Mato Grosso, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde que analisa o período entre 2 de janeiro e 2 de abril de 2022, é o 7° Estado do País com maior número de casos de dengue, com 14.260 registros. Os pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Matheus Duarte e Luciano Teixeira Gomes, atuam contra a doença na construção de uma vacina em parceria com o Instituto Butantan. Com resultados positivos nos testes, a pesquisa é uma das agraciadas com o Prêmio Severino Meirelles.
Matheus Duarte, responsável pela apresentação do trabalho, conta que encarar a pesquisa foi desafiador pela importância do tema e como a dengue é uma doença que está presente na vida dos brasileiros. “Foi um grande desafio, pois além de ser uma iniciação científica, o projeto possui uma relevância gigantesca com possibilidade de impacto na vida de muitos brasileiros e brasileiras”, relatou o então acadêmico de medicina. Para Matheus Duarte o desenvolvimento da pesquisa foi difícil pela conciliação das rotinas que envolvem o estudo.
“Eu esperava que fosse difícil, e de fato foi. Para nós, acadêmicos de medicina, conciliar a extenuante rotina e dar a devida atenção um projeto desta magnitude foi um quanto tanto desafiador”, pontuou. A pesquisa aconteceu atendendo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente no que se refere a saúde e bem estar. A idealização e desenvolvimento ficaram a cargo do Instituto Butantan de forma multicêntrica. A abordagem acontece a fim de achar espaços para testar a eficácia e a segurança da vacina.
Pesquisa envolve UFMT e HUJM
Em Cuiabá o centro de pesquisa para a vacina é constituído pela parceria entre o Instituto Butantan, a UFMT e o Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM). Atualmente a pesquisa encontra-se em estágio 3 de desenvolvimento que consiste na busca por confirmar eficácia e segurança. Neste período a busca é por dados sobre imunogenicidade e reações adversas em diferentes grupos de pessoas. Nesta fase os pesquisadores retiveram pacientes com dengue e observaram episódios febris ou outro eventos agudos apresentados. A fase seguinte é a de uso amplo e com estudos de controle.
A respeito do ponto mais importante para a pesquisa, Matheus Duarte enfatiza que é proximidade para o acesso a uma vacina contra a dengue. “O ponto mais importante de fato é darmos seguimento e podermos chegar cada vez mais perto de termos uma vacina, gratuita a população, tetravalente, que seja eficaz e segura na prevenção da Dengue, uma doença que ainda assola nosso território brasileiro”, afirmou confiante nos resultados até o momento.
A pesquisa foi desenvolvida por busca ativa de pacientes por mensagens e ligações, além de visitas domiciliares e atividades recreativas, entre outras atividades. Participaram da pesquisa 1882 participantes, dos quais 88 foram desligados e 142 concluíram o acompanhamento até o fim de novembro de 2021. Entre os resultados da pesquisa que se destacam estão 266 episódios de febre e nenhum evento adverso relacionado a vacina, entre os 21 episódios relatados.
Os dados ajudam na validação para a fase final da vacina, o que para Matheus Duarte é um estímulo para a pesquisa. “Gostaria de continuar nessa mesma pesquisa, mas infelizmente não sou mais acadêmico da UFMT e deixarei oportunidade para que outros colegas possam contribuir também para esse lindo projeto” finaliza.