*Paulinho do Hipismo
Mais de R$ 6 bilhões foram arrancados dos aposentados brasileiros sem autorização. Isso mesmo: seis bilhões e trezentos milhões de reais. Em qualquer país sério, um escândalo dessa magnitude colocaria ministros na parede, causaria renúncias em cadeia e despertaria fúria popular. Mas no Brasil de hoje, com Lula na presidência e o cinismo institucional em alta, o prejuízo é tratado como um “incidente técnico”. E, claro, quem paga a conta mais uma vez é o povo.
O golpe era simples e cruel. Entidades de fachada, muitas delas com fortes conexões políticas, enfiaram a mão diretamente no bolso de aposentados e pensionistas, descontando valores mensais por “associações” e “serviços” que jamais foram autorizados. A Controladoria Geral da União já deixou claro: 97% dos casos não tinham consentimento algum. Foram milhões de brasileiros, sobretudo idosos, lesados mês após mês, e o INSS, sob a gestão do governo federal, fingia que não via.
Mais grave ainda é o fato de que o alerta já havia sido dado. A CGU vinha apontando irregularidades desde 2023. Mas o Ministério da Previdência, comandado por Carlos Lupi, só agiu quando a crise estourou na imprensa e a Polícia Federal bateu à porta. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, renunciou sob intensa pressão. Servidores foram afastados, e o governo correu para dizer que “vai ressarcir”. Mas quem acredita em ressarcimento completo num país onde nem precatório é respeitado?
A verdade é nua e crua: o governo falhou em proteger os mais vulneráveis. E mais do que isso, foi leniente, conivente ou incompetente a ponto de permitir que o esquema se espalhasse como praga, enquanto o Estado transferia bilhões para organizações suspeitas em nome de “conveniências administrativas”.
Enquanto isso, o cidadão honesto, que trabalha, paga seus impostos e mal consegue acompanhar os golpes que vêm de todos os lados, assiste a tudo com indignação engasgada. Aposentados com descontos misteriosos, familiares desesperados, promessas vazias. No fim, o rombo vai para o colo do Tesouro, ou seja, para você, para mim, para todos nós.
O que espanta é a ausência de responsabilização política. Ninguém fala em impeachment de ministro. Não há pedidos sérios de CPI ganhando tração. A oposição grita, mas o sistema abafa. A base aliada segue fiel, preocupada apenas em manter seus carguinhos em Brasília.
E assim seguimos, no país onde se roubam bilhões do INSS, onde aposentados são saqueados em silêncio, e o governo ainda tem a audácia de dizer que está tudo sob controle. Um país onde o absurdo virou rotina, a impunidade virou regra e a indignação popular parece anestesiada. Até quando?
Paulinho do Hipismo é empresário em Mato Grosso
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias Cuiabano News