Qual é o seu Campeonato Brasileiro? Se seu time ainda sonha com a chance de título, o jogo da rodada é Atlético-MG x Corinthians. Historicamente, o Atlético-MG tem vantagem quando mandante pela Série A contra o Corinthians, e a expectativa é de que a equipe mineira faça gol a partir de uma jogada aérea. Mas o Corinthians é defensivamente muito consistente fora de casa, a melhor defesa visitante, e tem condições de estragar a festa atleticana, que busca o recorde de vitórias consecutivas quando mandante.
Agora, se seu time está lutando com todas as forças de que dispõe para se manter na Série A, dois jogos são chave: tanto Juventude quanto Grêmio têm vantagem histórica contra seus adversários da rodada e maior potencial de vitória a partir a expectativa de gol (xG) ofensiva e defensiva que vêm construindo rodada a rodada. O Juventude está com 13,8% de chances de permanecer na Série A em 2022, e o Grêmio, 8,5%. O Juventude precisa vencer em casa o Internacional para melhorar esse potencial, afinal, tem um jogo a mais para disputar do que Santos e Bahia. Será um desafio e tanto. A equipe vem de dois empates por 0 a 0 (Ceará e Bahia em casa).
A cada rodada, os clubes vão decidindo a agenda para 2022 e, por isso, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão em cada posição. Estatisticamente, está se fechando a janela de oportunidades para as equipes que vão ficar na Série A na próxima temporada. Juventude, Sport, Grêmio e Chapecoense estão com menos de 20% de chances se manterem na Série A.
No quadro abaixo, a primeira linha apresenta a probabilidade percentual de cada time ser campeão. Isso muda a cada rodada, dependendo da combinação entre os resultados de cada time. A segunda linha mostra a chance de os times terminarem a competição na segunda posição e assim sucessivamente, até chegar nas últimas três linhas da tabela, que mostram o potencial de ficarem entre os quatro e os seis primeiros, conseguindo uma vaga na Libertadores 2022 de forma direta ou indireta (via fases eliminatórias), além da probabilidade de um time terminar o campeonato entre os 16 que prosseguirão na Série A no ano que vem. Quem chega a 100% na última linha, elimina o risco de rebaixamento.
Chances de os clubes terminarem o Brasileirão em cada colocação — Foto: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico
Favoritismos apresenta também o potencial que cada time carrega para a rodada #31 do Brasileirão comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e também nos últimos seis jogos independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira entre os gols por serem cobranças feitas diretamente para o gol. Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 81.358 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.338 jogos de Brasileirões desde 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual de cada equipe a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Grêmio
- Está nas casas centesimais a vantagem do Grêmio (34,02% x 34,00 para o empate). Historicamente, o Grêmio leva vantagem nesse confronto quando é mandante. De 2006 em diante, foram dez vitórias do Grêmio, dois empates e três vitórias do Fluminense em 15 jogos. A última vitória carioca foi em 2019. Uma diferença básica entre os times é que o Fluminense é o quarto que proporcionalmente mais finaliza de dentro da área (57%), de onde é mais fácil marcar, mas o Grêmio é o segundo com menor percentual de finalizações de dentro da área (46,5%). O jogo tem potencial para gol aéreo do Fluminense. A equipe carioca fez seis dos últimos dez gols usando bolas altas, e o Grêmio sofreu seis assim dos últimos dez, inclusive no Gre-Nal. O Fluminense sofreu sete dos últimos dez pelo alto, mas o Grêmio só fez quatro. O Grêmio é o terceiro pior mandante do Brasileirão (4 V, 5 E, 5 D, 40%), com o 11º ataque mandante (16 gols, 1,14) e a sexta pior defesa (16 gols sofridos, 1,14). O Fluminense é o 10º visitante (4 V, 4 E, 7 D, 36%), com o 11º ataque visitante (13 gols, 0,87) e a nona defesa (18 gols sofridos, 1,20).
