O que leva um empresário e consultor de negócios de 62 anos a percorrer 1.062 quilômetros em 35 dias em dois países, França e Espanha, sob um verão com temperaturas acima de 40 graus? A resposta está na ponta da língua de Valdizar Andrade, que colocou a si mesmo o desafio de refazer um trajeto que havia percorrido em 2011, o Caminho de Santiago de Compostela, acrescentando um trecho dificílimo, o Caminho Aragonês: “Falar em cumprir um propósito, em ultrapassar limites, é muito bonito quando está no discurso. Mas é na prática que se descobre como alcançar algo que pode fazer você ser uma pessoa melhor”.

Se o propósito é o que move o peregrino, é na trajetória que ele encontra o seu verdadeiro tesouro: a conectividade com o mundo espiritual, que irá levar ao autoconhecimento.“O que mais pesou nesse segundo caminho não foi o fator físico, foi o condicionamento mental, pois sentia uma força que não me pertencia”, conta.

O noticiário recente mostrou um verão europeu com ondas de calor cada vez mais violentas em função do efeito estufa. Valdizar chegou a caminhar sob um sol de 43 graus e sensação térmica de 50 graus. Para contornar essa dificuldade, passou a iniciar a rotina de peregrino às 4h da madrugada, avançando até às 13h, pois o pico do calor acontece às 14h.“Cheguei a presenciar um óbito à margem do caminho, de um cidadão belga que teve uma queda abrupta de pressão, o que levou a um infarto fulminante”, rememora o episódio mais chocante de sua jornada. Ele atribui esse agravamento climático à perda de massa vegetal ao longo do caminho, seja por obra do próprio ser humano, agravado com a alta temperatura, quase desertificando toda a paisagem. Afirma, por exemplo, ter caminhado até vinte quilômetros sem ver uma única árvore.

Outro contratempo climático foi uma chuva de granizo que teve 3h30 de duração. “Não notei que um galho havia arrancado a capa da minha mochila e tive todas as minhas roupas encharcadas, o que aumentou absurdamente o peso que eu carregava.”

Valdizar aprendeu, de saída, que não é possível cumprir o caminho de forma engessada, como foi em 2011, pois era sua primeira caminhada de longa distância. Dessa vez ele pode se dedicar mais a percorrer o caminho em busca de algo que pudesse aprimorá-lo. No seu processo de conectividade, conseguiu entender os trechos mais desafiadores como metáforas para o seu aprendizado.

Logo de início, no trajeto de Somport a Jaca, que compreende a travessia da cordilheira dos Pirineus, divisa natural que separa a Espanha da França, enfrentou 38 quilômetros de descida íngreme em caminho que exigiu muito fisicamente. Era a entrada do Caminho Aragonês, muitas vezes descartado pelos peregrinos pela dificuldade de cruzá-lo. Por isso caminhou a maior parte do tempo solitário, sem encontrar muitos aventureiros pelo trecho.“Assim como essa descida foi uma grande metáfora de aprendizado, percebi outras metáforas, entre elas as ‘janelas do caminho’, dos prédios que observam os que caminham; as pedras que tornam o trajeto ainda mais perigoso; a Calçada Romana que, a despeito de sua antiguidade me deu uma tendinite que me obrigou a um tratamento providencial, além de outras metáforas”, avalia.

Entre os aprendizados, Valdizar aponta alguns que reúne e discorre em suas palestras:

  • O papel do ser humano – Para onde ele está conduzindo a si e o planeta em que vive;
  • Os problemas dos outros: só os idiotas julgam – A evidência de que o certo e errado dependem do ponto de vista de cada um;
  • Buscar a conectividade espiritual sem se apegar aos cânones religiosos, pois é a experiência que leva à essência;
  • O que estou fazendo com minha mochila mental? – O peregrino precisa administrar o peso que carrega. E aquilo que carrega na sua mente?
  • Processo de desapego – Junto com a ausência de julgamento é o que leva à caridade, à fraternidade e à compaixão;
  • Entender que cada um tem o seu tempo, que cada um faz o seu próprio caminho.

 

Valdizar Andrade já havia percorrido o Caminho de Santiago em 2011; o Caminho do Sol (Santana de Parnaíba a Águas de São Pedro, em São Paulo) em 2013; o Caminho de Pucón, no Chile em 2019; a Trilha Inca no Peru, em 2020; e o Caminho de Cora Coralina (de Corumbá de Goiás à Cidade de Goiás) em 2021. Com sua segunda caminhada na Espanha está agora disposto a dividir o conhecimento adquirido nesse grande desafio e para isso preparou uma palestra em que conta mais sobre as metáforas que podem mudar a vida daqueles que buscam o autoconhecimento. As pistas para iniciar a jornada estão dadas: propósito e conectividade. Sigamos as metáforas!

 

*VALDIZAR PAULA DE ANDRADE  é escritor,  nascido em Saboeiro (CE), especialista em desenvolvimento pessoal e amante das trilhas de longa distância

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A segunda peregrinação de Valdizar Andrade no Caminho de Santiago de Compostela (Fotos: Da Assessoria / Divulgaçã0)