A Conmebol iniciou na quinta-feira a vacinação de clubes e seleções que disputam competições sul-americanas, no Paraguai. A primeira equipe brasileira a receber a imunização foi o Atlético-GO, após vitória sobre o Libertad por 2 a 1, na Sul-Americana. Para entender a discussão em torno das vacinas, a reportagem do ge ouviu todas as equipes brasileiras na disputa da Libertadores e da Sul-Americana.

Ainda na fase de grupos da Libertadores, Atlético-MG e Internacional irão jogar em Assunção, cidade onde a delegação goianiense foi imunizada. Os mineiros enfrentam o Cerro Porteño, pelo Grupo H, no dia 19 de maio; já os gaúchos vão ao Paraguai para enfrentar o Olimpia, no dia 21 de maio, pelo Grupo B.

Em abril, a Conmebol recebeu doação de 50 mil vacinas do laboratório chinês Sinovac. A Anvisa destacou que esses imunizantes não podem entrar no Brasil no momento, mas a vacinação está em andamento no Paraguai. Galo, Ceará e Athletico-PR sinalizaram que vão aceitar o imunizante, caso seja oferecido.

– Por enquanto, a Conmebol não nos passou nada. Sabemos que as vacinas não podem vir para o Brasil, nem ser aplicadas aqui. Sim, o clube aceita ser vacinado. O clube não se opõe a nada que seja feito de forma correta e idônea – informou o departamento de comunicação do Galo.

Ao Blog da Nadja, o presidente Mario Celso Petraglia, do Athletico-PR, declarou achar a iniciativa “espetacular e necessária”. O mandatário rubro-negro afirmou que gostaria “que o governo autorizasse que comprássemos para todos os funcionários e seus familiares”.

Já Robinson de Castro, presidente do Ceará, foi sucinto em contato com o ge: “Se for disponibilizado, sim”.

Em Porto Alegre, o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, afirma que o Inter ainda não recebeu contato oficial da Conmebol e por isso, não tem uma definição sobre o tema. No entanto, ele pretende consultar o Conselho de Gestão antes de tomar uma decisão definitiva sobre a questão. A reunião deve ocorrer na próxima semana.

Fluminense e Santos já anunciaram que vão recusar a imunização. O presidente do Peixe, Andrés Rueda, disse ao Seleção SporTV que o uso antecipado de vacinas no futebol é “desumano”. O mandatário tricolor, Mário Bittencourt, declarou que o clube foi consultado apenas extraoficialmente, mas que negaria.

No Grêmio, o presidente Romildo Bolzan Jr se opõe à iniciativa por entender que o clube mantém rigidez e cuidados em seus protocolos, além da prioridade de outras categorias.

O clube gaúcho “irá avaliar o processo sob o ponto de vista ético e humanitário. Existem categorias que, neste momento, impactam mais pela busca da normalidade do convívio social e comunitário, que precisam ser tratadas de forma prioritária. O futebol mesmo com os seus cuidados, não pode se antepor ao tema que é de cunho coletivo.”

Procurados pelo ge, Corinthians, Santos, São Paulo e Flamengo não quiseram emitir posições oficiais.

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, posa em frente a doses da vacina Sinovac — Foto: Reprodução/Twitter

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, posa em frente a doses da vacina Sinovac — Foto: Reprodução/Twitter

Nos bastidores, a reportagem apurou que o Tricolor não irá se movimentar para que a delegação receba suas doses. A possibilidade de atletas e funcionários serem vacinados no São Paulo depende de uma orientação da Conmebol e da hipótese de a imunização impactar a disputa de campeonatos da confederação – como, por exemplo, a obrigatoriedade de o elenco só poder disputar partidas em determinados locais se estiverem todos vacinados.

O Bahia afirmou não ter nenhuma informação sobre vacinas e que o clube “vai avaliar” o caso quando houver mais detalhes. A posição é similar à do RB Bragantino, que declarou não ter sido procurado pela Conmebol para discutir vacinação. A reportagem apurou que, no Braga, a tendência é que o clube não aceite o imunizante, caso seja oferecido. O Corinthians também afirmou não ter sido contatado pela entidade e que não possui qualquer programação a respeito.

O Palmeiras reforçou que a decisão “precisa estar alinhada com as premissas do Plano Nacional de Imunização (PNI).” O Verdão ainda afirma que “é necessária uma coordenação em nível nacional” e “não é uma decisão que deve ser tomada individualmente por cada clube”.

Colombianos aceitam, argentinos negam

Nesta semana, dois clubes argentinos – River Plate e Lanús – recusaram a vacinação. Ambos jogaram no Paraguai e receberam a oferta para imunizar as delegações. Os dirigentes das duas equipes argumentaram incerteza em relação à data da segunda dose, já que até o momento a Argentina não permitiu a entrada das vacinas da Conmebol.

Cerro Porteño é um dos clubes a receber vacinas Sinovac doadas pela Conmebol — Foto: Divulgação/APF

Cerro Porteño é um dos clubes a receber vacinas Sinovac doadas pela Conmebol — Foto: Divulgação/APF

Já as delegações dos três times colombianos que atuaram em Assunção esta semana aceitaram a oferta da Conmebol. Foram imunizados jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes de Atlético Nacional, Santa Fe e La Equidad. Equipes paraguaias também já receberam a primeira dose, entre elas Cerro Porteño, Olimpia e Guaraní.

O único outro país que iniciou a vacinação com os imunizantes da Conmebol foi o Uruguai. Mas até agora apenas delegações de times uruguaios foram vacinados. (Globo Esporte)