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Athletico-PR
- O Athletico-PR fez e sofreu sete dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas apesar de o Ceará ter levado metade dos últimos dez gols dessa forma, só sofreu um dos últimos seis após bolas altas. É um embate interessante. O Ceará fez a partir de trocas de passes seis dos últimos dez gols. O Athletico-PR é o 12º mandante do Brasileirão (6 V, 4 E, 5 D, 49%). O Ceará é o terceiro pior visitante (0 V, 9 E, 5 D, 21%). Embora seja o segundo mandante que mais finaliza (15,9), o Athletico-PR tem a 11ª eficiência, um gol a cada 11,9 tentativas. O Ceará é o décimo visitante em finalizações (10,1), mas tem a segunda pior eficiência forasteira, um gol a cada 17,8 tentativas. Defensivamente, o Athletico-PR é o quarto mandante que mais sofre finalizações (11,5), com a sexta pior resistência, um gol sofrido a cada 9,6 conclusões contrárias. O Ceará é o 11º visitante em finalizações (13,4) e também em resistência, um gol sofrido a cada 10,4.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Bragantino
Esta é uma rodada perigosa para o Santos porque tanto Juventude quanto Grêmio têm retrospectos positivos contra seus adversários, enquanto o Santos recebe o Bragantino, melhor visitante do campeonato (7 V, 5 E, 3 D, 58%), com o segundo melhor ataque forasteiro (24 gols, média 1,60) e a sexta melhor defesa (16 gols sofridos, média 1,07). O Santos é o nono mandante (6 V, 5 E, 4 D, 51%) e que vem de derrota em casa para o Palmeiras. O Bragantino é o terceiro time que mais sofreu gols em contra-ataques (sete, sendo quatro deles quando visitante). O Santos tem quatro gols assim, três quando mandante. Dos últimos dez gols, o Santos fez seis e levou sete a partir de jogadas aéreas, mas o Bragantino fez e sofreu sete em trocas de passes.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Atlético-MG
O Atlético-MG vem de 12 vitórias consecutivas em casa pela Série A e se derrotar o Corinthians, empata com o maior recorde de vitórias seguidas na história do Brasileirão. Os líderes são Internacional (1976) e Palmeiras (2018), com 13 vitórias seguidas. Historicamente, o Atlético-MG tem significativa vantagem quando recebe o Corinthians. Pela Série A, de 2006 em diante, com este mando o Atlético-MG venceu sete, houve dois empates, e o Corinthians venceu quatro de 13 jogos. A última vitória corintiana pela Série A foi em 2017 (2 a 0). Não será surpresa se o Atlético-MG chegar ao gol a partir do jogo aéreo, porque a equipe mineira fez seis dos últimos dez gols a partir de bolas altas, e o Corinthians sofreu nada menos do que sete dos últimos dez dessa forma. É de se esperar que o Corinthians busque o jogo rasteiro, pois fez sete dos últimos dez em trocas de passes, e foi assim que o Atlético-MG sofreu oito dos últimos dez. O Atlético-MG é o melhor mandante do Brasileirão (13 V, 1 E, 1 D). O Corinthians é o quinto melhor desempenho forasteiro (5 V, 7 E, 3 D, 49%).
Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Palmeiras
O Palmeiras é o terceiro melhor mandante do Brasileirão (9 V, 2 E, 4 D, 64%), e o Atlético-GO, o sétimo visitante (5 V, 3 E, 7 D, 40%). Como o Palmeiras fez e o Atlético-GO levou metade dos últimos dez gols pelo alto e metade por baixo, não há um padrão esperado. A equipe goiana fez seis em trocas de passes, e o Palmeiras sofreu sete dos últimos dez no jogo rasteiro. O Atlético-GO levou oito gols em contra-ataques, pior marca do campeonato, quatro quando visitante. O Palmeiras já marcou sete em contragolpes, segunda maior marca, três quando mandante.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Fortaleza
Um enfrentamento entre duas equipes com defesas bem organizadas. O Fortaleza é o segundo mandante que menos permite finalizações de adversários (9,0), com a 13ª resistência, um gol sofrido a cada 10,5 finalizações contrárias. O São Paulo é o quarto visitante que menos sofre finalizações (11,8), mas tem a 12ª resistência, um gol sofrido a cada 10,4 conclusões contrárias. O Fortaleza é o quarto melhor mandante do Brasileirão (8 V, 3 E, 3 D, 64%), com o quinto melhor ataque mandante (21 gols, média 1,50) e a décima defesa (13 gols sofridos, 0,93). O São Paulo é o 13º visitante (3 V, 5 E, 7 D, 31%), com o quarto pior ataque visitante (10 gols, 0,67) e a nona defesa (18 gols sofridos, média 1,20). O Fortaleza tem o quinto ataque mais produtivo (15,3) e a oitava eficiência, com um gol a cada 10,7 tentativas. O São Paulo tem o 11º ataque visitante em finalizações (10,0), mas a terceira pior eficiência, com um gol marcado a cada 16,7 tentativas.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Sport
Partida para se esperar por gol a partir de jogada aérea: Sport e América-MG fizeram seis dos últimos dez gols a partir de bolas altas, o Sport sofreu sete dos últimos dez pelo alto, e o América-MG sofre metade pelo alto e metade em trocas de passes. O Sport é o segundo pior mandante do Brasileirão (4 V, 5 E, 6 D, 38%), e apesar das dificuldades, tem a melhor defesa caseira, com oito gols sofridos (média 0,53). O América-MG é o 12º visitante (3 V, 6 E, 6 D, 33%), com o sétimo melhor ataque visitante, 15 gols (média 1,00). Não deve faltar emoção na partida.
— Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Juventud
O Juventude não apenas fez todos os últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, como usou bolas altas para fazer 15 dos últimos 16 gols que marcou em jogadas. Só que o Internacional vem controlando bem seu espaço aéreo, só tendo levado quatro dos últimos dez gols a partir de bolas altas. É maior o potencial de o Inter marcar pelo alto, assim como fez no Gre-Nal: seis dos últimos dez gols o Inter marcou usando o jogo aéreo, e o Juventude sofreu pelo alto nada menos que sete dos últimos dez gols. O Juventude é o sexto pior mandante (5 V, 6 E, 4 D, 47%), com o 14º ataque (14 gols, 0,93) e a 11ª defesa mandante (14 gols sofridos, 0,93). O Internacional é o sétimo visitante (4 V, 6 E, 5 D, 40%), com o oitavo ataque visitante (14 gols, 0,93) e a quinta melhor defesa (15 gols sofridos, 1,00). O Juventude vai precisar de muito cuidado com o contra-ataque, afinal, já sofreu cinco gols assim, 13ª marca, três deles quando mandante, e o Internacional tem cinco gols marcados em contragolpes, quinta maior marca, mas só dois quando visitante. O Internacional é a terceira equipe que proporcionalmente mais finaliza de dentro da área, de onde é mais fácil marcar (57,1%), e o Juventude é o time com menor percentual de finalizações de dentro da área (45,4%).
Favoritismos #31 Flamengo x Bahia — Foto: Espião Estatístico
Favorito >> Flamengo
O Flamengo tem ampla vantagem quando recebe o Bahia: venceu cinco e empatou duas, e o Bahia só venceu uma vez (em 2011) quando visitante pela Série A de 2006 em diante. Agora, o Flamengo é o segundo melhor mandante (10 V, 1 E, 4 D, 69%), e o Bahia, o 13º visitante (3 V, 5 E, 7 D, 31%). São duas equipes que dão trabalho no contra-ataque: o Flamengo é o time que mais fez gols assim no Brasileirão (nove, sendo quatro deles quando mandante). O Bahia é o terceiro com mais gols em contragolpes (seis, dois deles quando visitante). O Flamengo vai precisar de atenção ao jogo aéreo, pois sofreu sete dos últimos dez gols dessa forma, e o Bahia fez sete dos últimos dez com bolas altas. O Bahia levou seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas o Flamengo dez só dois dos últimos dez dessa forma.
Resultado
Favoritismos acertou 135 dos 287 jogos analisados, aproveitamento de 47%.
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 81.358 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.338 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.
Para esta edição do Brasileirão, o desempenho de um jogador passa a ser comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e passamos também a considerar o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
Favoritismos está apresentando também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, que é representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Bruno Murito, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Favoritismo/Globo Esporte)