Com o anúncio feito pelo Secretário de Infraestrutura do Estado de Mato Grosso de que nos próximos dias o governador irá determinar a retomada das obras do VLT de Várzea Grande a Cuiabá, a expectativa sobre a oferta de trabalho cresceu extraordinariamente.
Em tempos de COVID-19, é muito grande a angústia das pessoas com o desemprego e a fome. Ainda mais, por saber, que o Estado está com R$ 193 milhões na sua conta (sobra do empréstimo de 1 bilhão feito em 2012), só para o VLT, mas com o dinheiro parado. E com um agravante: pagando juros pelo empréstimo de 4 milhões por mês para nada. É preciso movimentar esse dinheiro para fomentar a economia.
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Como 70% da obra em Várzea Grande está pronta, nada mais racional do que começar os trabalhos por lá. Já foram comprados 40 locomotivas, 240 vagões (que estão estacionados no pátio ao lado do aeroporto), foram construídas 3,5 km de trilhos eletrificados com uma estação de passageiros até o bairro Cristo Rei, a ponte de 224 metros sobre o rio Cuiabá, dois viadutos (SEFAZ e UFMT), além do restante dos trilhos até o final da obra. Todo esse investimento não pode ser jogado no lixo.
De acordo com o engenheiro especialista em VLT, José Pícolli, “a obra irá oferecer 1.200 (mil e duzentos) empregos diretos e 4.000 (quatro mil) indiretos. Esses empregos indiretos são fornecedores de serviços, materiais e afins. Por exemplo, alimentação: para 1.200 trabalhadores, três vezes ao dia, são 3.600 refeições”. Pícolli acrescentou entusiasmado:“Imagina 108 mil refeições por mês! Haja gente cozinhando”.
Já na operação do Sistema VLT, serão gerados 450 empregos diretos e 1.500 indiretos. Ou seja, os benefícios são enormes para o comércio e turismo da cidade.
O momento é de decisão. Não há como esperar mais. Podemos ter o VLT funcionando nessa primeira etapa em apenas oito (8) meses. Com isso, o Estado teria credibilidade para atrair empresas do Brasil e do mundo para a operação e o término dos 22 quilômetros de trilhos, numa Parceria Público Privada (PPP), por exemplo.
O momento é de criatividade. O país perdeu 8 milhões de postos de trabalho em relação ao trimestre anterior. Número de empregados com carteira assinada caiu para o menor nível da série histórica e, pela primeira vez, menos da metade da população em idade de trabalhar está ocupada.
Não podemos perder tempo e nem vacilar. Quem está desamparada é a sociedade que não tem retorno dos impostos em serviços de qualidade. O descrédito com a classe política não é por acaso.
No último dia 26 comemorou-se o centenário de nascimento de Celso Furtado, o maior economista que o Brasil já teve e o mais conhecido no mundo. Ele nos ensinou que o planejamento é essencial para o desenvolvimento econômico, e que este consegue com investimentos e com geração de empregos. Uma de suas últimas contribuições foi justamente a crítica à política econômica que se baseia na redução ou corte de despesas, que privam o país e os estados de meios para investir e produzir crescimento. Lição que ainda precisamos aprender, e esse caso do VLT é um exemplo disso.
“O ponto de partida de qualquer novo projeto alternativo de nação terá que ser, inevitavelmente, o aumento da participação e do poder do povo nos centros de decisão do país” (Economista Celso Furtado).
*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.
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