Jornalistas e comentaristas com larga experiência na cobertura do futebol, ouvidos pelo Terra, apontam, em geral, um leve favoritismo para o Liverpool na decisão do Mundial de Clubes, nesse sábado, em Doha, no Catar. Todos, no entanto, acreditam que o Flamengo tem condições de se superar e de voltar para o Brasil com o título.
Confira abaixo o relato de dez desses profissionais:
Cícero Mello, repórter da ESPN Brasil: “É o jogo mais importante do ano e dos últimos tempos para a torcida do Flamengo, logicamente, e para a imprensa brasileira. Estamos curiosos para saber em que nível exatamente está esse time do Flamengo em comparação com os clubes de ponta da Europa. No Brasil e na América do Sul, o Flamengo está fora da curva, é um time acima de qualquer outro. Agora, contra um time de primeira da Europa, considerado hoje o melhor do mundo … é um teste verdadeiro para o Flamengo. Há outro fator em jogo. Para o Flamengo, esse título é muito importante, seus jogadores vão disputar o jogo da vida. Para o europeu, nem tanto. Claro que o Liverpool vai querer ganhar, mas essa decisão é apenas mais um compromisso para o time inglês”.
Eraldo Leite, comentarista da Rádio Globo Rio: “É inegável a superioridade do Liverpool em termos técnicos, tem uma equipe mais bem preparada e entrosada que o Flamengo. O Jürgen Klopp está há mais tempo no Liverpool que Jorge Jesus no Flamengo. Isso tem peso. Se houver improvisação na defesa do time inglês, aí isso pode ser o mapa da mina para o Flamengo, com Bruno Henrique e Gabigol podendo explorar eventuais falhas defensivas do Liverpool, como as que ocorreram no jogo com Monterrey. O Flamengo tem que impor seu jeito de jogar, dificultar a saída de bola do Liverpool e usar a categoria e habilidade de Everton Ribeiro e Arrascaeta e a velocidade de Bruno Henrique para criar suas oportunidades”.
Fabio Azevedo, comentarista do Fox Sports: “Um jogo muito igual, o Liverpool não vem completo. Se viesse, eu diria que teria 70% de chances de vencer. Mas no atual momento do Flamengo, em que tudo vem dando certo, não será surpresa se o trio Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol puder resolver. O Bruno Henrique é o melhor jogador da temporada da América do Sul. Vejo um jogo muito igual por causa dos desfalques do Liverpool”.
Felipe Rolim, comentarista do DAZN: “Espero um jogo em alta intensidade em que o Flamengo terá que tomar cuidado com o primeiro tempo, que já foi sofrido contra River Plate e Al Hillal. O Liverpool não perderá chances de alongar o placar e definir antecipadamente o jogo. Expectativa grande para ver como o Flamengo irá se comportar sem a bola, já que, no Brasil, vem determinando o ‘tamanho do campo’ subindo e descendo sua linha defensiva para diminuir o espaço de construção da equipe adversária. Curioso para saber se deixará tanto espaço entre zaga e goleiro para as descidas de Mané, Salah e dos laterais adversários. Não acredito em mudança do modelo de jogo de Klopp, que é o favorito, chegou em 2015, renovou até 2024 e tem seu time testado no mais alto nível de enfrentamento. Jorge Jesus pode ter dúvidas naturais de seu pouco tempo no comando e por não ter tido um adversário à altura do outro finalista”.
Fernando Caetano, repórter do Fox Sports: “Antes do início do Mundial, eu via o Liverpool com 80% de chances de ganhar o título e o Flamengo com 20%. Mas depois da semifinal em que o Liverpool teve uma certa dificuldade de passar pelo Monterrey, as chances do Flamengo aumentaram. Eu colocaria hoje 60% para o Liverpool e 40% para o Flamengo. O Van Dijk treinou normalmente e deve jogar. É um reforço importante. O Flamengo tem que tomar precaução ali pelo seu lado esquerdo. O Filipe Luís não está num bom momento e o Liverpool pode ser aproveitar disso”.
