As mulheres vítimas de violência doméstica estão recebendo apoio psicológico da Delegacia da Mulher, em Cuiabá. A terapia em grupo ajuda as vítimas a retomarem suas vidas. Cada sessão tem a duração de duas horas. O grupo é formado por 10 mulheres que têm procedimento de violência registrado na polícia.
A recomendação da psicóloga é que elas participem de pelo menos 10 sessões.
A psicóloga da Delegacia da Mulher de Cuiabá, Eliane Montanha, disse que as pessoas definem a violência ao ato de agredir, mas quando chega a esse ponto já iniciou há muito tempo atrás. “A mulher faz uma maquiagem e o parceiro fala: ‘nossa que horrorosa’. Quando é constante, ela acaba sucumbindo a isso, ou então diz: ‘você é burra’. É uma violência psicológica sem ela perceber”.
Uma dessas vítimas contou o trauma que enfrenta. “Todo mundo que te olha, parece que vai te bater, vai te matar, é muito difícil”, disse.
Esse tipo de trauma é comum à mulheres vítimas de violência doméstica. As feridas são tão profundas que ninguém tem certeza se existe remédio para isso.
A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, que atua na Delegacia da Mulher, afirmou que os métodos de interação em grupo ajuda a vítima a se sentir à vontade, para falar e ouvir. “O objetivo é justamente fazer que a autoestima ressuscite, geralmente ela está fragilizada, se mostra insegura, porque vem de um relacionamento abusivo”, explicou.
Outra vítima de violência doméstica contou que o ex-companheiro a agredia e depois pedia perdão, argumentando que aquilo não iria mais acontecer.
“Ele me deu um tampa, depois ajoelhou, pediu perdão falou que nunca mais ia acontecer. Daí a gente teve uma discussão e ele me agrediu muito. Eu tive que ajoelhar falar que eu queria ficar com ele. Eu fugi, voltei, fugi, voltei, sempre vivendo sob ameaça dele, porque eu não vou deixar as minhas filhas morrer por conta dele”, disse.
Toda humilhação, agressão psicológica, física e sexual praticada no meio doméstico é violência doméstica e se ela não for interrompida pode chegar ao extremo. E, em Mato Grosso, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados 36 feminicídios, o que corresponde a um aumento de quase 6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os feminicídios praticados na violência doméstica são em maior número. A maioria é originado da violência doméstica.
“Precisamos trabalhar educação, respeito desde a casa, é ali que acontece a maioria”, disse.
Segundo a delegada, as sessões de terapia, tem dado resultado. “Algumas delas já conseguiram falar sobre o problema e vão direcionando o caminho da vida. Temos ainda mulheres resistentes, violência maior, mais resistentes. O objetivo é ajudar a todas “, finalizou.