Os jornais anunciaram a aposentadoria da Primeira Ministra da Alemanha, Ângela Merkel, após 18 anos de excelente gestão no exercício do cargo.
Ela, sem medo de errar, foi uma das maiores lideranças do mundo contemporâneo. Tem uma vida espartana, como todo chefe de governo na Alemanha. E ao responder a um jornalistas sobre os afazeres domésticos afirmou: “Não tenho criados e não preciso. Eu e meu marido fazemos esse trabalho todos os dias”.
O Império Escravocrata, não se pode negar, consolidou os limites continentais do País, mas nos legou amor incondicional aos privilégios.
Deu-nos suntuosos palácios e os altos funcionários públicos que substituíram a aristocracia, sem escrúpulos, o que implicou e não abrir mãos das suas regalias e vantagens. A República deu a estes polpudos salários e auxílio de toda sorte.
E aos que não deu moradias suntuosas, deu-lhes auxílio moradia e um estuário de vantagens. E por aqui, por exemplo, ficou o hábito, genuinamente brasileiro, de ser servido por empregadas domésticas que faz o serviço tido como indigno, pois as mão alvas daqueles que são ou se julgam elite não pode e nem deve limpar a sua sujeira.
O colonizador que para cá veio tinha como intenção enriquecer a qualquer custo e voltar. Surgiu, dessa forma, a Lei de Gerson de tirar vantagem em tudo. E aí entra o oportunista que somente pensa em si e o País que se exploda.
O País é um pavão enfeitado do herói Macunaíma de caráter duvidoso. Os novos ricos que por aqui surgiram competem entre si para saber quem tem a melhor casa ou o melhor carro e quem mais viaja para o exterior, num mundo de fantasia cercado de miséria para todos os lados. O nosso maior mal é a indiferença para com o nosso semelhante.
Uma prova disto é a fome que ronda e se instalou na moradia dos pobres. Bem como, pandemia que mata mediante o escárnio e a insensibilidade de uma psicopatia crônica.
Enfim, como dividir, neste País desigual, a “mais valia” que empanturra os ricos e humilha os pobres, mediante a sempre e robusta insensibilidade?
Fica, portanto, aqui a edificante mensagem de Ângela Merkel – que lavra pratos e faz todos os serviços domésticos – e esperava ser perguntada sobre os êxitos e fracassos do seu Governo, teve que responder uma pergunta sobre a sua indumentária:
“Eu sou funcionária do Governo e não uma modelo”. Seria bom que por aqui a humildade fizesse morada para que as sandálias do pescador tivesse alguma utilidade, pois o Papa Argentino acha que rezamos de menos e bebemos cachaça demais. Enfim, uma brincadeira que no fundo é uma humilhação.
Renato Gomes Nery é advogado.