Ricardo Gonzalez, comentarista do SporTV: “Se os dois times conseguissem jogar com 100% de sua capacidade, o Liverpool seria favorito. Tem um grupo mais experiente e com quantidade maior de jogadores tecnicamente superiores. Como é difícil atingir esse 100%, o jogo está aberto. São dois times que gostam muito de atacar, cada um de um jeito. O Flamengo busca mais a aproximação e o controle de bola, e eventualmente se aproveita de contra-ataques com lançamentos longos de Everton Ribeiro ou com o Bruno Henrique conduzindo a bola com velocidade. O Liverpool é mais agudo; todas as bolas que eles recuperam já são lançadas para a frente em busca dos atacantes e muitas vezes isso é mortal para os adversários. Tem tudo para ser a melhor final, tecnicamente, do Mundial desde que o atual modelo foi adotado, em 2005”.
Robson Morelli, editor de Esportes do Estadão: “Pela primeira vez um time brasileiro, sul-americano, vai poder participar em condições de igualdade com o rival europeu numa final de Mundial. Nas outras vezes, o europeu sempre foi mais forte, sempre foi o grande favorito. Ainda é assim e o Liverpool tem o favoritismo, mas vejo no Flamengo uma condição quase de igualdade com o time inglês. Os cariocas têm um ataque faminto de gol, que não deve nada a ninguém, um meio bem organizado, que sabe jogar futebol, bem aos moldes dos times europeus. Por isso, eu acho que desta vez vai ser um jogo aberto, franco, um jogo de ataque contra ataque, de fogo contra fogo. A torcida do Fla deve ter bastante esperança sim de voltar do Catar com a taça. O Flamengo mudou o jeito de a gente ver, enxergar, o futebol brasileiro. Em função desse Flamengo, acredito que 2020 deve ser um ano bem diferente, com outras equipes tentando fazer o mesmo”.
Rodrigo Viga, repórter da Reuters e da Rádio Jovem Pan: “Uma grande partida, o futebol do Liverpool na Liga Inglesa e na Liga dos Campeões é invejável, assim como o Flamengo também serviu de parâmetro e tomara que seja um paradigma para o modorrento futebol praticado pela Seleção Brasileira no momento. Agora, qual vai ser o Liverpool? O que entrou em campo e tomou o sufoco do Monterrey ou aquele que depois passou a usar suas peças principais e se tornou um time mais consolidado, encorpado? Qualquer coisa que aconteça nesse sábado não apaga, não diminui o mérito do Flamengo. A história nos deu esse presente, após praticamente 40 anos, de ver Liverpool e Fla disputando de novo a final de clubes”.
Sergio Du Bocage, repórter e apresentador da TV Brasil: “Flamengo e Liverpool têm um jogo muito semelhante, de marcação alta, velocidade. Por conta disso, em tese teria de ser uma final de muitos gols. Mas estou acreditando no oposto, graças à qualidade técnica dos dois goleiros. Bruno Henrique pode fazer seu nome na história, até porque o lado direito do Liverpool é o ponto fraco do time. Também acredito que o Arrascaeta possa ser o diferencial desse jogo. Para quem é supersticioso, vale lembrar que o Flamengo vai jogar de branco, como na final de 1981”.
Tadeu de Aguiar, jornalista, cobriu 7 Copas do Mundo e o dia a dia do Flamengo da era Zico: “Há um evidente favoritismo do Liverpool, mas o Flamengo de maneira nenhuma pode ser desprezado, relegado a um planos secundário. É um jogo só, o Fla tem qualidades para vencer no tempo normal ou na prorrogação ou nos pênaltis. Se o jogo se alongar, a condição física pode falar mais alto e a gente não sabe exatamente como está time inglês nesse ponto. O Flamengo pode se utilizar de sua velocidade para decidir, aproveitando-se de problemas defensivos do Liverpool. Claro que os cariocas têm a seu favor o trio formado por Bruno Henrique, Gabigol e Arrascaeta. Eles podem sim fazer frente a Salah, Mané e Firmino”. (Terra)