Debaixo de novos paradigmas, a vida que segue. O indivíduo, antes sujeito individual no mundo jurídico e político, passa a ser um componente de sua própria identidade. Está contido, não é mais continente, conteúdo.

Para se estudar e individualizar alguém, nesse complexo processo de qualificação, precisa estar munido de dados que até então passavam ao largo de sua existência como membro comunitário. Sua imagem refletida transmuda-se em representação do que verdadeiramente é. Explico.

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Hoje, o que se é nas redes sociais não é exatamente aquilo que se pensa ser. Nesse novo mundo virtual é possível assumir várias identidades e trocá-las conforme a circunstância. Afinal, quantos ‘login’se pode fabricar com os mais variados apelidos e características pessoais? Pode-se ‘logar’ como Batman ou Capitão América e dar a esses personagens características outras conforme o alcance da imaginação recomendar. O assumir identidades está se tornando febre e passatempo predileto de alguns.

Por outro norte, a economia e a política já te analisam conforme o círculo potencialmente identificador de suas predileções, compras, trabalho, religião, renda etc. Você não é o que pensa e o que realiza, mas a vontade do grupo a que pertence. A clássica definição de cidadão e também de cidadania está ultrapassada. Ao indicar seu sobrenome, estará irremediavelmente indicando pertencer a um determinado segmento de pessoa. Da mesma forma, seu trabalho, sua religião e outras mais. Isso tudo leva ao fim da homogeneidade enquanto individualidade para algo muito mais aberto – grupos-. Tal estado de coisas pode gerar divisão por casta e até racismo.

Do homem e da mulher não se pode mais afirmar que são livres. Estão irremediavelmente divididos, ou em homens e mulheres ou entre eles e elas. Cada qual carrega sua identidade no perfil de abordagem já de antemão estudado. Maria não é Maria e João não é João, mas‘pertença’ a um intrincado referencial pessoal formado por teorias das mais variadas roupagens.

Tal não seria mais devastador se não acrescentássemos o Direito. No jurídico as coisas se complicam ainda mais. Num futuro não muito distante se estará ponderando princípios constitucionais de acordo com as origens. Seria uma espécie de dignidade humana ou mesmo direito de ir e vir circunstanciais, relativizados pelas variáveis grupais. Guantánamo que o diga!

Passou-se o século XX inteiro lutando pelas conquistas individuais e coletivas, mas, dessas, somente o coletivo pragmático e útil se está vingando, sobrevivendo. O governo te reconhece por um número (RG ou CPF) e logo o conecta num determinado perfil de contribuinte ou político. A divergência no Parlamento deixou de ter conteúdo específico para virar ponto-de-vista do governo ou da oposição, da maioria ou da minoria e assim vai. Conceitos como certo e errado, justo e injusto, legal e ilegal, foram substituídos por referenciais contra ou a favor do mandante (que quase nunca é o povo).

Tudo isso me faz lembrar Lulu Santos -‘Assim caminha a humanidade’ – ‘Com passos de formiga/E sem vontade/Não vou dizer que foi ruim/Também não foi tão bom assim/Não imagine que te quero mal/Apenas não te quero mais/Não te quero mais’… ‘Nunca mais!’.

É por aí…

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de CuiabáE é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e You Tube).

E-MAIL:               antunesdebarros@hotmail.com 

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CONTATO:         www.facebook.com/goncaloantunes.debarrosneto 

Com passos de formiga / E sem vontade / Não vou dizer que foi ruim / Também não foi tão bom assim/Não imagine que te quero mal / Apenas não te quero mais / Não te quero mais’… ‘Nunca mais!’. (LULU SANTOS)