu o VAR atuar novamente para anular pênalti de Empereur em Suárez e teve de conviver com o suspense até o último minuto, quando o árbitro foi novamente ao vídeo analisar (mas não marcar) possível pênalti para o River. O apito final encerrou o sufoco alviverde.

Palmeirenses exaustos após fim do jogo

Palmeirenses exaustos após fim do jogo (Foto: Marcos Ribolli)

Como fica?

O Palmeiras, agora, aguarda o vencedor de Santos x Boca Juniors nesta quarta-feira para saber quem enfrenta na decisão do próximo dia 30 de janeiro, no Maracanã. O jogo de ida entre os rivais terminou 0 x 0, na Bombonera.

Invicto na campanha até então, o Palmeiras conheceu a sua primeira derrota na Libertadores 2020. Dono da melhor campanha da fase de grupos da Libertadores 2020, o Palmeiras alcançou o feito pela terceira edição seguida, sendo o único clube do continente a registrar o melhor desempenho na fase de classificação em três anos seguidos neste século. Em 2020, o Palmeiras repetiu os mesmos 16 pontos registrados em 2018, com cinco vitórias e um empate, enquanto em 2019 obteve 15 pontos, com cinco triunfos e uma derrota. Na fase de grupos da atual edição, o Verdão registrou também o segundo melhor ataque entre todos os 32 participantes, com 17 gols marcados contra 21 do River Plate-ARG, e a segunda melhor defesa, com dois gols sofridos contra um do Boca Juniors-ARG.

LIBERTADORES DE 2020 REGISTRA SEGUNDO ANO COM MAIS VITÓRIAS GERAIS DO VERDÃO EM TODA A SUA HISTÓRIA NO TORNEIO

Apesar de não ter vencido nesta noite, o Palmeiras atingiu a segunda marca de mais vitórias em uma mesma edição de Libertadores em toda a sua história – em 12 partidas, o Maior Campeão do Brasil, saiu vitorioso em nove (empatou outras duas e perdeu esta). O ano de 1968 tem a melhor marca geral na Libertadores: venceu 11 dos 15 duelos disputados. Portanto, neste século, esta é a melhor campanha.

EDIÇÃO DE 2020 JÁ REGISTRA MELHOR ATAQUE GERAL DO PALMEIRAS COMPARANDO COM TODAS SUAS PARTICIPAÇÕES ANTERIORES

Os 32 gols que o Palmeiras acumula na atual edição da Libertadores até aqui (em 12 jogos) já fazem de 2020 a disputa em que o time alviverde mais somou gols em todas as suas 20 participações do torneio continental (a primeira vez foi em 1961), ao lado do ano de 2000, com as mesmas 32 bolas na rede (porém, em 14 partidas – ou seja, a edição atual tem média até superior). Caso balance as redes na final, no Maracanã, em 30/01, o Palmeiras de 2020 irá deter essa marca de forma isolada.

BRASILEIRO COM MAIS GOLS NO GERAL, COMO MANDANTE E COMO VISITANTE NA HISTÓRIA DA LIBERTADORES

Na edição de 2020, o Palmeiras se tornou o clube brasileiro com mais bolas na rede na condição de mandante na história da Libertadores, chegando a 215 gols na sua última partida (pois nessa não computou gol), ultrapassando o Cruzeiro, antigo recordista com 201. Assim, o Alviverde, que também é o brasileiro com mais gols como visitante, com 147 tentos anotados fora de casa, se mantém como o que mais balançou as redes no geral, com 362 gols, que o colocam na 7ª posição do ranking de todos os clubes, com 362 gols em 195 jogos, atrás só do Cerro Porteño-PAR, com 401 gols em 309 jogos, do Olimpia-PAR, com 442 gols em 311 jogos, do Boca Juniors-ARG, com 464 gols em 296 jogos, do Nacional-URU, com 549 gols em 393 jogos, do Peñarol-URU, com 555 gols em 369 jogos, e do River Plate-ARG: 605 gols em 362 jogos.

BRASILEIRO COM MAIS VITÓRIAS NA LIBERTADORES

Mesmo não tendo vencido nesta noite, o Palmeiras soma 107 triunfos ao longo de suas 20 participações na Libertadores e, com isso ultrapassou o Grêmio nesta edição de 2020 em número de vitorias e passou a ser o brasileiro, agora à frente do time gaúcho, que mais venceu no torneio continental – o Tricolor, que já tinha 106 vitórias, perdeu para o Santos o seu duelo mais recente e foi eliminado. Neste quesito, tanto Verdão quanto o Imortal estão à frente do Cruzeiro, terceiro colocado, com 95 triunfos pela Libertadores.

Melhor ainda é o retrospecto com visitante. O Palmeiras é o brasileiro com mais vitórias fora de casa na história da Libertadores: são 40 triunfos longe de seus domínios, cinco a mais do que o Cruzeiro, segundo colocado com 34. Nas últimas 15 vezes em que atuou no campo do adversário pela competição, o Verdão venceu 11, empatando duas e perdendo outras duas – a série atual de oito jogos sem derrota como visitante, iniciada em abril do ano passado, é a maior do clube em todos os tempos na Libertadores.

DESTAQUES INDIVIDUAIS: ABEL FERREIRA (SEXTA CLASSIFICAÇÃO)

Individualmente, Abel Ferreira conseguiu sua sexta classificação em apenas três meses de trabalho no Verdão. Com 100% de aproveitamento. Abel Ferreira assumiu o comando da equipe do Palmeiras justamente em um jogo que valia classificação para Copa do Brasil, após o interino Andrey Lopes (o Cebola) ter dirigido a equipe no jogo de ida diante do Red Bull Bragantino – oitavas de final, em 05/11. Com o triunfo por 1 a 0 no jogo de volta já com Abel estreante (após ter vencido por 3 a 1 na ida, fora de casa), o Palmeiras obteve a primeira classificação na era do novo treinador. Depois desse, ainda conduziu o time à classificação em 18/11, quando o auxiliar Vítor Castanheira que dirigiu a equipe na classificação para as semifinais passando pelo Ceará nas quartas (empate por 2 a 2 fora de casa) – Abel estava suspenso. Depois, em 02/12, com Abel, foi a vez de passar pelo Delfín-EQU nas oitavas de final da Libertadores, rumo às quartas; mais tarde, em 15/12, o Alviverde passou pelo Libertad-PAR nas quartas de final, garantindo vaga às semifinais, também com o português Abel Ferreira; e por último, no dia 30/12, a vitória por 2 a 0 sobre o América-MG fora de casa (após empate por 1 a 1 em casa) garantiu acesso à final da Copa do Brasil 2020. Desta forma, agora, Abel chegou ao sexto avanço de fase em sua era.

Em seu trabalho no Alviverde (incluindo os jogos comandados pelos auxiliares), são 20 duelos disputados: 14 vitórias, quatro empates e duas derrotas, sendo que, sozinho, são 16 jogos (13 vitórias, um empate e duas derrotas). (Redação/GE)