A decisão do presidente da República de fazer em Rondonópolis a sua primeira visita, após a sua posse no dia 1º de janeiro, a um estado da região do Centro-Oeste, que é um reduto bolsonarista, gerou muita tensão no Planalto.

Todavia, a rápida visita de Lula, que durou cerca de duas horas e meia, ocorreu de forma tranquila, em meio a um “robusto e inédito” esquema de segurança já montado na cidade, conforme havia noticiado o A TRIBUNA. Até o monitoramento das redes sociais da população local foi necessário.

Temia-se no Planalto que pudessem ocorrer na cidade protestos e tumultos de bolsonaristas mais radicalizados que colocassem em risco a segurança do presidente e de populares que fossem até o ato de inauguração dos 1440 apartamentos do Celina Bezerra.

Antes de ser batido o martelo da vinda, equipes do Gabinete de Segurança e Institucional da Presidência da República (GSI) e da Polícia Federal (PF) estiveram na cidade fazendo levantamentos e o monitoramento da situação.

Só depois disso é que a vinda de Lula para a inauguração da segunda etapa do Residencial Celina Bezerra, que fica localizado ao lado do Alfredo de Castro, foi confirmada. A rápida visita de Lula a Rondonópolis, quase 20 anos depois de primeira vinda à cidade como Presidente, não teve registros de violência.

Apenas um rápido e tímido protesto de cerca de 12 apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro foi visto nas imediações do Parque de Exposições, que fica localizado na rotatória da Avenida dos Estudantes com a única via existente atualmente para o acesso à região do Alfredo de Castro, onde está o Celina Bezerra.

No entanto, o presidente Lula nem chegou a ver o protesto realizado pelos bolsonaristas rondonopolitanos. Pois, ele se deslocou de helicóptero diretamente do Aeroporto Maestro Marinho Franco, onde desembarcou, para o Residencial Celina Bezerra, local do ato de inauguração.

CAUSOU

Antes de começar o evento de inauguração, o deputado bolsonarista, Abílio Brunini (PL) causou alvoroço. Ele foi até o local trajando uma camiseta preta com os dizeres “Fora Lula”. Ele acabou cercado por militantes, que o hostilizaram e o “convidaram para se retirar do local”. Ele acabou indo embora escoltado.

CLIMA DE ÓDIO

Em seu discurso, de pouco mais de 15 minutos, ele lamentou que o país tenha sido tomado por um clima de ódio nos últimos tempos.

“Esse país deixou de ser o país da alegria, da verdade, do crescimento, de distribuição de renda para ser o país da mentira, do ódio, da provocação”, afirmou, mencionando, em seguida, uma chacina ocorrida  recentemente em Sinop, no norte de Mato Grosso.

“Vocês viram o que aconteceu aqui em uma cidade próxima, em Sinop, quando um cidadão perdeu uma partida (de sinuca) e resolveu matar sete pessoas, sem nenhuma explicação. O país foi tomado pela violência porque a mentira e o ódio predominaram”, observou Lula.

Ele destacou ainda que o seu compromisso ao voltar a ser presidente é de reconstruir a fraternidade entre os brasileiros. “O Brasil deixou de ser fraterno. Tenho o compromisso de reestabelecer a fraternidade neste país”.

Salientou ainda que as eleições terminaram com o fechamento das urnas em 30 de outubro do ano passado e que agora é hora de trabalhar pelo país e de colaboração entre os entes da federação e União.

“Eu não quero saber de qual partido é o governador, o prefeito. Eu quero saber que ele está eleito e eu tenho que trabalhar junto com ele para governar para o povo do estado e da cidade”, destacou o presidente. (Agora MT)