Estamos hoje com uma população mundial em torno de 7,5 bilhões de habitantes. O pico chegará próximo de 10 bilhões, talvez já na metade do século. Destes, três a quatro bilhões não estão inseridos no processo consumidor. Realidade que está sendo mudada, principalmente na China e Índia.

Estes dados nos autorizam a prever que a demanda por alimentos irá dobrar nesse período.

Some-se a isso, o fim das terras cultiváveis dos países de clima temperado do hemisfério norte, que só tem condições de produzir uma safra anual.

Até algumas décadas atrás, ninguém previa que o bioma cerrado seria em poucas décadas o celeiro do Brasil. Também não se imaginava que o nosso capital humano “armazenado” na região sul do Brasil, junto com a criação de uma empresa de pesquisa agropecuária (EMBRAPA), formaria uma dobradinha que culminaria numa verdadeira revolução agrícola brasileira.

Porém, produzir só quantidade não é suficiente. Nossos clientes estão exigindo mais. É preciso produzir com qualidade, segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e principalmente ofertar alimentos com preços mais baratos que nossos concorrentes.

Para isso levamos vantagens enormes, pois temos condições de produzir até três safras anuais, na mesma terra, utilizando a mesma mão de obra e o mesmo maquinário.

Quanto à sustentabilidade é difícil brigar com um país que planta quase tudo no sistema de “plantio direto” e que tem bem mais da metade de sua vegetação original preservada.

Nem por isso temos que nos “gargantear” que somos os maiorais em preservação. Temos que administrar a percepção que o mundo tem de nós.

Um fato que nos constrange são os desmatamentos e queimadas na Amazônia. Não adianta brigar com os países que nos acusam. Temos que resolver o problema.

Recentemente entidades ligadas ao agro e outros setores da sociedade já estão se posicionando no sentido da preservação desse bioma. Seria o “cala  boca” para muitos países que nos impõem barreiras comerciais injustas. Cuidar do ambiente será o ativo e uma grande arma comercial do Brasil.

Na verdade, a relevância daquilo que é desmatado, num comparativo com o tamanho do bioma amazônico, é quase zero. Mesmo assim, a percepção mundial é que estamos devastando a floresta.

Está faltando um planejamento estratégico de comunicação.

Voltando ao mercado, para atender as novas demandas, teremos que dobrar a nossa produção nas próximas duas décadas. Esse aumento de produção virá da cessão de áreas de pastagens em função da modernização da pecuária e dos aumentos de produtividade advindos de novas tecnologias, já disponíveis.

Alguns agricultores vanguardistas conseguem  produzir mais de 100 sacas de soja por hectare, 180 de milho safrinha e pasmem, 120 de trigo, no cerrado e de ótima qualidade. Estas serão as novas médias nacionais daqui a alguns anos.

Tudo isso, sem ofender nenhum hectare da floresta nativa e sem contar ainda com os avanços da biotecnologia.

Temos todas as condições de comandar a tecnologia da produção tropical de alimentos.

Dobrar a produção possibilita no mínimo triplicar a exportação, pois o mercado interno já está abastecido.

Já imaginaram o impacto na economia do país se dobrarmos ou triplicarmos as exportações do agro? Grãos, carnes, fibras, frutas, celulose e biocombustíveis? Galgaríamos muitos degraus em direção à riqueza.

Portanto, vamos cuidar e botar lenha nessa grande locomotiva que está “tocando” o Brasil e adicionar cada vez mais vagões ao comboio.

 *ARNO SCHNEIDER é engenheiro agrônomo e pecuarista em Mato  Grosso.

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