A Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara Federal aprovou  o requerimento assinado pelo deputado mato-grossense Doutor Leonardo Albuquerque (Solidariedade) para que haja audiência pública sobre bactérias que podem ter contribuído para casos de microcefalia associados ao zika.

O tema foi levantado em estudo de universidades brasileiras e divulgado pela imprensa no início do mês. O documento também é assinado pelo líder do partido, deputado Augusto Coutinho (PE).

Em 2015, um surto de zika vírus no Brasil atingiu 144 mil pessoas – 12 mil delas estavam grávidas e mais de 3 mil crianças nasceram com malformação no cérebro. A pesquisa recente, realizada em conjunto pelo Instituto D’Or (IDOR), pela Fiocruz e pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Rural de Pernambuco (UFRPE), apontou que as malformações nos cérebros dos recém-nascidos podem ter sido agravadas por um problema de saneamento básico: uma bactéria encontrada nos reservatórios de água fornecida para a população.

De acordo com Dr. Leonardo, o objetivo do debate é alertar o governo federal. “Essa é uma situação preocupante. No começo do ano encaminhei requerimento ao ministro pedindo informações sobre a atuação ao combate à Dengue, Zika e Chikungunya no estado de Mato Grosso. Dentro desse contexto de prevenção, acredito que o Ministério da Saúde precisa discutir melhor a quantidade dita segura de cianobactérias na água fornecida à população. Precisamos encontrar uma forma de evitar que mais bebês nasçam com microcefalia por causa da zika”, afirmou.

Essa bactéria libera uma substância venenosa, a saxitoxina. No Nordeste, entre 2014 e 2018, metade das cidades a encontraram em seus reservatórios, muito mais que nas outras regiões. Mas a existência dela na água não é proibida, há um limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde.

Nos testes em laboratório, os pesquisadores utilizaram uma dosagem da saxitoxina 200 vezes menor que o nível permitido. Eles constataram que a associação da toxina com o zika vírus acelerou a morte das células do cérebro. E, por causa disso, as malformações foram mais graves.

Os resultados da pesquisa levaram os deputados do Solidariedade a solicitarem uma audiência pública na Câmara, com a presença dos cientistas envolvidos, de representantes do governo federal e das companhias de abastecimento de água.

Recife – A fisioterapeuta Cynthia Ximenes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) atende bebês com microcefalia e orienta as mães como fazer os exercícios em casa para melhorar o desenvolvimento das crianças (Sumaia Villela/Agência Brasil)