A vitória do Brasil por 3 a 0 sobre a Coreia do Sul, no último amistoso de 2019, garantiu a Tite um Natal e um Réveillon mais tranquilos. O Carnaval, porém, terá de ser contido. Em março já começam as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, e ainda há questões a resolver na Seleção.

A sequência de cinco jogos sem vitórias era incômoda e gerava questionamentos. Alguns eram justos e embasados, mas outros, totalmente descabidos em relação a uma equipe que foi campeã continental há quatro meses.

Há que se ponderar as fragilidades dos sul-coreanos e as condições da partida – um amistoso disputado em estádio melancolicamente vazio – mas a partida da última terça-feira, em Abu Dhabi, além de trazer alívio, pode indicar caminhos individuais e coletivos para o Brasil em 2020.

Ele não foi o único a ganhar chance e chamar atenção na vitória sobre a Coreia. Fabinho, em seu quinto jogo como titular, também esteve muito bem. Inteligente para ocupar espaços e forte na marcação, o volante deu boa dinâmica à transição da defesa para o ataque.

A disputa para o jogador do Liverpool, no entanto, é mais difícil, pois Tite já avisou que só pretende usá-lo junto com Casemiro em situações pontuais. Joga um ou outro e, pelo menos por ora, nada indica que o treinador irá sacar o volante do Real Madrid.

Com cinco mudanças na escalação em relação ao amistoso contra a Argentina, Tite manteve a estrutura tática, mas com jogadores de características diferentes. Além de contar com muito mais apoio de Lodi do que de Alex Sandro, desta vez a Seleção teve Coutinho na ponta esquerda com movimentação distinta da que teve Willian na última sexta-feira. Ele saia da ponta para o meio com frequência e não ficava apenas espetado na frente, mas também voltava para ajudar na criação.

Coutinho parece se sair melhor jogando aberto do que centralizado, mas aí está uma das questões para Tite resolver. Se ele escalar o meia do Bayern de Munique pela esquerda, aonde jogará Neymar? Os testes realizados durante os seis amistosos após a Copa América não apresentaram respostas conclusivas.

Também não está claro o que fazer com Gabriel Jesus. Aberto pela direita, mais uma vez o atacante não rendeu. Diante da Coreia, ele só não decepcionou mais do que Richarlison, que mostrou desatenção no primeiro tempo e falta de pontaria no segundo.

Como já havia sido em outros momentos, a Seleção optou por avançar a marcação e dificultar a saída de bola da Coreia, que respondeu na mesma moeda. Mesmo apertado, o Brasil optou por sempre sair jogando curto nos seus tiros de metas, a fim de atrair o adversário, sair rapidamente da pressão e, então, encontrar espaços nas costas da defesa rival.

Alisson saiu jogando curto nos tiros de meta da Seleção — Foto: Bruno Cassucci

Alisson saiu jogando curto nos tiros de meta da Seleção — Foto: Bruno Cassucci

Um deles está na lateral direita. Apesar do gol (após linda troca de passes, com inversões de lados) e da atuação consistente, Danilo ainda não convenceu totalmente de que pode ser o sucessor de Daniel Alves, que está com 36 anos e terá 39 na Copa do Catar.

Se por um lado existem dúvidas e incertezas, por outro também há otimismo pelas novas gerações que surgem, seja com Rodrygo e Douglas Luiz despontando na seleção principal ou com os prodígios do time olímpico e do sub-17, campeão no último fim semana.

Para as Eliminatórias, também terá Neymar de volta, David Neres recuperado de lesão e os jogadores do Brasileirão (em especial do Flamengo) à disposição de Tite. Mas isso é assunto só para depois da quarta-feira de cinzas… (Globo Esporte)